ESGRA: Portugal tem de dar um “salto qualitativo no desenvolvimento da atividade de gestão de resíduos urbanos”

“Só através das parcerias é que podemos ter um melhor desenvolvimento, com resultados de sustentabilidade que sejam visíveis”. Este foi o ponto de partida para Carla Velez, Secretária-Geral da ESGRA – Associação para a Gestão de Resíduos, abordasse os progressos registados no setor dos resíduos nos últimos anos. A responsável esteve esta segunda-feira, 9 de maio, no “VII Encuentro Internacional de Tecnologías Ambientales”, promovido pela APEMETA – Associação Portuguesa De Empresas De Tecnologias Ambientais.

Começando por destacar aquela que é a missão da ESGRA, Carla Velez relembra que o setor dos resíduos é um serviço essencial e fundamental e, por isso, a Associação procura promover os interesses dos seus associados no âmbito da atividade de gestão e tratamento, bem como o desenvolvimento estratégico, investigação e valorização de recursos que elevem Portugal como território de desenvolvimento económico e ambientalmente sustentável. Na União Europeia, a ESGRA é parceira da Municipal Waste Europe, uma associação que representa o setor de gestão de resíduos urbanos de responsabilidade pública: “Permite-nos ter uma intervenção formal, uma participação e uma interação ao nível da elaboração da legislação e da partilha de comunicação, bem como uma troca aberta experiências”.

Olhando para a evolução do país, Catarina Velez destaca o salto qualitativo de Portugal entre 1995 e 2005, com a erradicação de 341 lixeiras a céu aberto, no âmbito do enquadramento na União Europeia e em prol do cumprimento da legislação ambiental, algo a que todos os Estados-Membros foram forçados: “Foi uma evolução muito grande na gestão de resíduos urbanos, assim como infraestruturar o país, dotando-o de instalações e equipamentos que permitiram ser capazes de tratar e recolher todos os resíduos produzidos”.

“a digitalização dos sistemas e o seu funcionamento em rede permite a monitorização e acompanhamento de toda a atividade e agilidade de processo”

Este salto foi também acompanhado de progressos tecnológicos, onde se passou a ver cada vez mais sistemas com alguma sofisticação: “Portugal é dotado de 30 Estações de Triagem de Resíduos; 6 Unidades de Tratamento Mecânico, 19 Unidades de Tratamento Mecânico e Biológicos; 5 Estações de Tratamento Biológico mas apenas dedicadas aos biorresíduos; 5 Unidades de Produção De Combustíveis Derivados de Resíduos; 2 Centrais de Valorização Energética de Resíduos por incineração na zona de Lisboa e Porto; e 34 Aterros”, enumerou a responsável, chamando a atenção para a necessidade de voltar a haver um “novo empenhamento”, tal como existiu com as lixeiras, no sentido de se dar um “salto qualitativo no desenvolvimento da atividade de gestão de resíduos urbanos” e se cumprir metas: “Portugal produz cinco milhões de toneladas de resíduos todos os anos e tem uma fração residual de resíduos que não são valorizados: apesar das estações/unidades de tratamento mecânico biológico terem sido concebidas para reduzir a deposição em aterro, ficaram aquém ao nível de resultados e da quantidade que permite desviar de aterro”. O país, segundo Carla Velez, continua a “depositar mais de 50% dos resíduos que produz, sendo que, em 2035, só se poderá depositar em aterro até 10% da produção total de resíduos urbanos”.

Ainda sobre tecnologia, a responsável dá nota que a digitalização dos sistemas e o seu funcionamento em rede permite a monitorização e acompanhamento de toda a atividade e agilidade de processo: “Aguardamos ainda o novo investimento de 600 milhões de euros, de modo a que se possa dotar estas infraestruturas de melhorias, mas também criar novas soluções que permitam ao sistema de gestão de resíduos urbanos atingir um novo patamar de desenvolvimento e resultados, de forma a alinhar-se com aquilo que são as metas ditadas pela Comissão Europeia e a que nos vincula enquanto Estados-Membros”, frisou.