Empresas europeias ignoram principais focos das emissões poluentes nas estratégias de descarbonização, diz estudo

Um novo estudo da Capgemini Invent e da CDP,From Stroll to Sprint: A race against time for corporate decarbonization, revela que há uma tendência crescente entre as empresas europeias relativamente à transparência e aos seus compromissos com a descarbonização.
A declaração das emissões junto do CDP aumentou 56% nos últimos três anos. No entanto, as empresas enfrentam ainda o desafio de definirem ações que tenham impacto sobre os pontos mais críticos das emissões e apenas 37% das emissões Scope 3 são atualmente abrangidas pelas medidas de descarbonização.
O estudo analisou as estratégias de descarbonização das empresas de 17 setores de atividade na Europa e a forma como estas evoluíram entre 2019 e 2022.
Fosso entre transparência e ação mantém-se

A esmagadora maioria (92%) do tipo das emissões reportadas pelas empresas europeias em 2022 pertencem ao Scope 3. A utilização dos produtos vendidos (57%) e dos bens e serviços adquiridos (17%) são os principais pontos críticos. A declaração das categorias de Scope 3 junto da CDP registou um aumento de 28% em 2022, e por comparação com 2019.

Quase metade das metas de redução das emissões foram aprovadas pela SBTi

O estudo conclui que 47% das empresas declararam ter metas absolutas de redução das emissões aprovadas pela SBTi – 14% em 2019. No entanto, as metas absolutas aprovadas pela SBTi correspondem apenas a 13% do total das emissões de gases de efeito estufa declaradas pelas empresas à CDP em 2022. O que reforça a necessidade urgente de as empresas com maior impacto nas emissões definirem metas de redução robustas e alinhadas com o objetivo dos 1,5°C.

A definição de objetivos net zero credíveis ainda está numa fase muito incipiente apesar da sua rápida adoção. Apenas 8% das empresas estabeleceram metas net zero aprovadas pela SBTi e 14% tem a validação das suas metas pendente. Embora o número de empresas que presta declarações à CDP tenha crescido significativamente, 23% ainda não tinha estabelecido os seus objetivos de redução das emissões em 2022.

Roshan Gya, CEO da Capgemini Invent explica que “à medida que as empresas procuram atingir as suas metas net zero, é imperativo que estabeleçam objetivos de curto e longo prazo para monitorizarem as suas jornadas de descarbonização. As novas tecnologias, como o hidrogénio verde (hipocarbónico) e a eletrificação dos processos, terão de ser implementadas em grande escala. O que passa por uma mudança das políticas regulamentares e por uma abordagem inovadora”.

Potencial das energias renováveis

Em geral, as empresas estão a fazer progressos na redução do impacto ambiental das suas operações, com uma diminuição de até 40% nas emissões dos Scope 1 e Scope 2. Atualmente, os setores que dependem da eletricidade têm mais oportunidades do que os outros de descarbonizar o seu cabaz energético e de se protegerem das flutuações dos preços do mercado da energia.

Em 2022, as energias renováveis corresponderam a menos de um terço da energia utilizada na grande maioria (70%) dos setores analisados. O que significa que ainda há uma redução significativa das emissões a alcançar através da aquisição de energias renováveis.

Ação em matéria de sustentabilidade não prejudica competitividade

À medida que as organizações adotam cada vez mais ações de descarbonização como parte das suas estratégias de sustentabilidade, os dados divulgados à CDP revelam que estes investimentos não impediram a capacidade de crescimento dos seus volumes de negócios.

Entre 2019 e 2022, as emissões reportadas nas categorias de Scope 1 e 2 diminuíram em média 14% na maioria dos setores, enquanto as receitas aumentaram 8%.