Falta de apoio financeiro é um dos desafios das PMEs europeias para alcançarem circularidade

Foi lançado esta segunda-feira, 31 de janeiro, um relatório sobre a implementação da Economia Circular nas PMEs europeias. O Relatório Cross-KIC intitulado “Implementação da Economia Circular nas PMEs Europeias” teve o apoio da aceleradora de startups portuguesa Building Global Innovators (BGI) e da Universidade Católica Portuguesa, tendo juntado seis Comunidades de Conhecimento e Inovação (KICs).

No âmbito do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), estas seis comunidades – EIT RawMaterials, EIT Climate-KIC, EIT Digital, EIT Food, EIT Manufacturing e EIT Urban Mobility – visam cumprir uma das principais iniciativas estratégicas da União Europeia: “contribuir para uma economia eficiente em recursos e neutra em emissões de carbono, conhecida como Economia Circular”, lê-se numa nota.

O relatório tem como principal objetivo detalhar os principais obstáculos e desafios encontrados pelas Pequenas e Médias Empresas (PMEs) europeias na melhoria da eficiência dos seus recursos para alcançar a desejada circularidade. Alguns dos desafios identificados foram, entre outros, a falta de “cultura ambiental das empresas”, de “apoio financeiro” e de “capacidade de integrar legislação adequada nos seus modelos de negócios”.

Geograficamente, de acordo com o relatório, foi também possível observar que as startups europeias revelaram ter maior foco na Economia Circular (3%) do que as startups norte-americanas (2%) e as startups localizadas na Ásia-Pacífico (1%), o que resulta dos esforços realizados pela União Europeia em direção à circularidade. A perspetiva futura passa agora por aumentar a proporção de startups preocupadas com esta questão, facilitando-lhes o acesso a incentivos e fundos monetários.

Após a análise dos indicadores que medem a Economia Circular na Europa, constatou-se que há uma “grande quantidade de financiamento disponível para PMEs”, bem como uma “variedade de fundos públicos e privados disponíveis para atividades de Economia Circular”. Apesar de existir um montante significativo de financiamento para as empresas, uma proporção significativa delas ainda depende do autofinanciamento, destaca o relatório.

O relatório revela ainda que, apesar de menos de 50% das atividades de apoio às PMEs realizadas pelas KICs estarem relacionadas com a Economia Circular, as competências e as capacidades conjuntas destas comunidades são capazes de resolver as barreiras enfrentadas pelas PMEs e apresentar abordagens específicas à circularidade. Em concordância com essa ideia, as startups entrevistadas para o estudo afirmaram que as KICs estão a contribuir para melhorar as práticas de Economia Circular, atribuindo-lhes uma pontuação de 6,9 numa escala de 1 a 10.

Após as conclusões, o relatório partilha várias recomendações para o futuro, nomeadamente, o “alinhamento das empresas com os princípios de Economia Circular e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”; a “capacitação e conscientização das mesmas sobre estes princípios através de formações e workshops”; a “medição e monitorização do progresso das PMEs na Agenda EC-ODS”; e a “vinculação dos objetivos das empresas aos incentivos”.

Destas recomendações, destaque ainda a “promoção de parcerias entre PMEs e outras organizações para a elaboração de projetos circulares no contexto europeu”; e a “criação de redes de apoio onde as PMEs possam partilhar as melhores práticas e aprender umas com as outras”.