Em Almaraz dorme-se bem com o perigo

A uma centena de quilómetros a leste de Castelo Branco há uma aldeia chamada Almaraz. Fica na província espanhola de Cáceres, junto ao Tejo e seria um “pueblo” igual a tantos outros, não fosse o caso de ter uma central nuclear com 35 anos de vida e um historial de pequenos incidentes que a colocam, segundo os ambientalistas portugueses e espanhóis, na categoria de bomba-relógio. Se explodir, vai afetar Portugal, refere o Expresso.

A existência da central rende a Almaraz dois milhões de euros em subsíduos e impostos diretos e indiretos. Parte das verbas serviu para construir a piscina municipal, o pavilhão desportivo e o Centro Cultural, que fica paredes-meias com a sede do “ayuntamiento”.

Em Almaraz funcion a “omertà” ou a lei do silêncio, critica Francisco Castejón, físico nuclear e membro do Movimento Ibérico Antinuclear. “A comarca recebe milhões e pode aplicá-los onde quiser, até a asfaltar duas vezes a mesma estrada, o que lhe dá um poder tremendo sobre os cidadãos naquela que é a forma mais antiga de caciquismo”, acusa. E se os subsídios para o município são avultados, maiores são os lucros da central, que com os custos amortizados, arrecada limpos mais de 161 milhões de euros por ano, segundo contas dos ambientalistas.