João Galamba: Renováveis são “excelente oportunidade e é uma irresponsabilidade não seguir este caminho”

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) e a consultora Deloitte procederam ontem à apresentação de um estudo sobre o “Impacto da eletricidade de origem renovável”, que contou com a presença de João Galamba, secretário de Estado da Energia, cuja intervenção enalteceu a “extraordinária oportunidade” que as renováveis constituem para Portugal e frisou a “irresponsabilidade” que seria não seguir o caminho da energia limpa.

Mais do que uma oportunidade, João Galamba considera que “é uma irresponsabilidade económica para o país não se empenhar neste projeto [das renováveis]”, que consiste na “maior reforma estrutural” que Portugal precisa e pode ter nos próximos anos, com grandes ganhos para todos os setores da economia.

O secretário da Energia considera “absurdo” discutir-se uma possível perda da receita fiscal em prol das renováveis, na medida em que “o nosso modelo fiscal está dependente de importações de combustíveis fósseis” pois com a energia limpa o país enriquece: “Para a mesma receita vamos ter uma carga fiscal menor pela simples razão que parte da receita fiscal incide sobre importações que subtraem ao PIB”.

Toda esta aposta nas energias renováveis vai implicar desafios, no sentido de que “vamos precisar que os impostos sejam reinventados, em outras áreas e com outra base de incidência”, mas o país irá reduzir a sua dependência energética e ter eletricidade mais barata.

João Galamba acrescenta que “mesmo que outros países não façam o que nós estamos a fazer, esta continua a ser uma estratégia económica importante para o nosso país”.

Interligação elétrica entre Portugal e Marrocos

Espanha já questionou a Comissão Europeia (CE) sobre a carbon adjustment tax e o facto de Marrocos continuar a exportar eletricidade produzida nas suas centrais a carvão: “A Europa taxa fortemente o carbono e se os seus vizinhos não taxarem temos um problema sério não só a nível de energia mas em toda a estrutura da economia europeia”, reflete o responsável.

O secretário da Energia assegura que Portugal está a acompanhar a situação de perto, antes de decidir avançar com uma possível interligação elétrica a Marrocos, como Espanha. “Não haverá uma interligação com Marrocos se estas questões não forem resolvidas”, pois não se podem encerrar as centrais a carvão do País, colocando empregos em causa, para depois importar energia de Marrocos que também surge de centrais a carvão.

De recordar que a possibilidade de interligação elétrica entre Portugal e Marrocos está a ser estudada, pela REN em conjunto com a entidade marroquina, e embora o estudo esteja em atraso (era para estar concluído no início do ano), este é “um projeto para a segunda metade da década” caso se venha a concretizar.