GlobeScan: Consumidores portugueses não querem produtos que causam desflorestação

A poucos dias da discussão no Parlamento Europeu de uma proposta de regulamento que visa garantir que as cadeias de abastecimento europeias não causam desflorestação e degradação das florestas, uma nova sondagem da GlobeScan para o Meridian Institute, mostra um apoio inequívoco dos cidadãos europeus à nova legislação.

A esmagadora maioria dos europeus, 82%, acredita que as empresas não devem vender produtos que destroem as florestas do mundo e 78% considera que a comercialização de produtos que conduzem à desflorestação deve ser proibida. Quando informados de que o Parlamento da UE está a discutir uma lei neste sentido, o apoio sobe para 81%.

Proteção das florestas é um tema prioritário para os europeus e crítico para os portugueses

A destruição e degradação das florestas é visto pelos cidadãos da UE como o problema ambiental mais preocupante (77%), seguido da poluição da água e do ar (74%). Para os portugueses esta preocupação é ainda mais marcante, com 91% dos inquiridos a afirmar uma preocupação extrema ou moderada.

A sondagem, que decorreu durante o mês de julho, em nove países europeus – Áustria, República Checa, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha e Suécia – mostra que os cidadãos Europeus são a favor de uma legislação robusta para travar a desflorestação mundial provocada pelo consumo na UE.

82% dos europeus considera que as empresas não devem vender produtos que contribuam para a destruição das florestas. Os inquiridos identificam as grandes empresas como as principais responsáveis na proteção das florestas do mundo (46%), a par com os organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), governos nacionais e a UE (respetivamente 44%, 42% e 39%). No entanto, as grandes empresas são identificadas de forma inequívoca como tendo o pior desempenho no cumprimento destas responsabilidades (64% dos inquiridos).

A extração de madeira, a agricultura industrial e o setor da energia são vistos comos os setores que mais contribuem para a desflorestação, sendo que a produção de carne e as rações à base de soja estão entre os quatro produtos considerados mais ligados à desflorestação. O mobiliário e o óleo de palma ocupam o primeiro e segundo lugares respetivamente.

Empresas que contribuem para a desflorestação estão em risco de perder clientes

Para a maior parte dos consumidores europeus é muito ou extremamente importante que as marcas e os revendedores assegurem que os produtos que comercializam não sejam causadores de desflorestação. A sondagem mostra que os consumidores estão preparados para deixar de comprar às empresas que contribuem para a desflorestação (37%) ou reduzir as compras (36%), sendo que um pequeno grupo – 15% daqueles que modificariam o seu padrão de consumo – estaria mesmo preparado para convencer outras pessoas a boicotar estas empresas.

Em Portugal estes valores são ainda mais significativos: 41% deixariam de comprar produtos a estas empresas, 40% iria reduzir as compras efetuadas e 17% neste grupo estaria disposto a convencer outros a boicotar as empresas em causa.

Portugueses e europeus querem uma legislação forte e que vá para além de travar a desflorestação

Esta sondagem indica-nos que 81% dos europeus apoia um regulamento da UE que assegure que os produtos comercializados estão livres de desflorestação, valor que para Portugal abrange 87% dos inquiridos. Constata-se que este apoio é transversal aos eleitores dos maiores partidos políticos da EU e a todos os grupos etários. É ainda de referir que, a preferência por esta legislação está consideravelmente acima da generalidade da legislação europeia.

Oito em cada 10 europeus considera que o regulamento deve ir para além da desflorestação, devendo contemplar a degradação florestal (82% na Europa, 89% em Portugal), englobar outros ecossistemas críticos (83% na Europa, 89% em Portugal) como as savanas e zonas húmidas, incluir restrições ao setor financeiro (82% na Europa, 89% em Portugal) e proteger os direitos dos Povos Indígenas (81% na Europa, 87% em Portugal).

Quando se aproxima o dia em que o Parlamento Europeu deliberará sobre a proposta de regulamento, no próximo dia 13 de setembro, a DECO e a ZERO garantem que vão acompanhar todo este processo, procurando que as medidas a implementar assegurem que os produtos vendidos aos cidadãos na UE sejam verdadeiramente sustentáveis, livres de desflorestação, salvaguardam dos direitos humanos de povos locais e indígenas a milhares de quilómetros de distância.

Neste momento, dizem as associações, em nota de imprensa, cabe aos Deputados Europeus exercer o seu dever de representatividade para assegurar que a nova legislação traduz as expectativas e aspirações dos cidadãos e consumidores europeus, garantindo que os produtos adquiridos diariamente são verdadeiramente sustentáveis, livres de desflorestação e que garantem a salvaguarda dos direitos humanos de povos locais e indígenas, em todo mundo.