#EconomiaCircular: PopCloset quer minimizar impacto da moda através da reutilização de vestuário

A Economia Circular está, hoje, subjacente em muitas empresas. Produtos sustentáveis, amigos do ambiente e com um ciclo de vida longo são, cada vez mais, uma opção. Há também quem ponha em prática estes conceitos e desenvolva os seus próprios produtos. Com o objetivo de dar “voz” a projetos de cariz sustentável, a Ambiente Magazine irá, todas as semanas, apresentar algumas iniciativas aos nossos leitores e dar a conhecer o que se faz em Portugal nesta área. Esta semana partilhamos o projeto “PopCloset”. 

A PopCloset é um projeto de moda sustentável que fomenta a reutilização de “vestuário” e “acessórios” de qualidade e de autor em segunda mão, possibilitando a sua venda e uma nova vida e, ao mesmo tempo, reduz o “consumo de novos recursos”. Os artigos são selecionados segundo a curadoria de António Branco, editor de moda e criador do projeto que procura “reavaliar” e “redimir” o “impacto causado pela indústria da moda” através de “alternativas e práticas de consumo mais sustentáveis”, nomeadamente a “compra, venda e troca de vestuário e acessórios em segunda mão”. 

Uma vez que a indústria da moda é uma das “grandes responsáveis pela poluição e consumo de recursos do nosso planeta”, António Branco decidiu abraçar um projeto que reduza tal impacto, através do processo de “reutilização de vestuário” em oposição ao “consumo do novo”. Como vantagem, o responsável destaca que a PopCloset oferece, assim, a possibilidade de reaproveitar “vestuário e acessórios” que os clientes “desejam descartar” porque “deixaram de usar” ou porque o artigo já não lhes serve.  Ao mesmo tempo, dá uma segunda vida aos produtos, permitindo que estes voltem a ser utilizados, e proporciona ao cliente a “oportunidade de rever parte do valor gasto inicialmente na sua compra” ou, mesmo, “usá-lo para trocar por outra peça” na loja.

[blockquote style=”2″]Consumo de roupa em segunda mão precisa de ser desmistificado[/blockquote]

Embora comecem a existir projetos de moda sustentável e a surgir, cada vez mais, esforços por parte de algumas entidades privadas em incluir práticas sustentáveis no fabrico industrial, António Branco considera que há ainda um longo caminho : “Está muito no início, e irá levar algum tempo até que muitas das boas práticas sejam adotadas por todos”. Algo que parece indispensável, é uma “política de base sustentável” que seja focada na “educação” e na “divulgação das melhores práticas”, bem como, na “criação de compensações e apoios financeiros” para as empresas que optem por uma “produção mais consciente”, afirma. 

Relativamente à economia circular e utilização, António Branco reconhece que Portugal está num bom caminho, mas, mesmo assim, está um “pouco atrasado” relativamente a muitos países, onde “práticas sustentáveis” já têm sido “apadrinhadas e seguidas” há muitos anos. E no que diz respeito a “lojas de segunda mão” como é o caso da PopCloset, ainda mais atrasado está: “Infelizmente cerca de 70% do nosso negócio ainda provém do Turismo, o que prova que os portugueses na sua maioria continuam a valorizar e a preferir o consumo do novo a outras alternativas”. Na visão do responsável, o consumo de roupa em segunda mão precisa de ser desmistificado: “Muitos portugueses associam a roupa em segunda mão a roupa velha, estragada ou fora de moda, sendo  nesse sentido que lutamos todos os dias para demonstrar o contrário”. 

Quanto ao papel dos líderes políticos em matérias de financiamento, António Branco é perentório: “Poderiam ter um papel muito importante se oferecessem mais apoios a negócios de cariz sustentável e nos ajudassem a divulgar os nossos projetos junto do público como uma mais valia para a sociedade”

Os desafios para o futuro e, tendo em conta o contexto pandémico, são, segundo o responsável “semelhantes” a outras atividades. No imediato, a solução passa, assim, por “encontrar outras formas de comunicar e fazer negócio”, nomeadamente no online, “apostando fortemente na divulgação”, refere.

Qual é o cenário para os próximos 10 anos?  

Julgo que a moda sustentável está em crescimento em todo o mundo e prevejo que daqui a 10 anos se torne uma alternativa viável ao fast fashion, na medidas em que o consumidor se tornar mais consciente do impacto das suas decisões. Comprar em segunda mão traz muitas mais valias para além da redução no consumo de recursos naturais da terra: pode oferecer artigos de melhor qualidade; uma maior originalidade pois na maioria dos casos tratam-se de peças únicas, bem como, a possibilidade de comprar uma peça que estaria fora do seu orçamento por uma fração do seu valor original. Por esse motivo adotamos o slogan: Fashion for Wise People (Moda para Gente Esperta)