ENEG 2023: “Dá muito trabalho garantir o bem da água da torneira”

Vera Eiró, Presidente do Concelho de Administração da ERSAR, foi uma das oradoras na grande mesa-redonda do ENEG 2023, intitulada “Grito pela Água”, onde foi discutida a atualidade do setor das águas e do saneamento, mas também o que se pode fazer no futuro para contornar os problemas identificados.

Durante a sua intervenção, a responsável evidenciou uma situação preocupante, tanto para o setor como para os próprios consumidores de água, que pode colocar em causa a saúde pública – há consumidores que não aderem à rede pública de abastecimento de água, optando por usar a água do seu poço ou furo: “é uma questão grave porque não beneficia de controlos sucessivos” e, por isso, “dá muito trabalho garantir o bem da água da torneira”.

Existem vários casos destes em Portugal e a situação leva à criação de duas redes de abastecimento paralelas, que incorrem na problemática de “misturarem a água e isso implica um risco para a rede pública”.

“Se temos água para gerir, há questão de governança”

Desta forma, Vera Eiró relembrou que a ERSAR, enquanto entidade reguladora, partilha de recursos e capacidade técnica para apoiar as entidades gestoras, mostrando-se “agnóstica na gestão pública ou privado”, pois apenas “queremos serviços de qualidade”, frisou.

A presidente do Conselho de Administração da ERSAR defendeu ainda a empresialização dos serviços como única forma de “garantir a tarifa e arrumar a casa”, pois “não se permite investimento sem tarifas adequadas”.

E num último ponto, em relação ao futuro do setor, explica que “vamos ter de produzir água, mas só a podemos pôr numa rede que não tenha perdas”, pois, daqui a uns tempos, a água dessalinizada (projeto que está a avançar no Algarve) “vai ser cara”.

O ENEG 2023 decorreu de 27 a 30 de novembro, no Multiusos de Gondomar, com área de exposição, mesas-redondas e vários momentos de comunicação sobre a atualidade e os desafios do setor das águas e do saneamento.

[Fotografia: Facebook APDA]