Estatísticas Agrícolas confirmam “efeitos desastrosos de décadas de más políticas”, acusa CNA

As “Estatísticas Agrícolas 2022”, divulgadas pelo INE, confirmam “os efeitos desastrosos que décadas de más políticas tem feito recair sobre o setor”, é o primeiro alerta da CNA (Confederação Nacional de Agricultura).

Confirma-se uma quebra acentuada no rendimento da atividade agrícola (-11,7%), em termos reais, face ao ano anterior, impulsionada pela diminuição do Valor Acrescentado Bruto (-8,7%) e pelo aumento dos custos de produção (+23,7%), levando a que tudo o que os agricultores precisam para produzir fique “muito mais caro”.

As notícias não são boas para os agricultores, sobretudo os pequenos e médios que têm sentido de forma brutal os aumentos dos custos de produção, sem reflexos compensatórios no preço a que vendem a sua produção, mas também para os cidadãos, para a economia nacional e para a segurança e soberania alimentares do país.

“As bandeiras políticas do Ministério da Agricultura e do Governo, do produzir para exportar para equilibrar a balança comercial e de, simultaneamente, ir reduzindo anualmente a dependência externa, não só não obteve os apregoados objetivos como agravou a situação do país”, acusa a CNA.

Portugal está cada vez mais dependente do exterior para alimentar a população e o grau de auto- aprovisionamento desceu em produções essenciais como a carne ou o leite. A dependência do exterior em cereais mantem-se em níveis altos (80%) situação mais preocupante se considerarmos que a campanha de cereais de Inverno de 2022 foi a pior de sempre.

O défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agro-alimentares agravou-se em 1.374,5 milhões de euros e atingiu o valor mais elevado deste século (-5.222,8 milhões de euros), sendo o crescimento anual de 35% também o mais elevado desde 2000.

Os apoios, anunciados chegam tarde e “quando chegam deixam os mais pequenos de fora”, diz ainda a confederação, “a somar, os cortes previstos no PEPAC para a pequena agricultura e a perda de apoios decorrente da confusão de um PEPAC mal concebido pelo Governo em nada contribuirão para a necessária recuperação de rendimento”.