Inovação no setor da água sim, mas “vamos ter de preparar-nos para pagar mais”

A sexta sessão da Academia da Água, organizada pela APRH (Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos), aconteceu esta quarta-feira, em Lisboa, e debateu vários temas envoltos no setor da água, entre eles o da inovação.

Jaime Belo Baptista da Lis-Water foi um dos oradores do painel “Inovar no Setor da Água” e trouxe para cima da mesa as melhorias necessárias na eficácia, na eficiência, na sustentabilidade e na valorização dos serviços do setor.

Em primeiro lugar, falou da necessidade das pessoas terem o serviço à porta com uma melhor acessibilidade física (sendo exemplos a construção e a renaturalização de infraestruturas pluviais, e a modernização e automação dos serviços). Além disso, mencionou a melhoria da qualidade das águas distribuídas e rejeitadas, e a melhoria da qualidade de água para consumo, sobretudo face aos poluentes emergentes. Noutro ponto da eficácia dos serviços, Jaime Melo Baptista reforçou a necessidade de segurança e resiliência do setor, com reforço e adaptação às alterações climáticas, e ainda a adoção de melhores critérios de subsidiação dos serviços.

Em relação à eficiência, o orador frisou que temos de “ser melhores na governança do setor e na ação dos operadores”, além de uma aposta na melhor estruturação do setor da água. Organização e digitalização são assim as palavras-chave para o sucesso, tendo em conta que mais tecnologia pode ajudar a reduzir as perdas de água e a reduzir as afluências indevidas nos sistemas e águas residuais.

“O dinheiro é escasso, por isso é preciso melhor tomada de decisão de investimento pelos operadores”

Na melhoria da sustentabilidade dos serviços, Jaime Melo Baptista explicitou o aperfeiçoamento das estruturas tarifárias, mais tecnologias de reabilitação de redes (sendo que metade do PENSAARP 2030 é exatamente para isto), e a reutilização e recuperação de recursos.

E face a tudo isto, é, por fim, necessária uma melhoria na valorização dos serviços, onde o orador defende uma “simbiose entre setores para valorização empresarial e económica”. Na base deve estar a promoção da economia circular nas infraestruturas existentes, mas também é fundamental desenhar novos sistemas que já tenham a circularidade no seu ADN.

Para tudo isto, e tendo ainda em conta o reforço da valorização por parte da sociedade para os recursos hídricos e respetivos serviços, Jaime Melo Baptista diz que com estas melhorias “vamos ter de preparar-nos para pagar mais”.

A sexta edição da Academia da Água, organizada pela APRH, realizou-se ao longo desta quarta-feira, dia 10 de abril, no Auditório Agostinho da Silva da Universidade Lusófona, em Lisboa.