Especialistas elaboram novo Plano Nacional de Promoção à Proteína Vegetal

A ASPEA (Associação Portuguesa da Educação Ambiental), a associação ZERO, a GEOTA e a Associação Vegetariana Portuguesa lançaram a segunda edição do Plano Nacional de Promoção à Proteína Vegetal, de forma a chamar a atenção do Governo para a falta de ação para incentivar a produção e o consumo de proteínas de base vegetal, como as leguminosas.

O Plano integra o projeto Proteína Verde e é constituído por 15 recomendações políticas, além de desafiar o país a atingir metas ambiciosas de sustentabilidade ambiental e a ter uma abordagem transparente e clara no que toca ao impacto do sistema alimentar no meio-ambiente e ecossistemas, sustentada por um compromisso governamental de longo prazo.

Algumas novidades presentes nesta segunda edição passam pela referência e análise ao novo quadro legislativo europeu para um Sistema Alimentar Sustentável, e como Portugal se pode aqui enquadrar, pela proposta de reforma do programa de leite escolar, pela criação de uma “Estratégia Nacional de Nutrição” e por uma maior aposta na educação ambiental ao nível dos conteúdos curriculares.

Na União Europeia, a agricultura é responsável por 10,3% das emissões de gases de efeito estufa e quase 70% dessas provêm do setor animal. Por sua vez, em Portugal, o consumo de alimentos representa 30% da pegada ecológica do país, sendo que mais de metade desta se deve ao consumo de carne e peixe.

Uma transição alimentar que permita um maior consumo de fontes de proteína de base vegetal (como feijão, grão-de-bico, tremoço, fava) beneficiaria os ecossistemas e libertaria milhares de litros de água e hectares de solo para o restauro da natureza.

Além disso, as políticas governamentais influenciam hábitos e contextos alimentares e, por isso, devem promover dietas saudáveis entre a população: “uma maior predominância da dieta de base vegetal pode gerar poupanças na ordem dos milhares de euros em custos com a saúde”, afirma Joana Oliveira, coordenadora do projeto Proteína Verde e vice-presidente da Associação Vegetariana Portuguesa.

Entre as medidas propostas no Plano, está a ampliação do apoio aos agricultores para cultivo de leguminosas, consideração dos custos ambientais na concessão de apoios públicos à pecuária, maior e melhor disponibilização de refeições de base vegetal nas cantinas públicas, anulação da taxa de IVA para todas as leguminosas, atualização das diretrizes alimentares nacionais oficiais e criação de programas que incentivam o cultivo de leguminosas para jovens agricultores.