João Galamba: “As cidades precisam mesmo de ser alvo de recuperação” no pós-pandemia

“A importância das smart cities para a economia verde” foi um dos temas que teve em destaque, esta quinta-feira, dia 22 de abril, no “Seminário Empresarial Portugal-África | Exportar “Verde”: A Internacionalização das empresas na era da sustentabilidade”, promovido pela aicep Portugal Global (Agência para o Investimento Comércio Externo de Portugal), em parceria com a CIP (Confederação da Indústria Portuguesa).

“As cidades estão a ter um papel cada vez maior na sociedade com os problemas urbanísticos a ocuparem uma posição central nas agendas políticas nacionais e internacionais”. começou por dizer João Galamba, secretário de Estado da Energia, destacando que o “foco atual é de uma cidade descentralizada, criativa e sustentável que faz uso da inovação e da tecnologia no planeamento e na gestão”.

João Galamba acredita que há uma “total consciência” acerca da valorização e da importância que é dada às cidades e de uma limitação crescente da capacidade coletiva de capturar, perceber e transformar as mesmas: “É neste olhar moderno que tem surgido os conceitos de smart cities”. E apesar de ser um conceito recente (“smart cities”), já se “classificou como um assunto na discussão global” sobre o desenvolvimento: “Atualmente, os países estão a investir milhões de euros em produtos inteligentes e em serviços para sustentar o crescimento económico gerado de uma nova classe média”. Ao mesmo tempo, atenta Galamba, os países desenvolvidos precisam de “renovar” ou “melhorar” as estruturas urbanas para se manterem “competitivos” na procura de soluções: “Mais de metade das cidades europeias com mais de 100 mil habitantes já têm em curso iniciativas de implementação para ser virem a tornar smart cities”.

E quando se fala em “smart cities”, o secretário de Estado da Energia sublinha a importância da energia nessa “transformação”, visto que tem uma “implicação direta na qualidade de vida dos cidadãos”, na “competitividade das empresas”, no “impacto e custo” na economia ou nos fatores de produção, na “gestão de consumo” e na “luta e mitigação de gases de efeito de estufa”.

Aquelas que na visão de Galamba parecem ser as áreas de intervenção para as cidades “smart” se afirmarem assentam, essencialmente, nos edifícios, na mobilidade inteligente, na integração de energias renováveis e limpas em redes inteligentes, na valorização dos recursos endógenos ou na proteção dos recursos naturais: “As cidades podem mesmo ser um agente ativo na descarbonização da economia”.

Nestas matérias, o secretário da Energia destaca que Portugal tem uma “longa estratégia de renovação” com o objetivo de conseguir um grande número de “edifícios verdes” e, assim, “melhorar a eficiência energética” dos mesmos. Além disso, João Galamba sublinha a importância das “comunidades energéticas” que vão permitir tornar os “cidadãos ativos na transição”, bem como da “eletricidade” na luta contra a “pobreza energética”, protegendo assim os “consumidores mais vulneráveis”. Aqui, os municípios, enquanto “agentes locais” têm desempenhado um papel vital: “Os esforços dos municípios e das cidades portuguesas na precursão destes objetivos são notórios e esse reconhecimento é feito através da distinção, por exemplo, da cidade de Lisboa (Lisboa Capital Europeia Verde 2020)”. Também, a “mobilidade inteligente e sustentável” desempenha uma papel fundamental, nomeadamente, para“reduzir as emissões” e, assim, “aumentar os benefícios ambientais” da cidade.

Num momento em que a luta contra a pandemia é o tema central de todas as agendas globais, o secretário de Estado da Energia não tem dúvidas de que as “cidades” precisam mesmo de ser “alvo” de “recuperação” no sentido de serem mais sustentáveis e autosustentáveis: “Este esforço deve ser suportado por objetivos globais de financiamento que estão conectados para captar e atrair investidores”. Assim, no rumo à neutralidade carbónica, João Galamba defende a urgente adoção de um “modelo mais sustentável” para a energia: “Temos que construir inteligentemente e não usar uma abordagem business as usual. Temos que aumentar o desenvolvimento das nossas cidades para uma smart city e, assim, contribuir para um modelo económico mais verde e sustentável”, remata.