Fundação Yves Rocher volta a distinguir mulheres portuguesas nos prémios Terre de Femmes

A 11.ª edição dos prémios Terre de Femmes da Fundação Yves Rocher realizou-se no dia 18 de fevereiro, no Clube Universitário do Porto, e distinguiu três mulheres, com um valor total de 18.000€. A iniciativa visa “apoiar e dar visibilidade a projetos de mulheres portuguesas na área do ambiente, no qual se comprometem a apresentar soluções sustentáveis e a trabalhar diariamente para uma pegada ecológica mais positiva”, refere a organização em comunicado.

Helena Antónia Silva, com o projeto “Vintage for a Cause” foi a grande vencedora desta edição, tendo arrecadado um donativo no valor de 10.000€. A segunda contemplada, recebendo um donativo no valor de 5.000€, foi Mariana Valério, com o projeto “Bô Energia”. Ana Pêgo, com o projeto “Plasticus Maritimus” foi a terceira laureada, arrecadando um donativo de 3.000€.

A atriz Anabela Teixeira recebeu uma menção especial com o projeto “Voltar À Terra”, que sensibiliza o público para as questões ambientais.

1.ª classificada – Helena Antónia Silva, Vintage For a Cause

“Vintage For a Cause” é uma marca de economia circular, com propósito de inclusão social e empoderamento feminino através do upcycling de roupa. O projeto surgiu em 2012 com o objetivo de produzir moda feminina revivalista a partir de roupa usada e desperdícios da Indústria Têxtil criando designs exclusivos, em colaboração com diferentes designers. Para minimizar o impacto da indústria da moda no ambiente, no final de vida das peças, as mesmas são recolhidas de forma a reduzir o número de peças produzidas no atelier (vendendo as peças que ainda estão em bom estado como artigos de segunda mão), reutilizar (transformando-as em novas peças) ou reciclar (através de parcerias).

Além da vertente sustentável, o projeto tem um forte impacto social através do programa de capacitação From Granny to Trendy. Para a “Vintage For a Cause”, a idade é uma mais valia. Por essa razão, desenvolveram um programa de inclusão social de mulheres acima dos 50 anos, assente em ateliers de costura.

A iniciativa pretende preencher a lacuna existente nas atividades ocupacionais que são oferecidas às mulheres que estão fora da vida ativa e que não se sentem enquadradas nas respostas tradicionalmente oferecidas. Como resultado, promovem novas competências, preservam o meio ambiente e a partilha de novas experiências e conhecimentos, através de um modelo de interação que promove a inclusão social de forma criativa.

Com a duração de 9 meses, este programa apresenta 4 fases:

  • Sessão Fotográfica Profissional, de um outfit selecionado pelas participantes;
  • Conjunto de 12 sessões de costura, com conteúdos sistematizados e adequados a qualquer nível de conhecimento de costura. Tem como objetivo estimular técnicas de reaproveitamento e transformação de roupa, onde as participantes devem transformar o outfit selecionado na primeira fase;
  • Sessão Fotográfica Profissional de Moda, das participantes com a peça transformada;
  • Desfile de Moda e exposição fotográfica, que servirá de mote para um momento de sensibilização e discussão de todas as temáticas associadas.

Desde o início do projeto, “Vintage for a Cause” já contribuiu para uma poupança de cerca de 1.000 Kg de desperdício têxtil, 3.000.000 Litros de água e 7.000 Kg de Dióxido de Carbono. Com o Prémio Terre de Femmes pretendem criar uma Pop Up Store que contemple workshops de sensibilização.

2.ª classificada – Mariana Valério, Bô Energia

O “Bô Energia” foi um projeto criado por Mariana Valério, em 2016, com o objetivo de apresentar uma alternativa energética à população de São Tomé e Príncipe, capaz de reduzir a desflorestação ilegal e a poluição proveniente das queimadas. Mariana apresentou assim os briquetes, uma solução energética que conduz à redução do uso de combustíveis fósseis (nomeadamente de carvão), com benefícios económicos e ambientais, que proporcionam uma melhor qualidade de vida às populações.

Este projeto começou a ser pensado em 2012, quando Mariana se deparou com um estudo que indicava que a serradura representa 6,5% do lixo produzido em São Tomé e Príncipe. Este material, utilizado para a produção de briquetes, tem um enorme potencial energético gerado pela produção de madeira, podendo ser utilizado como alternativa ao carvão.

Com este projeto, a vencedora do 2.º prémio pretende sensibilizar para os riscos inerentes à utilização dos combustíveis fósseis e possibilitar a criação de uma nova fonte de rendimento aos produtores e vendedores de carvão. O donativo recebido será utilizado na construção do centro de produção de briquetes em São Tomé e Príncipe.

3.ª classificada – Ana Pêgo, Plasticus Maritimus

Com a paixão pela literacia dos oceanos, Ana Pêgo criou, em 2015, um projeto de educação ambiental com o nome de “Plasticus Maritimus”. O foco principal do projeto centra-se na temática do plástico nos oceanos e tem como objetivo ensinar e sensibilizar para esta problemática, de forma lúdica e artística, sem nunca perder o cariz científico, através da criação de arte com o plástico recolhido nos oceanos e areais.

O que começou por ser um projeto pequeno viu a sua notoriedade aumentada com a criação de uma página de Facebook, em 2015, e com a publicação do livro “Plasticus maritimus, uma espécie invasora”, no ano de 2018. O mesmo, que conta já com 3 edições, encontra-se no Plano Nacional de leitura, estando a ser traduzido para várias línguas.

O donativo recebido no valor de 3.000€, vai permitir o aluguer de um espaço para armazenar material e a compra de material tecnológico.

Menção Especial – Anabela Teixeira, Voltar à Terra

Anabela Teixeira já há muito que demonstra uma enorme paixão por seguir um estilo de vida sustentável, no seu “Voltar à Terra”. Como forma de continuação de todo o projeto desenvolvido, Anabela pensa em transpor as suas ideias para o grande ecrã com a produção de um filme/documentário “Voltar à Terra”.

O projeto tem como objetivo estimular a troca de ideias e de dinâmicas no que diz respeito às questões ambientais e na sua conexão com o mundo artístico e cívico. Através da arte pretende despertar e consciencializar para o uso de alimentação e práticas mais saudáveis e sustentáveis.