ENEG 2025: “Investimento para digitalizar uma infraestrutura tem de ser justificado”
Durante o ENEG 2025, a mesa-redonda “A Revolução da Digitalização: Desafios e Oportunidades na Exploração e Gestão do Setor da Água” trouxe para a conversa diferentes entidades como a Águas de Portugal, a Indaqua, a REN e o Politécnico da Guarda, para debater o futuro tecnológico do setor.
António Cruz, Diretor de Sistemas de Informação da Águas de Portugal, começou por defender que a digitalização “deve ter valor acrescentado” e deve apoiar, por exemplo, na resiliência operacional e na cibersegurança. Posto isto, garantiu que a empresa que representa tem feito várias “evoluções tecnológicas” para garantir estas coisas.
No entanto, apontou alguns constrangimentos à digitalização do setor, como a falta de recursos humanos adequados para determinadas funções.
Já Eduardo Barbot, COO do grupo Indaqua, representante de um ativo privado, explicou como a “digitalização acelerou processos”. “Na Indaqua somos muito focados em dados e temos um sistema de gestão exatamente baseado nesses dados” – isto serve para atendimento ao cliente, como para a definição de padrões e de modelos preditivos para facilitar decisões.
“Através da digitalização [incluindo a inteligência artificial] de todos os nossos processos, conseguimos agir de forma mais rápida”, garantiu, acrescentando que é preciso atentar ao facto do setor das águas ser muito heterogéneo e que há entidades gestoras a ritmos diferentes.
Por sua vez, Rafael Aranha da REN, que representou aqui o setor energético, mostrou como se pode ir buscar bons exemplos aos outros setores e reaplicá-los para novos casos de sucesso. No que respeita às tecnologias, o orador frisou que “o investimento para digitalizar uma infraestrutura tem de ser justificado”, seja porque aumenta a segurança ou porque reduz custos a longo prazo.
Também na sua intervenção, Rafael Aranha defendeu a necessidade de mais recursos humanos especializados, porque “a digitalização pode mudar o modelo de negócio” e torná-lo mais eficiente e lucrativo.
No que respeita à cibersegurança, Pedro Pinto, responsável desta área no Politécnico da Guarda, de forma geral falou da falta de investimento neste segmento, incluindo no setor das águas, este que trabalha muito com sistemas antigos que não suportam novos aplicativos/ferramentas.
O orador enalteceu, no fim, a importância da “literacia e sensibilização para a proteção digital”.
O ENEG 2025 está a decorrer até 21 de novembro, no Europarque, em Santa Maria da Feira, e a Ambiente Magazine é media partner deste evento organizado pela APDA.