#Expoflorestal: “Uma oportunidade” de partilhar conhecimento sobre a fileira

Os três dias da Expoflorestal ficam marcados pela “dinâmica e muitas visitas” ao stand do Centro PINUS. Quem nos diz é Susana Carneiro, diretora Técnica do Centro PINUS, que considera a presença no certame como uma “oportunidade” de falar com as pessoas sobre a fileira florestal, transmitindo e recebendo informação e, ao mesmo tempo, divulgar a atuação desta Associação: “É ainda uma oportunidade de fazer e manter contactos entre os parceiros do Centro PINUS”.

Quando se fala em “valor” da floresta, Susana Carneiro considera ser algo “subjetivo”, ou seja, “há uma vertente económica” com esta fileira a desempenhar um grande impacto na criação de emprego e ao nível de exportação: “É um valor muito grande”. Depois, há o “valor emocional” que cada proprietário deposita em determinada produção que faça: “Ainda hoje, um produtor me dizia: eu adoro o meu pinhal porque adoro as aves  e as plantas que lá tenho e ninguém me tira isso”, exemplifica. Acresce ainda o valor ambiental, com Susana Carneiro a dar o exemplo da importância do pinheiro-bravo em “colonizar solos muito pobres e degradados: o pinheiro-bravo é das poucas espécies que consegue sobreviver e, em simultâneo, criar riqueza, produzindo madeira e resina e, com isso, desempenhar serviços de proteção e criação de solo, aumentar a infiltração da água ou atrasar a ida de água para rios”. Em suma: “Há uma biodiversidade que habita os pinheiros-bravos”, sucinta.  

Falando em barreiras, a diretora Técnica do Centro PINUS considera que o Pinheiro-Bravo enfrenta desafios transversais a toda a floresta, estando relacionados com as alterações climáticas: “O aumento do número de incêndios e de pragas e doenças é um bom exemplo disso”, refere. A este desafio, soma-se a “dificuldade em organizar os pequenos proprietários”, tornando-se difícil criar “escala de rentabilidade”, sendo útil para a competitividade: “Ainda assim, a pequena dimensão não deve ser um impedimento, pois faz com que o proprietário precise de investir menos e, parcelas mais pequenas faz com que o incêndio não deflagre muitas parcelas”, refere. Ainda há o risco da “percepção: as pessoas não vêem que o pinheiro-bravo  tem um valor muito grande”. O facto de se tratar de uma “fileira diversificada e complexa”, torna-se mais difícil de conhecer e explicar: “As pessoas ficam pelo mais básico e, muitas vezes, percepções negativas prejudicam muito o pinheiro-bravo, levando à inação”, constata.  

Uma das missões do Centro PINUS é, precisamente, contrariar tal percepção negativa: “Queremos mostrar que há soluções, que é uma cultura muito interessante e, sobretudo, que precisamos de uma floresta diversificada, onde há lugar para todas a espécies”. E deve ser essa a “visão estratégica” dos produtores florestais, não ficando “dependentes apenas de um mercado”.

Mas o pinheiro-bravo tem ainda o valor da resina natural que, numa altura de descarbonização, desempenha um papel fundamental: “A resina natural do pinheiro-bravo substitui a resina que é produzida a partir de combustíveis fósseis”, sustenta. 

A Expoflorestal é uma das maiores feiras que, em três dias, junta toda o setor em prol da floresta. A edição deste ano, tal como nas anteriores, decorreu entre os dias 27 e 29 de maio, em Albergaria-a-Velha, em Aveiro.