Já são conhecidos os três vencedores do e-Waste Open Innovation

O e-Waste Open Innovation nasceu em 2020 e teve como propósito desafiar startups e empreendedores a apresentarem as suas soluções para incentivar a reciclagem e o reaproveitamento de equipamentos eletrónico. Criado em 2020 pela ERP Portugal e pela LG Portugal em parceria com a Startup Lisboa, o projeto assentou em duas fases: uma primeira de captação de candidaturas; e uma segunda de apresentação pública dos projetos selecionados.

Foi na passada quarta-feira, dia 10 de fevereiro, que foram revelados os projetos vencedores do programa:

  • Trash4Goods em primeiro lugar
  • PhoneHu em segundo lugar
  • Byewaste em terceiro lugar

Ana Cristina Carrola, vogal do Conselho Diretivo, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), destacou na sua intervenção a importância de se “alinhar políticas e estratégias” no sentido de responder aos desafios que Portugal enfrenta na reciclabilidade dos equipamentos elétricos e eletrónicos (EEE). E a “boa gestão dos resíduos” de EEE poderá “contribuir significativamente” para tais desafios, defende, tendo em conta, “a dependência do mundo atual digital” e, em simultâneo, “onde a utilização destes dispositivo está sempre a aumentar”. Desta forma, ao reutilizar os EEE “estamos a prolongar o tempo de vida dos equipamentos, mantendo o seu valor por mais tempo na economia” e, ao serem reciclados, “estamos a garantir que estes resíduos estão sujeitos a um tratamento rigoroso” durante o qual são “removidas as substâncias perigosas e recuperados os materiais que poderão ser reintroduzidos nos processos produtivos” resultando numa “diminuição do consumo de matérias-primas”. E para que se possa reciclar tais equipamentos, importa que os mesmos seja “recolhidos em grande escala e em boas condições”, um objetivo que “Portugal tem tido dificuldade em atingir”, atenta. É assim importante, “investir em modelos de recolha” que consigam cumprir os objetivos, “incentivando e sensibilizando o consumidor a colaborar através de ideias inovadoras que promova a sua participação”, afirma.

Um estudo desenvolvido pela ERP Portugal quis perceber quais os desafios e os hábitos de reciclabilidade dos EEE da população em geral. O estudo serviu assim de mote para o surgimento do e-Waste Open Innovatio. De acordo com Rosa Monforte, diretora-geral da ERP Portugal, foram três as linhas orientadores para lançar o desafio: “As pessoas continuam a ter acumulação doméstica não dos grandes equipamentos, mas dos pequenos; as pessoas não sabem onde têm que entregar os EEE; e, por fim, o incentivo”. Por um lado, destaca-se a “necessidade de se estender a utilização destes equipamentos” por outro lado, a “necessidade de incentivar para que as pessoas os entreguem”, refere. O objetivo é assim “conseguir mais resíduos com melhor qualidade para serem descontaminados, tratados e garantir a sustentabilidade daquilo que é a nossa economia e o nosso ambiente”, sublinha.

Já Hugo Jorge, diretor de marketing da LG Portugal, sublinhou que a LG, enquanto produtora de equipamento eletrónico, tem o dever de alertar consciências: “Pode e deve utilizar as suas redes de recursos humanos e infraestruturas globais que tem capacidade para alertar comportamentos e ajudar a inovar à difusão da informação e à implementação de programas de recolha de equipamento eletrónicos para reutilização e reciclagem”.

A avaliação e seleção dos projetos vencedores foi feita por um júri composto por membros da Agência Portuguesa do Ambiente, Direção-Geral das Atividades Económicas, ERP Portugal, Exame Informática, LG Portugal e Startup Lisboa.

Conheça os três projetos selecionados: 

A missão, o conceito e o plano de implementação reuniu o consenso do júri em torno da equipa de jovens universitários do projeto Trash4Goods, que visa sensibilizar e incentivar as pessoas a ter um papel mais ativo na reciclagem, tornando-a mais interativa e recompensadora para o utilizador, ao mesmo tempo que reforça os seus comportamentos ambientais, a transformar em hábitos frequentes. O objetivo de estabelecer um elo de ligação entre marcas e consumidores, através desses mesmos comportamentos sustentáveis, e contribuir para uma economia muito mais circular, chamou a atenção das entidades envolvidas e o projeto termina o desafio de mais de três meses como o grande vencedor do e-Waste Open Innovation.

Criado em janeiro de 2020, na Junitec, a Júnior Empresas do Instituto Superior Técnico, e tendo feito parte do seu programa de aceleração interno, o Trash4Goods pretende criar um sistema de gamificação que permita fazer a recolha de REEE recompensando quem recicla. A solução simples, que integra duas componentes, um módulo portátil e uma aplicação, e a visão da equipa de tentar sempre conseguir abranger a maior quantidade de resíduos possível, maximizando o impacto na reciclagem, foram fatores decisivos na decisão do júri.

Após esta vitória, e o prémio de 15 mil euros, o Trash4Goods terá agora a oportunidade de continuar o seu projeto em parceria com a ERP Portugal e com a LG Portugal e, ainda, ter acesso a um período de três meses de incubação na Startup Lisboa.

Quem também terá acesso a estes parceiros é a PhoneHut, que receberá um prémio de 3.50o euros, enquanto segundo classificado do e-Waste Open Innovation. Esta solução tecnológica inovadora permite a qualquer utilizador reciclar e/ou permitir a recuperação do seu telemóvel através de uma solução Kiosk ATM. Este projeto revelou-se simples e com grande potencial, dado que contribui para a redução da pegada ecológica dos cidadãos, estimulando a entrega destes aparelhos que, tantas vezes, ficam esquecidos ou guardados em casa, não permitindo a recuperação dos materiais que o compõem.

Ao encontrar uma solução PhoneHut, o utilizador conecta o seu dispositivo e terá acesso a um diagnóstico e desinfeção do equipamento. Este diagnóstico indicará qual o valor monetário atribuído ao equipamento, de acordo com os dois destinos disponíveis: a entrega para posterior recolha e reciclagem a cargo da ERP Portugal, ou a retoma para posterior recuperação e comercialização. Dois destinos, um mesmo objetivo: incentivar os portugueses a encaminhar e reciclar o seu lixo eletrónico, o que ainda não é feito por cerca de 34% da população.

  • BYEWASTE – APP PARA LIGAR CIDADÃOS E EMPRESAS DE RESÍDUOS

No terceiro lugar do pódio, recebendo um prémio de 1.500 euros, ficou a Byewaste. Esta plataforma tecnológica, sob a forma de uma app, nasceu em Roterdão, na Holanda, e tem como objetivo aumentar o reencaminhamento e reciclagem do lixo eletrónico doméstico ligando cidadãos e empresas de resíduos através de uma recolha porta-a-porta, cómoda e simples.  Para o efeito, a plataforma recorre a duas ferramentas – a ciência comportamental e a tecnologia – que, por um lado, promovem o reencaminhamento dos REEE junto dos cidadãos, através de incentivos sociais, descontos, e sensibilização ambiental e, por outro, permitem, às empresas de resíduos delinear áreas específicas de recolha para minimizar custos.

A visão deste projeto é estabelecer a Byewaste como uma plataforma sustentável de recolha de lixo eletrónico para Lisboa e contribuir para que a capital seja a primeira cidade inteligente em Portugal no que respeita ao encaminhamento e reciclagem de REEE.