Por António Araújo, Administrador EDP Comercial*
A urgência global de caminharmos para um mundo suportado por energia limpa, segura e acessível, tem-se tornado cada vez mais evidente. O ano de 2024 já é considerado o mais quente desde que há registo e os eventos climáticos extremos que temos testemunhado por todo o planeta nos últimos anos reforçam a necessidade de ações decisivas. Esta é uma missão que exige o esforço de todos – empresas, governos e sociedade civil.
O nosso país tem feito um percurso notável no setor das energias renováveis, destacando-se como pioneiro desde o início do século e apresentado um crescimento significativo nos últimos anos. Em 2023, a eletricidade produzida a partir da água, do vento e do sol, representou 61% do consumo de eletricidade em Portugal, um dos rácios mais elevados da Europa. Contudo, apesar das oportunidades e vantagens competitivas de Portugal, ainda temos um longo caminho a percorrer, tornando-se cada vez mais urgente uma verdadeira revolução na forma como produzimos e consumimos energia.
Para acelerar a transição energética, é essencial não só continuar a investir em projetos de larga escala, mas também em projetos descentralizados de autoconsumo, ou seja, energia que é produzida localmente em casas de famílias ou empresas. É fundamental aproveitar todos os espaços disponíveis para instalar pequenas centrais solares descentralizadas — telhados de prédios e moradias, instalações empresariais, coberturas de parques de estacionamento — todos são oportunidades para transformar superfícies subutilizadas em fontes de energia limpa. Só assim conseguiremos democratizar a energia e acelerar a transição para um sistema energético mais sustentável e resiliente.
No entanto, apesar de o sol ser um recurso inesgotável e de já dispormos da tecnologia necessária para o capturar, muitas famílias e empresas ainda não conseguem beneficiar desta energia limpa. As razões variam entre falta de espaço disponível para a instalação de painéis solares ou insuficiência de recursos financeiros para suportar o investimento inicial.
É precisamente neste contexto que os Bairros Solares ganham relevância, ao democratizarem o acesso à energia solar. Este modelo inovador permite que mais pessoas e empresas participem na transição energética, mesmo sem possuírem os meios físicos ou económicos para instalar painéis individualmente. Além disso, os Bairros Solares aceleram a descarbonização e contribuem para uma transformação sustentável no setor energético do nosso país.
Os Bairros Solares são comunidades de Autoconsumo Coletivo onde se produz e partilha energia solar e por isso renovável entre os seus membros. Cada bairro é constituído por produtores e vizinhos. Os produtores, que podem ser uma empresa, um pequeno negócio ou até um prédio residencial, cedem o espaço de telhado ou terreno que tenham livre para a instalação de painéis solares. Essa central solar vai produzir energia limpa para aquele produtor, mas também para vizinhos que se encontrem num raio de quatro quilómetros. Isto só é possível porque o produtor cede espaço que tenha a mais para que a EDP possa instalar uma central de maior dimensão e, com isto, levar a transição energética a mais pessoas.
Assim, os vizinhos – famílias ou empresas que estão perto daquele produtor – têm vantagens com a criação daquela comunidade, beneficiando através de um desconto na eletricidade que autoconsumirem do bairro, apenas por aderirem a esta comunidade sem qualquer custo por isso.
Os Bairros Solares são desenvolvidos pela EDP em Portugal desde 2020, tendo atualmente cerca de 4.440 comunidades contratadas com clientes, com um potencial de adicionarem mais de 150 MWp de capacidade solar a Portugal (o equivalente ao tamanho de 150 campos de futebol cobertos com painéis solares, mas aproveitando telhados sem outra utilidade) e de partilharem benefícios com até 110 mil vizinhos. Para que a transição energética seja justa e envolva cada vez mais pessoas, é fundamental desenvolver comunidades como estas, partilhando os benefícios com famílias e negócios vizinhos.
Destacam-se grandes projetos em desenvolvimento, como a parceria entre o Grupo Fundação AIP e a EDP, responsável pela criação da maior comunidade de energia de Portugal. Com a instalação de mais de nove mil painéis fotovoltaicos ao longo de uma área de 44 mil m², invisível do exterior, nos telhados da Feira Internacional de Lisboa, o projeto tornará os edifícios praticamente autossuficientes durante o dia. Além disso, permitirá compartilhar os benefícios dessa energia renovável com mais de cinco mil vizinhos.
As empresas muitas vezes assumem o papel de produtoras, mas também podem atuar como vizinhas. Recentemente, o Millennium bcp, por ter instalações sem espaço para instalar painéis solares, integrou mais de 130 sucursais como vizinhos de Bairros Solares que já estão em desenvolvimento por todo o país e em que os produtores desta energia são outras empresas, permitindo poupar e beneficiar de energia solar sem instalar painéis.
Qualquer cliente residencial ou empresarial interessado em aderir aos Bairros Solares da EDP, beneficiando de tarifas de energia mais competitivas face aos valores da rede convencional, pode consultar as comunidades disponíveis e obter mais informações no site da EDP Comercial ou através dos canais de atendimento da empresa.
Queremos liderar a transição energética nas quatro regiões globais em que estamos presentes. É por isso que estamos a investir 17 mil milhões de euros na transição energética até 2026, sendo que 2,5 mil milhões de euros serão aplicados em projetos de energia solar descentralizada, para famílias e empresas, dando assim um contributo decisivo para a transição energética.
A EDP detém já uma posição de liderança a nível europeu no domínio de geração solar descentralizada, operando nesta área em 15 mercados a nível global. Em todo o mundo, o grupo EDP já instalou cerca de 2 GWp de capacidade de solar distribuída em clientes empresariais e residenciais e na Península Ibérica, mais de 145 mil famílias escolheram a EDP para instalar painéis solares nas suas casas.
*Este artigo foi publicado na edição 109 da Ambiente Magazine