Estudo comprova “falta de comprometimento” das empresas com a sustentabilidade

É certo que a Covid-19 trouxe desafios inimagináveis às diversas economias de todo o mundo. Mas, a pandemia, tornou também evidente e clara a importância da sustentabilidade, enquanto fator competitivo para uma empresa. Para ter uma perceção sobre o tema sustentabilidade e como é que as empresas encaram este conceito após vários meses de pandemia, a Aliados Consulting, juntamente com a Porto Business School, apresentaram as conclusões gerais do “Estudo de Impacto da COVID-19 na Sustentabilidade”.

O inquérito, segundo Inês Santos Silva, co-founder da Aliados Consulting, foi feito a empresas de vários setores, tentando-se perceber também qual a relação que as entidades têm com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

Quando questionadas sobre a importância da sustentabilidade, 48,7% das empresas (inquiridas) consideram o conceito muito importante. Mas, quando a pergunta vai mais a pormenor, “56,4% das empresas não têm uma estrutura de governança formal” para a questão da sustentabilidade e “53,8% não tem departamento e equipa dedicada à sustentabilidade”. Por outro lado, “43,6% não têm um orçamento dedicado à sustentabilidade”, diz a responsável, concluindo com isto que “há reconhecimento da importância mas não há comprometimento” por parte das entidades.

Relativamente às medidas que as empresas têm adotado no âmbito da sustentabilidade, o estudo indica que a “redução do desperdício”, as “emissões de CO2” ou os “recursos” estão dentro das prioridades da maioria: “Quando olhamos para estas atividades podemos dizer que são as ações Sustentabilidade 1.0, isto é, uma fase muito inicial daquilo que é preciso daqui para a frente”, refere. 

Quando se olha para o futuro, o estudo dá nota que “48.7% das empresas consideram que a importância da sustentabilidade vai aumentar no pós-Covid-19”. Por seu turno, “41% das entidades não antecipam que o seu orçamento dedicado à sustentabilidade seja alterado”, mas “22,8% ainda não sabem”, diz a responsável. Ainda assim, mais de metade das empresas inquiridas (63,7%), acreditam que a sustentabilidade será um fator competitivo no pós-Covid-19: “Fica claro perceber que as empresas antecipam que a importância da sustentabilidade será maior depois da Covid-19”, precisa.

O estudo dá ainda conta que “47,4% não adotaram medidas  com impacto na sustentabilidade” devido à Covid-19, e dos “42,1% que afirmaram tomar medidas”. Inês Santos Silva refere que as medidas estão relacionadas com a conjuntura que se vive, nomeadamente na “redução de viagens”, no “social support”, na “inovação tecnológica” ou na “redução de energia”. Por fim, “74,36% das empresas afirmam estar  preparadas para o mundo pós-Condid-19” no que diz respeito à sustentabilidade.

Como notas finais, Inês Santos Silva salienta que o termo sustentabilidade assume grande importância para as empresas, dando nota, contudo, da necessidade de haver equipas dedicadas às questões ambientais e que sejam capazes de implementar medidas corretas e, ao mesmo tempo, com impacto positivo no planeta. Além disso, a responsável destaca o paradoxo que existe: “Há falta de comprometimento mas há reconhecimento da importância” da sustentabilidade. Esta realidade é a prova de que faltam “mapas” orientadores às empresas para saberem quais os passos a dar e, ainda, deixarem de pensar na sustentabilidade como uma “ameaça” mas, sim, como uma “oportunidade”, sublinha. Em suma, as “empresas precisam de mais incentivos financeiros ou não financeiros para perceberem o caminho que têm que fazer”, remata.

A apresentação do estudo decorreu no Fórum “What’s Next, Intelligent Growth: A new roadmap for sustainable prosperity for all” promovido, esta quinta-feira, na rede social Linkedin da Porto Business School.

*Foto: Porto Business School