Estudo prevê que 17% da população europeia está em grande risco de escassez de água até 2050

Até 2050, 17% da população europeia enfrenta um elevado risco de escassez de água, o que poderá afetar 13% do PIB da Europa. À medida que os riscos aumentam, quatro dos rios mais importantes da Europa registam níveis mínimos recorde. A conclusão é de uma nova análise dos cenários climáticos e socioeconómicos do Water Risk Filter da WWF que mostra que a Europa será cada vez mais propensa a secas e escassez de água.

Estes dados, divulgados pela ANP | WWF, apontam para a necessidade de tomada de medidas urgentes pelos Governos e empresas para aumentar a resiliência das sociedades e economias, particularmente através de soluções baseadas na natureza.

“As secas na Europa não devem chocar ninguém: os mapas de risco da água há muito que apontam para um agravamento da escassez em todo o continente. O que nos deve chocar é que os governos, empresas e investidores europeus continuam a fechar os olhos aos riscos de escassez da água, como se estes riscos se resolvessem sozinhos”, refere Alexis Morgan, Water Stewardship Lead da WWF, alertando para a necessidade de “uma ação urgente para mitigar os riscos da água, particularmente investindo em soluções baseadas na natureza para melhorar a saúde dos rios, lagos e zonas húmidas da Europa”.

Para Rúben Rocha, Coordenador de Água na ANP|WWF, “em Portugal, como nos demais países de clima mediterrânico, a situação de seca meteorológica é cada vez mais intensa devido às alterações climáticas. Este cenário é agravado com a diferença na distribuição e consumo de água de Norte a Sul do país, que traz dificuldades acrescidas e exige uma grande capacidade de adaptação no que concerne à identificação e adoção de medidas necessárias para que o consumo de água seja feito de forma sustentável. Sabemos que a agricultura é responsável por  cerca de 75% do consumo de água em Portugal, valor muito superior à média europeia (aproximadamente 25%) e maior do que a média mundial (70%), devido a práticas agrícolas insustentáveis, que exigem medidas urgentes e muitas vezes impopulares do ponto de vista político”.

Por outro lado, a análise aponta que, os rios da Europa estão, atualmente, a sofrer as consequências do calor, com quatro dos rios mais importantes do continente – “Danúbio, Pó, Reno e Vístula” – a enfrentarem “recordes nos seus níveis mínimos, ameaçando os negócios, a indústria, a agricultura e até mesmo o abastecimento de água potável às comunidades”. Os rios saudáveis são fundamentais para a “construção de resiliência e adaptação dos impactos das alterações climáticas”, mas “60% dos rios da Europa estão, atualmente, pouco saudáveis, apesar da obrigação legal da diretiva-quadro da União Europeia sobre proteger e restaurar ecossistemas de água doce e assegurar que todos atinjam um bom estado até 2027”, indica a análise.

Os riscos hídricos têm sido apontados há muito tempo como um dos maiores riscos para a sobrevivência da economia. “Todas as empresas e investidores devem avaliar os seus riscos atuais e futuros no domínio da água e responder coletivamente para construir negócios mais resilientes – reduzindo os riscos para as suas operações e ativos, bem como para as comunidades em todo o continente”, reforça Alexis Morgan, Water Stewardship Lead da WWF.