GreenFest 2020 quer passar uma mensagem resiliente e de esperança para o futuro

A 13.ª edição do GreenFest está de regresso à Nova SBE (Nova School of Business and Economics) da Universidade Nova de Lisboa, em Carcavelos. Entre os dias 20 e 22 de novembro serão vários os especialistas a partilhar as suas ideias, projetos, experiências ou tendências atuais com cariz sustentável. Este ano, devido ao contexto pandémico que o mundo se confronta, o maior evento de sustentabilidade a nível nacional decorre em formato digital.

À Ambiente Magazine, o mentor e organizador do GreenFest, Pedro Norton de Matos, revelou que o evento vai contar com muitos conteúdos e pessoas inspiradoras: “A dificuldade em muitos horários será escolher quais as atividades a privilegiar, mas tal é próprio de um festival com as características do Greenfest”. Quanto à plataforma digital integrada no festival, o responsável assegura que permitirá uma “experiência rica e diversificada”, podendo o “internauta saltitar” entre diferentes áreas, tal como num evento presencial. 

Quanto às novidades, o responsável destaca que serão “muitos” os conteúdos inovadores e únicos. A título de exemplo, Pedro Norton de Matos realça que, no primeiro dia de evento, os “festivaleiros” vão ter a possibilidade de assistir a alguns duetos entre personalidades relevantes do panorama nacional e internacional, como é o caso de Carlos Moedas e carlos Ratti; Luísa Schmidt e Carlos Pimenta; Miguel Poiares Maduro e George Papaconstatinou. 

[blockquote style=”2″]Temos muito a aprender com a Natureza, que persistimos em destruir[/blockquote]

“Há vida para além do novo vírus” é uma das mensagens que o festival quer transmitir. E, por isso mesmo, serão “muitos os exemplos de resiliência e esperança que serão partilhados” ao longo do evento. Ainda assim, o responsável lembra que, nas últimas dezenas de anos, o mundo já foi confrontado com inúmeros “novos vírus, maleitas e pandemias”, algo que, seguramente, acontecerá nas próximas dezenas de anos. Contudo, atenta Pedro Norton de Matos, a Covid-19 não deixa de ser um “forte alerta” para a questão atual do modelo de desenvolvimento e a forma por vezes “selvagem” de “manipulação” do meio ambiente e “destruição da biodiversidade”. Assim, o tema da “Ecologia, Economia e Saúde”, surge como “muito oportuno” para enquadrar o evento GreenFest, realça. 

Do ponto de vista do responsável, a pandemia da Covid-19 é, também, um “grande ensinamento” que pode “ajudar a transmitir” uma ideia de “vulnerabilidade” e a “diminuir a visão antropocêntrica” e “arrogante” que “sustenta” muitos modelos de desenvolvimento globais: “De facto (o vírus) é inteligente, coloca o mundo em sentido e demonstra com evidência que temos muito a aprender com a Natureza, que persistimos em destruir”.

É com base nesta linha de pensamento que o GreenFest quer “despertar” muitas consciências e “criar movimentos” de cidadania ativa e responsável: “Um ´smart vírus` necessita de ser combatido por ´smart citizens` com garra e esperança”. Questionado sobre o facto da pandemia ser um “entrave” no envolvimento da sociedade para com o meio-ambiente, Pedro Norton de Matos acredita que poderá ser um “risco”, embora esteja, também, associado à “oportunidade” de repensar todo o modelo de prosperidade: “Acredito firmemente que só um modelo que integre equilibradamente os pilares Social, Económico e Ambiental, poderá ser a solução de prosperidade a médio e longo prazo”. 

[blockquote style=”2″]Seria um erro histórico e imperdoável se não soubermos, enquanto comunidade, aproveitar a próxima e decisiva década[/blockquote]

O mentor do GreenFest reforça que, em termos de oportunidades, é tempo de “repensar” e “redesenhar” os modelos de desenvolvimento. E a “educação”, a “investigação” e o “desenvolvimento” são  indispensáveis motores para criar novas possibilidades: “É uma grande oportunidade de implementar os conceitos virtuosos da Economia Circular e Regenerativa, diminuindo drasticamente o desperdício de recursos e seguir as leis da natureza do ´nada se perde e tudo se transforma`” Assim, a questão comportamental é chave: “O nosso modelo de desenvolvimento das últimas décadas trouxe inegáveis ganhos, mas também uma pesada factura e são inúmeras as assimetrias sociais, económicas e ambientais”. Exemplo disso é o “hiperconsumo e economia de desperdício” que “enraizaram hábitos perniciosos e desafiantes de contrariar”, acrescenta. No entanto, há esperança para o futuro: “Acredito que são as novas gerações que poderão mudar o paradigma, até por uma questão de sobrevivência”. E, afirma o responsável, comportamentos repetidos geram hábitos: “É tão fácil ou difícil criar bons como maus hábitos. Basta repetir e imitar o que vemos os outros fazer e muitos deles são os nossos mais próximos”.

Sobre o facto de Portugal estar ou não num bom caminho no que às metas ambientais diz respeito, Pedro Norton de Matos é perentório: “Seria um erro histórico e imperdoável se não soubermos, enquanto comunidade, aproveitar a próxima e decisiva década, com apoios externos de vulto”. Mas no final, “mais do que os políticos que somos nós que elegemos”, acredita ser “os cidadãos e consumidores que podem colocar pressão no sistema” e “operar a urgente mudança”. É certo que “estamos a votar quando colocamos o voto na urna”, mas também, é, igualmente verdade, que o “fazemos no dia-a-dia quando compramos um produto ou serviço”, sustenta. “O nosso voto faz toda a diferença e podemos votar num melhor ambiente”, remata.