Num contexto global marcado por incertezas políticas e económicas, a sustentabilidade torna-se, cada vez mais, uma prioridade. A recente flexibilização das regulamentações ambientais nos Estados Unidos da América, com um maior incentivo à produção de combustíveis fósseis, levanta preocupações sobre o impacto destas decisões a nível mundial. Perante este cenário, as empresas e organizações enfrentam o desafio – e a responsabilidade – de adotar práticas que conciliam rentabilidade com o compromisso com os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG).
Reconhecendo esta necessidade, a ERA Group, consultora especializada em otimização de custos e processos, identifica quatro áreas onde a integração de princípios ESG pode permitir a inovação, a eficiência e a fidelização dos clientes.
1 | Sustentabilidade em toda a cadeia de abastecimento
A adoção de energias renováveis e outras fontes alternativas de consumo energético, bem como a incorporação da circularidade em toda a cadeia de produção, são estratégias eficazes para minimizar desperdícios, reduzir a pegada ambiental e melhorar a eficiência operacional das empresas. Optar por veículos elétricos na logística ou reciclar e reaproveitar produtos são exemplos práticos de como a sustentabilidade pode ser integrada em diferentes etapas do processo produtivo. As comunidades de energia renováveis e o armazenamento descentralizado podem também ser peças-chave para um impacto positivo no mercado, tanto a nível ambiental quanto ao de competitividade e reputação. Além disso, as empresas que escolhem parceiros e fornecedores alinhados com os mesmos valores e práticas ambientais ganham vantagens competitivas, pois conseguem reforçar a confiança e lealdade dos clientes e otimizar os custos operacionais através de práticas mais eficientes.
2 | Responsabilidade social abrangente
Adotar práticas de trabalho justas, promover a diversidade nas equipas e garantir condições de trabalho flexíveis, seguras e equitativas para todos os colaboradores deve tornar-se parte integral da cultura organizacional. Da mesma forma, as empresas devem priorizar uma relação transparente e ética com os diferentes stakeholders – garantindo assim que as práticas de uns estão alinhadas com os valores dos outros – que promova confiança mútua e contribua para a construção de parcerias duradouras. Mais do que o cumprimento de requisitos legais, as empresas devem integrar a responsabilidade social como parte estratégica para gerar impacto positivo nas comunidades e no meio ambiente. A transição para uma economia verde é uma oportunidade com potencial para gerar até 24 milhões de novos postos de trabalho até 2030, segundo a Organização Internacional do Trabalho. No entanto, para garantir a sustentabilidade e resiliência no mercado laboral, é essencial que se invista na formação e qualificação dos colaboradores, promovendo um trabalho mais justo e equilibrado.
3 | Otimização de processos e monitorização regular
A implementação de auditorias regulares e a exigência de relatórios de sustentabilidade aos fornecedores e parceiros são processos essenciais para garantir uma maior governança e a monitorização contínua da cadeia de operação. Além disso, as empresas que acompanham regularmente os processos e práticas ESG implementadas conseguem identificar oportunidades de melhoria e adequar, de forma ágil e eficiente, a sua resposta às necessidades do mercado. Esta visão permite às organizações direcionar recursos para áreas estratégicas que aumentam a sua competitividade e aceleram a implementação de práticas mais sustentáveis, garantindo uma gestão eficiente sem comprometer os seus princípios de sustentabilidade. Priorizar critérios integrados na taxonomia europeia é também crucial, pois esta fornece um quadro claro para classificar e medir atividades sustentáveis, orientando a transição para modelos de negócio mais verdes e resilientes. Além disso, a implementação de práticas de ESG pode mesmo ser incluída como fator de ponderação no acesso a financiamento e apoios.
4 | Progresso sustentável acelerado pela tecnologia
Tecnologias como o blockchain e a Inteligência Artificial (IA) desempenham um papel crucial na sustentabilidade das empresas ao proporcionarem soluções mais eficientes, transparentes e ágeis. O blockchain permite rastrear produtos e componentes em tempo real ao longo da cadeia de valor, garantindo maior transparência e confiança para consumidores e stakeholders. A IA oferece vantagens significativas, como a otimização de processos, uma gestão de stocks mais eficiente e ágil, e uma maior capacidade de prever tendências e hábitos de consumo, o que contribui para a redução de desperdícios e, consequentemente, da pegada de carbono. Quando combinadas com outras tecnologias, essas soluções não só aprimoram a sustentabilidade, mas também proporcionam uma vantagem competitiva, evidenciando o compromisso das empresas com práticas responsáveis e inovadoras.
João Costa, country manager da consultora, afirma: “o tecido empresarial tem uma responsabilidade crucial na promoção de práticas ESG que gerem resultados financeiros positivos e consolidem a reputação de marcas e produtos junto de cidadãos e consumidores cada vez mais exigentes. Este ano, marcado por novos protagonistas, desafia as empresas a encararem a sustentabilidade como uma exigência estratégica, e não como se de uma moda passageira se tratasse. Sem mudanças abrangentes e consistentes em todos os setores, as organizações não serão capazes de cumprir o seu papel. A implementação de práticas ESG deve ser interpretada à luz de uma mudança estrutural e contínua, com o potencial de contribuir para um mercado mais competitivo e resiliente”.