Ferramentas SaaS: ESG sem complicações
Por Footprint Consulting
Nos últimos anos, a pressão regulatória e do mercado sobre as empresas para adotarem práticas de sustentabilidade cresceu exponencialmente. Contudo, em 2025, o cenário europeu de reporte ESG vive um momento paradoxal: a CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) deveria já estar a impor relatórios detalhados a milhares de empresas, mas sucessivos adiamentos na sua implementação prática criaram frustração e incerteza.
A Omnibus de 2025, que avaliou a perceção das empresas, mostrou claramente esta ambiguidade: todos reconhecemos a inevitabilidade da transição regulatória, mas criticamos a falta de clareza, os custos de adaptação e a morosidade dos Estados-Membros em operacionalizar regras concretas. O resultado é um ambiente de espera, em que muitas empresas adiaram investimentos em equipas e ferramentas ESG, enquanto investidores e clientes continuam a exigir dados transparentes e comparáveis.
É precisamente neste contexto que as ferramentas SaaS de ESG ganham protagonismo. Estas plataformas digitais permitem medir, analisar e reportar emissões de carbono e métricas de sustentabilidade de forma automatizada, mesmo antes da obrigatoriedade plena da CSRD. Em vez de encarar ESG como um custo, as empresas que recorrem a estas soluções já obtêm benefícios claros: redução de desperdícios energéticos, maior eficiência logística e ganhos de reputação junto de financiadores.
Olhando em frente, a tendência é inequívoca: inteligência artificial e big data vão transformar o reporte ESG em algo contínuo e preditivo. Dentro de poucos anos, será possível prever emissões futuras com base em padrões de consumo e logística, permitindo às empresas agir proactivamente em vez de apenas reagirem.
Para o futuro próximo, duas mensagens ficam claras:
- O atraso da CSRD não deve ser visto como uma desculpa para inação. Pelo contrário, as empresas que se antecipam estarão em vantagem competitiva quando a obrigatoriedade for finalmente implementada.
- O mercado financeiro e os consumidores já estão a premiar quem tem métricas sólidas. Bancos, investidores e clientes continuam a exigir dados ESG para concessão de crédito, seleção de fornecedores e decisão de compra.
Sem dúvida, pois, que o ano de 2025 ficará marcado pela frustração com os atrasos da regulação, mas também pela consolidação das ferramentas SaaS como a solução prática para empresas que não querem perder tempo.
A resposta crescente para este dilema tem sido o uso de ferramentas SaaS especializadas em ESG. Estas plataformas permitem às empresas medir, analisar e reportar as suas pegadas de carbono e métricas ambientais de forma automatizada, seguindo padrões internacionais como o GHG Protocol, a ISO 14064 e as recomendações da Science Based Targets Initiative (SBTi). Além disso, estas soluções geram relatórios auditáveis e prontos para submissão a órgãos reguladores, reduzindo drasticamente o risco de erros humanos e garantindo consistência na informação.
O impacto prático das ferramentas SaaS transcende a conformidade legal. Com efeito, as empresas que adotam estas ferramentas, conseguem identificar desperdícios energéticos, otimizar operações logísticas e reduzir custos operacionais de maneira concreta. Um exemplo internacional é o caso da Unilever, que implementou uma plataforma digital para medir a pegada de carbono de seus fornecedores em mais de 70 países. A empresa não só conseguiu reduzir emissões significativas no Scope 3 (emissões indiretas dos seus fornecedores) como também identificou oportunidades para otimizar processos de produção e transporte, resultando em reduções de custos (até 12% em algumas categorias).
Outra vantagem é a adaptabilidade das plataformas SaaS. Empresas de qualquer tamanho podem implementar soluções sem a necessidade de infraestrutura interna complexa ou departamentos dedicados exclusivamente a ESG. Por exemplo, a empresa portuguesa Footprint Consulting, especializada em medir e reportar pegadas de carbono, permite que as PMEs integrem dados dos fornecedores, automatizem relatórios anuais e recebam recomendações práticas para reduzir emissões em tempo real.
Especialistas do Global Forest Watch e da Sustainable Hospitality Alliance indicam que nos próximos cinco anos será possível prever emissões futuras, permitindo ajustes proativos antes mesmo que os relatórios sejam gerados. Além disso, a tendência de auditorias digitais contínuas permitirá que empresas demonstrem conformidade em tempo real, e não apenas de forma retroativa, transformando ESG em um ativo estratégico e competitivo.
Um estudo da Green Central Banking mostrou que instituições financeiras que exigem métricas ESG para concessão de crédito reportam reduções significativas de risco financeiro em portfólios com empresas sustentáveis. Ou seja, ESG não é apenas uma questão regulatória: é uma ferramenta de competitividade, eficiência operacional e fortalecimento de reputação.