Galp: Atividade internacional impulsiona crescimento

A entrada em operação de novas plataformas associadas aos grandes projetos de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil impulsionaram os resultados do ano 2018 da Galp para “um nível em que as atividades internacionais asseguraram mais de 80% dos resultados operacionais”, refere a empresa portuguesa de energia numa nota enviada à imprensa.

O resultado ajustado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) dos 12 meses de 2018 “aumentou 24% em termos homólogos para €2,2 mil milhões, dos quais quase dois terços foram provenientes das atividades de Exploração & Produção (E&P), negócio que em 2017 representou menos de metade do Ebitda total do Grupo”, lê-se na nota.

Esta evolução, segundo a Galp, resultou do aumento de 15% da produção total (working interest), que atingiu um valor médio anual de 107,3 mil barris diários de petróleo e gás (kboepd). A produção net entitlement, líquida de impostos em espécie, progrediu 16% para 105,9 kboepd, com contributos positivos tanto do Brasil, como de Angola.

O aumento da produção reflete a entrada em operação e consequente aumento de produção das unidades flutuantes do tipo FPSO instaladas nos campos de águas ultraprofundas do pré-sal da bacia de Santos, no Brasil, onde a Galp participa, e que contam atualmente com nove unidades instaladas.

A entrada de uma nova unidade do mesmo tipo no Bloco 32, no Kaombo Norte, permitiu que o “contributo de Angola para a produção total da Galp voltasse a ser positivo, mais do que compensando o declínio do bloco 14”.

O valor médio de venda de cada barril situou-se em $62,6 em 2018, contra $47,6 em 2017, contribuindo também de forma significativa para a evolução positiva do Ebitda do E&P.

A Refinação & Distribuição (R&D) registou uma diminuição de 21% do Ebitda anual, para €610 milhões, num ano marcado por paragens programadas em ambas as refinarias para manutenção e instalação de novos equipamentos, que representaram um investimento que, somado ao valor investido na modernização da rede de retalho, totalizou €258 milhões. Este valor compara com €145 milhões em 2017. A conjuntura europeia não ajudou, refletindo-se numa diminuição da margem média realizada, dos $5,8 para os $5,0 em cada barril processado.

Na nota lê-se ainda que as vendas de gás natural “aumentaram 4% em 2018 face ao período homólogo, com o aumento das vendas em trading de rede bem como a clientes industriais, a compensarem a diminuição da atividade de trading de LNG no mercado internacional. As vendas de eletricidade mantiveram-se estáveis”. A unidade de negócio de Gas & Power (G&P) registou assim “um aumento de 4% no Ebitda ajustado, que se situou em €137 milhões”.

No último trimestre de 2018, o Ebitda ajustado do grupo foi de €493 milhões, um aumento de 4% face ao trimestre homólogo de 2017, impulsionado pelo aumento da produção de petróleo e gás, que entre outubro de dezembro se situou num valor médio diário de 113,1 kboepd. O Ebitda ajustado trimestral do negócio de E&P aumentou €44 milhões para €339 milhões. O Ebitda da R&D diminuiu €26 milhões para €118 milhões, enquanto o G&P fechou o trimestre com um Ebitda ajustado de €25 milhões, uma redução de €2 milhões face ao período homólogo.

A Galp refere assim que o “resultado líquido anual ajustado totalizou €707 milhões, 23% acima do que em 2017, tendo aumentado 24%, para €741 milhões, de acordo com as normas contabilísticas internacionais (IFRS). O resultado líquido do 4º trimestre diminuiu €80 milhões em termos homólogos, para os €109 milhões. O resultado líquido trimestral em IFRS foi de €44 milhões”.

Outros indicadores financeiros

O cash flow das atividades operacionais (CFFO), tal como a Galp referiu na nota, foi de €1,6 mil milhões em 2018, com o aumento da contribuição do negócio de upstream a mais do que compensar a redução das margens de refinação internacionais e o investimento em fundo de maneiro de €230 milhões. “O free cash flow (FCF) atingiu €619 milhões em 2018, um aumento face ao homólogo de 11%, e foi €142 m após dividendos”.

“A dívida líquida situou-se em €1,7 mil milhões no final de 2018, menos €162 milhões que no final de setembro, com o rácio de dívida líquida sobre Ebitda em 0,8x”. A proposta de dividendo a apresentar na assembleia geral de acionistas relativo ao ano fiscal de 2018 é de €0,63 por ação, um aumento de 15% em relação ao ano anterior. Em 2018, “o investimento atingiu €899 milhões, incluindo o pagamento de €103 milhões relacionado com as aquisições de novos ativos no Brasil durante o período”. O E&P representou cerca de 70% do investimento total, do qual 65% foi alocado a atividades de desenvolvimento e produção, principalmente no Brasil e no bloco 32 em Angola.

De acordo com a empresa, o “investimento nas atividades de downstream (R&D e G&P) atingiu €267 milhões”.

Outlook 2019/2020

No seguimento da atualização do contexto macroeconómico e operacional, a empresa atualizou os principais indicadores esperados para 2019 e 2020.

A produção total (working interest) deverá aumentar entre 8% e 12% em 2019, enquanto a taxa média agregada de crescimento (CAGR) no período 2018-20 deverá situar-se entre 12% e 16%. O CFFO orgânico deverá aumentar entre 10% e 15% (CAGR 2018-20), com o CFFO do downstream estimado entre os €800 milhões e os €900 milhões por ano, esperando-se que o CFFO do upstream aumente a uma taxa (CAGR) superior a 10% durante o mesmo período.

O Ebitda deverá situar-se entre €2,1 mil milhões e €2,2 mil milhões em 2019 e acima de €3 mil milhões a partir de 2020, crescimento esse impulsionado pela atividade internacional.

O investimento orgânico estimado, segundo a Galp, “é de cerca de €1.000 milhões por ano”.