Estudo aponta recomendações para a sustentabilidade do setor das águas em Portugal

O estudo “Drivers of water utilities’ operational performance – An analysis from the Portuguese case”, de investigadores do CeBER (Centro de Investigação em Economia e Gestão), da Universidade de Coimbra, aponta as recomendações essenciais ao setor da água em Portugal, entre as quais um maior rigor no controlo das perdas de água e a continuidade das práticas de certificação.

Os investigadores Rita Martins e Luís C. Dias e António L. Amaral, focaram-se na “identificação de determinantes do desempenho das entidades gestoras do setor das águas, e por essa via, da sustentabilidade do setor, informações que são importantes para definir ou afinar recomendações operacionais, assim como para estabelecer diretrizes que permitam alcançar os objetivos dos planos estratégicos do setor”.

A equipa analisou dados de relatórios anuais da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), publicados entre 2015 e 2019, que apresentam informações sobre as entidades gestoras em Portugal, dos setores de abastecimento de água potável e do saneamento de águas residuais.

Entre os principais indicadores está “a energia consumida e produzida pelas entidades gestoras, o pessoal alocado, os rendimentos e gastos anuais, o volume de água ou de água residual no sistema, assim como o volume tratado e faturado, as perdas de água potável, a reutilização de águas residuais tratadas e o volume de lama gerado”, revelam.

Paralelamente, os autores analisaram fatores potencialmente relevantes para explicar o desempenho das entidades nos referidos indicadores, nomeadamente “a dimensão da entidade, a política de certificação, a tipologia e modelo de gestão da entidade, a abrangência de condutas ou coletores e práticas de reabilitação, e o cumprimento de parâmetros de qualidade da água potável ou da água residual tratada”.

A análise revelou três resultados:

  1. a importância da dimensão da entidade gestora nos indicadores operacionais (permitindo obter ganhos de escala).
  2. a influência do pessoal alocado e das perdas de água sobre os gastos das entidades.
  3. o papel essencial que as maiores entidades atribuem a uma política de certificação (ambiental, de saúde e de segurança operacional).

O conjunto de recomendações desta investigação encontra-se alinhado com “as orientações do Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), da Secretaria de Estado do Ambiente”, nomeadamente no que diz respeito “à agregação de entidades de menor dimensão, assim como com algumas medidas de eficiência previstas, que passam pela redução das perdas de águas, aumento do controlo de gastos e da alocação de pessoal, e práticas de certificação de qualidade”, adiantam os investigadores.

Para o futuro, sublinham a importância de “aprofundar algumas relações entre o modelo de gestão, a tipologia das estações de tratamento e a política de certificação”, em prol do desempenho das entidades gestoras e da sustentabilidade do setor.

Crédito fotografia: UC | Ana Bartolomeu