Fraca recolha de frigoríficos usados causa elevado Potencial de Aquecimento Global

Os gases de refrigeração utilizados nos frigoríficos possuem, muitos deles, um elevado Potencial de Aquecimento Global (PAG), sendo que, em 2020 foram libertadas 78,6 toneladas de gases de refrigeração a que correspondem 226 mil toneladas de CO2eq. Estes números fazem parte de um estudo feito pela associação ZERO para assinalar o Dia Internacional dos Resíduos Elétricos que se comemora esta sexta-feira, 14 de outubro.

O estudo centrou-se nos gases de efeito de estufa emitidos em 2020, em resultado da não recolha adequada dos gases de refrigeração contidos nos frigoríficos usados.

Segundo o estudo, em 2020, apenas foram recolhidos e encaminhados para tratamento adequado 27,8% dos frigoríficos descartados nesse ano. Esta situação leva a que o gás de refrigeração contido na espuma e nos compressores dos equipamentos não recolhidos acabe por ser libertado para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global

Por outro lado, cerca de 40% dos frigoríficos que chegam às empresas de tratamento já não possuem compressor (motor), sendo que em muitos dos casos os compressores contêm pouco ou nenhum gás, uma vez que possuem os circuitos exteriores danificados.

Gás libertado pelos frigoríficos equivale ao impacte climático de 2,6 milhões de viagens de automóvel ida e volta entre Lisboa e o Porto

A baixa taxa de recolha de frigoríficos, associada ao roubo dos compressores, levou a que em 2020 tenham sido libertadas 78,6 toneladas destes gases a que correspondeu a emissão de 226 mil toneladas de CO2eq, ou seja, o equivalente aos gases de estufa libertados em 2,6 milhões de viagens ida e volta de um carro a gasolina entre Lisboa e o Porto.

De acordo com a ZERO, esta situação de má gestão dos frigoríficos usados deve-se essencialmente a três razões:

  • Maioria dos comerciantes não recolhe o frigorífico velho quando entrega um novo;
  • Ecovalor pago por quem coloca os frigoríficos no mercado é insuficiente para cobrir os custos de recolha e tratamento;
  • Falta de fiscalização das empresas que recebem ilegalmente frigoríficos usados.

A isto soma-se o facto de as autoridades ambientais não terem tido a “capacidade” ou a “vontade” de fiscalizar os sucateiros que ilegalmente continuam a receber frigoríficos usados. “O problema é que esses sucateiros aproveitam apenas os metais dos frigoríficos, mas não procedem à extração e tratamento dos gases de refrigeração que estão na espuma e no motor desses equipamentos e que acabam, assim, por ser libertados para a atmosfera com o inerente impacto negativo em termos de clima”, refere a ZERO.

A Associação ambiental recorda que já tinha proposto aos anteriores responsáveis pelo Ministério do Ambiente um “método de fiscalização destas ilegalidades barato e eficaz”, o qual consistia na “realização de ações de fiscalização junto das empresas que recebem os metais provenientes dos sucateiros para trituração (os fragmentadores) e assim, através da identificação das origens das chapas metálicas de frigoríficos que aí chegam, seria possível saber quais os sucateiros que estão a enviar essas chapas para o fragmentador, podendo deste modo as autoridades ambientais atuar junto dos prevaricadores”.