Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos trazem conhecimento científico e valor ao setor

O Museu Nacional dos Coches em Lisboa é o palco das 11as Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos (11JTIR), que começaram esta quinta-feira e terminam na próxima segunda-feira, dia 18 de novembro. Sob o tema  “Economia Circular: Novos modelos, novos negócios”, o evento é promovido pela Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental(APESB).

Na sessão de abertura, Carlos Martins, presidente da Comissão Científica das 11JTIR começou por louvar o evento que “em muito tem contribuído para grandes reflexões que o país tem feito em torno daqueles que são os temas em cada momento”, acrescentando que estes são “relevantes para o avanço das nossas políticas públicas setoriais”. Para esta edição, “estão inscritas 200 pessoas”, reforçando “a panóplia de especialistas que existe” e contribuindo para um “conhecimento ainda mais enriquecedor”, acrescenta.

A poucos meses de Lisboa ser a “Capital Verde Europeia”, o responsável realça a importância deste tipo de eventos, destacando que os resíduos são “seguramente uma parte relevante daquilo que é hoje reconhecido do bom trabalho na capital e uma maneira geral em Portugal”, ressaltando o “valor que confere a quem nos visita, vive e trabalha”.

Ao longo destes 11JTIR, Carlos Martins destaca ainda que “não só foram conseguidas pelos elevados padrões de qualidade” mas também pelo “envolvimento de toda a cadeia de valor e saber”, sendo fundamentais para estes momentos. Desde a primeira edição que “percebemos a importância de trazer outras experiências, outros saberes, outros contextos e outras realidades” para que, no final, “o trabalho seja frutuoso”. Nesta linha, é com “satisfação que hoje temos convidados e palestrantes que partilham connosco aquilo que é os estado da arte noutras latitudes”, acrescenta.

A ocasião serviu também para o presidente da Comissão Científica das 11JTIR relembrar a trajetória gloriosa que se tem feito desde 1996 “quando começamos a eliminar as nossas lixeiras”, o destino final dos resíduos de Norte a Sul na altura. “O nosso conhecimento técnico e científico era muito limitado e reduzido”, recorda, acrescentando que as pessoas que estavam presentes nas jornadas “desejavam aprender mais e a participar menos”. Hoje em dia, “felizmente, é muitas vezes na plateia que estão os melhores saberes”, precisa Carlos Martins.

Relativamente às reflexões presentes no evento, o responsável começa por destacar a Economia Circular como sendo um “desafio societário” nos próximos tempos. “Não podemos continuar com o nosso modelo quer de produção quer de consumo”, alerta, acrescentando que cada cidadão é um “ator relevante”, colocando as “oportunidades do lado das empresas”. Já sobre os Biorresíduos na componente dos resíduos urbanos, Carlos Martins considera que se “esperam significativas mudanças em relação aos modelos adotados há 25 anos”. Essas mudanças são esperadas pela mobilização dos cidadãos nas suas casas e nas oportunidades que se colocam do ponto de vista da Economia Circular, sendo necessário “repensar as recolhas e a reposição”, desde a “escala mais micro às infraestruturas”, garantindo assim as “metas ambiciosas que a União Europeia coloca”. A questão do Licenciamento, é avaliado como uma “etapa importante” para atingir os objetivos: “Não podemos esperar tanto para um licenciamento”, assim como “não podemos contar sem nenhuma flexibilidade daquilo que é o estudo da nossa legislação” porque, assim, só “encontramos desafios sem oportunidades”. Por fim, a Avaliação dos Modelos para a Tara Retornável é um tema no qual hoje “atingimos um patamar de estagnação” daquilo que foi uma trajetória de sucesso. “Estamos perante um desafio de porta a porta, sobretudo nas embalagens dos produtos ligados às bebidas”, onde “devemos ter como referências a práticas de sucesso noutros países”, destacando o papel fundamental dos cidadãos como “partes interessadas”.

Face à panóplia destes temas, que são, hoje, um desafio em cima da mesa, Carlos Martins espera que todas as reflexões permitam que “saíamos ainda mais enriquecidos”.

“Não podemos fazer como nas décadas passadas”

Já o presidente da APESB Paulo Ramísio destaca os 40 anos da Associação, realçando a presença “serena” mas “efetiva” da entidade nas várias transformações sentidas no país. “Contribuímos para o avanço do setor”, recordando que, “numa primeira área, relacionada com o abastecimento de água potável”, depois na “drenagem de tratamento”, seguido, mais tarde, na “recolha e na valorização dos resíduos”, sendo hoje um “setor particularmente ativo”, acrescenta. Uma das razões apontadas pelos responsáveis na “presença efetiva” deve-se sobretudo à representação que “fazemos nas instituições internacionais”, destaca.

Relativamente aos desafios, Pedro Ramísio é perentório ao afirmar que “não podemos fazer como nas décadas passadas”, ou seja, “entregar as responsabilidade e os objetivos às entidades gestoras”. Para o responsável, o sucesso desta missão depende do “envolvimento pessoal de cada um de nós”, do “envolvimento coletivo em trabalharmos juntos” e, por fim, no “envolvimentos das instituições”. Neste sentido, a APESB está a fazer o seu trabalho de uma forma “séria” e “independente”, ouvindo todos stakeholders do setor, convidando todas as pessoas a participar.  “Só conseguimos fazer todo o trabalho com voluntários”, pelo que “agradeço a todas as partes”, tendo a certeza de que durante estes “quatro dias de eventos, o programa será memorável”, remata.