Energia na era digital: quem ganha o quê?

A fatura energética de grande parte dos consumidores domésticos e dos pequenos negócios poderá reduzir-se de forma significativa dentro de poucos anos. Uma boa notícia que é o resultado da feliz conjugação de três inovações tecnológicas em curso, refere o Expresso. A primeira resulta da massificação da microgeração usando fontes renováveis, geralmente painéis solares. A segunda inovação está relacionada com as novas baterias domésticas que permitem o armazenamento eficaz de energia. Por último, os operadores e distribuidores de energia estão a acelerar a democratização da rede elétrica inteligente (smart grid), após uma fase de ensaios-piloto.

“Portugal está no pelotão dos países mais avançados no ensaio de redes elétricas digitais e inteligentes”, defende António Feijão, responsável pela área de energia na Cisco Portugal. Mas o responsável desta multinacional americana, que deverá ter um papel importante na infraestrutura tecnológica das smart grids, admite que ainda “há um longo caminho a percorrer até que toda a rede elétrica portuguesa esteja digitalizada”.

Este processo iniciou-se em 2007 quando a EDP Distribuição lançou o projeto Inovgrid, para associar à gestão da rede à inteligência própria das tecnologias de informação. As chamadas smart grids permitem aos operadores detetar problemas técnicos e solucioná-los muito mais rapidamente.

Segundo a EDP, há já mais de sete mil controladores em postos de transformação que comunicam com os terminais de supervisão da rede de distribuição. E todos os postos de transformação têm telecontagem.

As redes elétricas vão deixar de ser meras redes de distribuição e vão tornar-se bidirecionais, em que a informação vai circular através de uma rede IP. Para o consumidor, esta digitalização irá permitir a telemetria e a venda da energia excedentária à rede (microgeração) ou o seu armazenamento em baterias.

Ao nível dos produtores e distribuidores de energia, a smart grid também vai permitir controlar as subestações da rede de forma a otimizar a gestão das fontes de energia (renováveis vs convencionais).

Outra consequência da digitalização, antevê António Feijão, é o aparecimento dos chamados operadores over the top (OTT), especialistas na gestão da rede elétrica inteligente que vão atuar com novos modelos de negócio em áreas onde os operadores históricos não estão preparados.