Empresas nacionais não têm talento necessário para implementar estratégias de ESG

A grande maioria das empresas nacionais (91%) considera não dispor atualmente do talento necessário para conseguir implementar as estratégias de ESG (Environmental, Social e Governance). Esta é uma realidade que está em linha com o cenário global, onde 94% dos empregadores afirmam enfrentar a mesma realidade.

Estes dados fazem parte do estudo “The Search for ESG Talent“, desenvolvido pelo ManpowerGroup, que avança que, para responder à escassez de talento relacionada com ESG, “45% das empresas em Portugal pretendem recrutar novos profissionais”. Por outro lado, “41% pretendem fazer o upskill dos seus trabalhadores e 24% consideram acrescentar novas responsabilidades em ESG às funções atuais da sua equipa, com 23% a contarem ainda recorrer a consultores externos na matéria”.

Também, a nível global, “52% das empresas apostam no reskilling e 39% pretendem acrescentar novas responsabilidades em ESG aos seus profissionais”. Por sua vez, “o número das que pretendem recrutar é inferior (41%)”. Estes dados indicam que, na sua maioria, as organizações pretendem optar por construir o talento internamente e acreditam que as iniciativas de ESG podem ser realizadas pelas suas equipas atuais.

No que respeita às áreas para as quais as empresas pretendem recrutar, Governance é referida por 38% dos empregadores nacionais, Ambiente por 35% e o impacto Social por 33%, indica o estudo.

“Espera-se, por parte das organizações, uma maior atenção e recursos direcionados à ação Ambiental, impacto Social e Governance, o que se reflete na necessidade de mudança e adaptação da própria da força de trabalho”, afirma Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal, acrescentando que “ao mesmo tempo, e muito embora as métricas ambientais e de governo corporativo estejam bem estabelecidas, há ainda necessidade de alinhar em torno do que as organizações querem identificar como métricas “sociais”. Como o recurso mais sustentável, acreditamos que o emprego net-zero emergirá como a principal característica social de uma estratégia ESG responsável e um dos principais focos de atuação das empresas”.

Três das cinco funções mais procuradas em ESG pelas empresas estão ligadas ao pilar do Ambiente

Quando questionadas sobre as funções que pretendem recrutar, três das cinco mais referidas pelos empregadores dizem respeito à área de impacto Ambiental: “68% dos inquiridos a nível nacional referem cargos em Ambiente, Saúde e Segurança, 44% relacionados com Sustentabilidade Corporativa e 38% com Reciclagem ou Gestão de Resíduos”. À lista das funções mais citadas, juntam-se ainda as de impacto social, como as relacionadas com Saúde e Bem-estar e com Diversidade e Inclusão, escolhidas por 49% e 35% dos empregadores, respetivamente. Por fim, em Governance, os cargos dizem respeito a Ética e Compliance e a Cibersegurança, ambos referidos por 24% das empresas.

43% das entidades nacionais têm objetivos de ESG identificados e 39% estão a planear uma estratégia de ação

As entidades em Portugal mostram-se cada vez mais preocupadas com esta temática, com apenas 6% das empresas a não pretenderem lançar uma estratégia de ESG e não terem objetivos definidos, valor inferior ao do global (11%). Neste sentido, a nível nacional, 43% têm já objetivos de ESG identificados e calculados e 39% das entidades portuguesas estão a planear, identificar e a desenvolver objetivos a longo prazo e estratégias para os desafios ESG.

Em Portugal, as empresas de Grande Dimensão são as mais avançadas neste tópico, com 21% a ter já desenvolvido estratégias e incluído os progressos de ESG no seu relatório anual, e 52% a terem objetivos de ESG identificados e calculados.

O foco dos programas ESG está no pilar de impacto Social

Quando questionados sobre o principal foco dos seus programas ESG, 36% das empresas nacionais apontam a preocupação Social como a mais importante, seguindo- se 31% que consideram a questão Ambiental e, com menos frequência, a dimensão de Governance, destacada por apenas 10%. Esta tendência é semelhante à registada globalmente, em que o Impacto Social é o foco de 37% das empresas, seguido pela dimensão Ambiental (29%) e por Governance (15%).

Estas prioridades variam por setores e, no território português, as empresas do setor da Produção Primária, que engloba atividades como a agricultura, pescas e recolha de resíduos, são as que mais se focam nos objetivos ambientais, com 52% dos empregadores a referir este objetivo, seguindo-se 38% dos empregadores do Setor Industrial e 36% do Comércio Grossista e Retalhista. Por outro lado, 50% das empresas do setor Financeiro, 47% da Restauração e 36% da Indústria têm como prioridade o seu impacto Social. Nenhum dos setores analisados assume a dimensão de Governance como o seu principal foco.

Relativamente aos principais motivos que vêm impulsionar a adoção de programas de ESG, o estudo aponta que 43% dos líderes portugueses apontam a redução de custos como o principal motivo, seguindo-se motivações relacionadas com o cumprimento da regulação, escolhida por 40%. Por fim, também o impacto na capacidade de atração de talento da empresa é uma motivação para 37% das inquiridas, traduzindo uma crescente consciencialização da importância que o propósito da empresa e o alinhamento com os valores da empresa assumem, hoje, para candidatos e trabalhadores.

A nível global, a redução de custos deixa de ser a principal motivação, superada pela preocupação com o cumprimento da regulação, fator apontado por 40% das empresas. A diminuição de custos surge a seguir, mencionada por 36% das organizações, bem como a temática da atração de talento, por 34%.

O estudo entrevistou mais de 40 700 empresas, em 41 países e territórios. Os resultados completos do The Search for ESG Talent podem ser consultados aqui.