Eletrificação das frotas vai acelerar agenda da descarbonização com vantagens para os mais rápidos, indica estudo

A eletrificação de frotas deve liderar e dar a maior e mais rápida contribuição para a descarbonização do transporte rodoviário. Esta é uma das conclusões do mais recente estudo da EY e da Eurelectric, partilhado à imprensa.

O estudo – “Accelerating fleet electrification in Europe: When does reinventing the wheel make perfect sense?” – inclui análises que resultam de discussões com líderes dos setores automóvel, público, petróleo e gás, fabrico de baterias, gestão de frotas, leasing e negócios de infraestrutura de carregamento. Além disso, reúne perceções e opiniões, identificando grupos de valores-chave e ações para acelerar e construir soluções de eMobility em escala.

Serge Colle, EY Global Power & Utilities Leader, refere que “eletrificar o transporte é fundamental para a Europa cumprir as suas rígidas metas de emissões e criar um futuro descarbonizado. Começar pela transição da frota abrirá o caminho e gerará novas oportunidades comerciais, incluindo soluções de carregamento de veículos para a rede e veículos elétricos, entre outros. Para conseguir isso, é necessária uma abordagem centrada na frota, tanto por parte dos governos, como da indústria, com o objetivo de remover obstáculos áreas como a criação de padrões comuns e os investimentos. Conquistar os corações e as mentes dos clientes através de uma variedade maior na escolha de veículos e uma experiência de carregamento perfeita também é essencial. No entanto, nenhum setor pode conduzir a transição sozinho – a colaboração entre todos os participantes do ecossistema eMobility é fundamental para alcançar o sucesso”.

De acordo com o estudo da EY e da Eurelectric, em 2020, até novembro, um “recorde de um milhão de veículos elétricos vendidos foi alcançado”, representando “um em cada 10 carros de passageiros vendidos”. Para ambas as empresas, este é um “ponto de viragem decisivo para atingir os volumes de vendas de 30% a 40% de veículos elétricos até 2030”, cumprindo as metas de redução de carbono na Europa.

“Estamos mesmo na dobra de uma curva exponencial. Nos próximos anos, experimentaremos uma turboevolução no setor dos transportes. Este estudo mostra que as frotas de veículos elétricos podem trazer 2 benefícios enormes tanto para os proprietários de frotas como para a sociedade em geral. Alinhar as ambições políticas e as oportunidades comerciais é, por isso, uma obrigação. As políticas direcionadas para impulsionar a procura adicional de veículos elétricos, bem como uma estratégia inteligente para implementação de infraestruturas de carregamento serão essenciais para o sucesso”, refere Kristian Ruby, secretário-geral da Eurelectric.

Necessidade de velocidade

A rapidez com que os países se descarbonizarão determinará os resultados climáticos, de saúde e ambientais nas próximas décadas. De acordo com o estudo, as emissões dos transportes têm aumentado nos últimos três anos e uma diminuição de 65%, ou 10% de poupança anual, é necessária para atingir a meta de redução de 55% na Europa, em comparação com os níveis de 1990.

O estudo identifica que, para atingir tal marco, é essencial acelerar a transição para a eletrificação da frota. Para tal, as empresas defendem “objetivos políticos alinhados com as oportunidades comerciais no sentido de uma regulamentação coesa”; “novos modelos de financiamento para infraestruturas de carregamento pública e privada”; “um novo foco na cadeia de fornecimento ponta a ponta”; “melhorar a confiança do consumidor com a ampliação da infraestrutura física”; e “uma interface digital perfeita do veículo à rede”.

No comunicado, a EY recorda que em Portugal, o Estado dá incentivos de 3 mil euros para a compra de veículos elétricos ligeiros de passageiros e de mercadorias a particulares; as empresas também têm um apoio de 3 mil euros na aquisição de comerciais ligeiros e de 2 mil euros na compra de ligeiros de passageiros.

O setor de frota deve eletrificar primeiro

Embora relativamente pequeno – com 63 milhões de veículos (20% do parque total de veículos da Europa), o setor de frotas da Europa é “desproporcionalmente prejudicial ao meio ambiente”, indica o estudo. O setor é assim responsável por mais de 40% do total de quilómetros percorridos e metade das emissões totais do transporte rodoviário na Europa. Além disso, as lições aprendidas com a aceleração da eletrificação da frota, como o desenvolvimento de modelos de negócios sustentáveis que apoiem o investimento em infraestrutura de carregamento e a integração da capacidade de carregamento inteligente, permitirão que o mercado secundário e mais amplo de veículos de passageiros faça uma transição mais rápida.

O estudo destaca quatro fatores principais que vão apoiar uma primeira fase de transição da frota:

  • As frotas terão que mudar para tipos de veículos alternativos ao longo do tempo, já que os padrões de emissões de CO2 restringem as vendas de veículos não elétricos.
  • Os veículos poluentes da frota são proibidos em mais de 300 grandes cidades europeias que operam com zonas de baixa emissão, pelo que a alternativa é pagar uma penalidade ou mudar para EV.
  • Os veículos da frota tendem a viajar em rotas regulares e a cobrir uma distância diária bastante consistente. Têm destinos e escalas fixos, que podem ser combinados com os carregamentos.
  • O custo total de ter EV está a atingir rapidamente o mesmo nível do dos veículos com motor de combustão interna. Os incentivos e os subsídios podem preencher lacunas, enquanto serviços e manutenção reduzidos, bem como poupanças significativas de combustível, justificam a eletrificação da frota em termos económicos.

O emergente ecossistema eMobility

Assim como acontece noutros setores em transformação, todo um ecossistema de apoio começou a desenvolver-se para acelerar a transição do eMobility. Tal inclui soluções inovadoras para o cliente e propostas de valor acrescentado para impulsionar a adoção generalizada do eMobility.

De acordo com a EY, os fornecedores de energia, por exemplo, já estão a criar parcerias com operadores de soluções de carregamento de VE e empresas de leasing, e as fabricantes estão a juntar-se a concessionárias de serviços públicos, criando os seus próprios negócios de leasing. Ou seja, há vários conjuntos de novos e já estabelecidos players na indústria que estão a trabalhar de forma colaborativa para ganhar a confiança dos clientes e aprimorar sua experiência geral ao nível do eMobility, refere a empresa.

O estudo da EY e da Eurelectric identifica assim oportunidades dentro deste ecossistema, como a “gestão de rede”, as “soluções de alimentação”, o “carregamento de veículos elétricos”, a “gestão de frota”, a “gestão de veículos e baterias”, as “soluções de fim de vida da bateria”, o “financiamento” e a “gestão de dados”.