INE: O Potencial de Aquecimento Global diminuiu 4,5% em 2018

Em 2018, os principais indicadores ambientais apresentaram decréscimos: o Potencial de Aquecimento Global (-4,5%), o de Acidificação (-2,4%) e o de Formação de Ozono Troposférico (-1,6%), enquanto a atividade económica (medida pelo Valor Acrescentado Bruto) cresceu, em termos reais, 2,7%. Registou-se, assim, uma redução do impacto ambiental com o crescimento económico (situação de dissociação), contrariamente ao que tinha sucedido em 2017.

Estes são os mais recentes números apresentados nas “Contas das Emissões Atmosféricas” para 2018, divulgados esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em 2018, segundo os mesmos resultados, o Potencial de Aquecimento Global (GWP na sigla inglesa), o Potencial de Acidificação (ACID) e o Potencial de Formação de Ozono Troposférico (TOFP) decresceram relativamente ao ano anterior, com especial destaque para o GWP (-4,5%). No mesmo período, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços base cresceu 2,7% em termos reais.

  • Potencial de Aquecimento Global (GWP)

Segundo o INE, o Potencial de Aquecimento Global (GWP) atingiu 66,9 milhões de toneladas de equivalente de CO2 em 2018. As emissões para a atmosfera de Dióxido de Carbono (CO2), Óxido Nitroso (N2O) e Metano (CH4) diminuíram 6,0%, 0,8% e 0,5%, respetivamente, face a 2017. As emissões dos Outros gases aumentaram 4,4%.

Apesar da diminuição verificada em 2018, o GWP ainda se encontra acima dos valores observados em 2013-2014, os mais baixos desde 2010.

Em 2018, à semelhança do que sucede desde 1999, o ramo de atividade económica que mais contribuiu para o GWP foi a energia, água e saneamento (32,2%). Relativamente a 2017, este foi também o ramo de atividade que mais reduziu as suas emissões (-11,4%).

Os dados do INE indicam que os ramos de atividade com mais emissões de Dióxido de Carbono foram a Energia, água e saneamento (16,8 milhões de toneladas), principalmente do ramo energia, e a indústria (14,6 milhões), representando no seu conjunto 61,3% do total das emissões de CO2 para a atmosfera. Agricultura, silvicultura e pesca emitiram as maiores quantidades de metano e óxido nitroso, 75,9% e 48,1% dos respetivos totais.

  •  Indicadores económico-ambientais
    • Intensidade Carbónica da economia e por ramo de atividade

A Intensidade Carbónica da economia quantifica a relação entre as emissões do GWP necessárias para a obtenção de todos os bens e serviços produzidos. O indicador consiste no rácio entre o total nacional de GWP medidos em CO2eq e o PIB.

De acordo com o gabinete estatístico, em 2018, a Intensidade Carbónica da economia portuguesa foi a menor da série em análise, tendo decrescido 7,2% relativamente ao ano anterior. Entre 2010 e 2018, decresceu 6,9%.

Analisando a intensidade das emissões por ramo de atividade, é possível concluir que, como seria expectável, a “diminuição da intensidade das emissões do Potencial de Aquecimento Global em 2018 se deveu, essencialmente, à redução observada na Energia, água e saneamento (-18,4%)”. Contudo, indica o INE, no período compreendido entre 2010 e 2018 a energia, água e saneamento foi o “único ramo que registou um crescimento da intensidade das emissões de GWP (+20,0%)”, em “oposição aos decréscimos observados na indústria (-23,4%), nos Transportes, informação e comunicação (-9,2%), na Construção (-6,9%) e na Agricultura, silvicultura e pesca (-4,5%)”.

    • Dissociação

Apesar do aumento gradual do peso da produção de energia eólica e solar fotovoltaica desde 2005, as Contas das Emissões Atmosféricas indicam que a fonte hídrica continua a apresentar um peso significativo na produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis. Considerando esta característica do sistema electroprodutor nacional, a “dissociação” entre o GWP e o VAB, i.e. decréscimo do GWP com crescimento da atividade económica, é geralmente observada nos anos em que se verificam níveis de pluviosidade normais ou superiores.

O ano de 2018, segundo o Boletim Climatológico Anual, foi um ano normal, em que o valor médio de precipitação total anual foi de 939,9 mm, que correspondeu a cerca de 107% do valor normal. Registou-se nesse ano uma dissociação entre o GWP e o VAB, anteriormente verificado em 2010 e em 2016. Note-se que 2017 foi classificado como um ano extremamente quente e seco, em que o valor médio de precipitação total anual (541,3 mm) correspondeu a cerca de 60% do valor normal.