Julho foi o mês mais quente dos últimos 92 anos, desde 1931, segundo IPMA

O mês de julho de 2022 em Portugal continental classificou-se como extremamente quente em relação à temperatura do ar e muito seco em relação à precipitação. Os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) apontam julho como o mês mais quente dos últimos 92 anos, desde 1931.

Segundo o IPMA, o valor médio da temperatura média do ar foi de 25.14 °C, 2.97 °C acima do valor normal. Já o valor médio da temperatura máxima do ar, de acordo com os mesmo dados foi de 33.16 °C, sendo o segundo mais alto desde 1931 (depois de julho de 2020), com uma anomalia de +4.44 °C: “Os 4 maiores valores da média da temperatura máxima em julho ocorreram depois de 2000: 2010, 2016, 2020 e 2022”. Relativamente ao valor médio da temperatura mínima, o IPMA indica que foi 17.13 °C foi 1.51 °C acima do normal, sendo o quarto valor mais alto desde 1931 (depois de 1989, 1990, 2006).

Durante o mês de julho os valores de temperatura do ar estiveram quase sempre muito acima do valor normal. Os períodos mais quentes ocorreram entre os dias 7 e 17, 20 e 26 e 29 e 31. Destaque para o período de 7 a 17 de julho, excecionalmente quente, onde se destaca:

  • O valor mais elevado da temperatura máxima do ar, 47.0 °C ocorreu na estação do Pinhão, no dia 14, e constitui um novo extremo para o mês de julho, em Portugal Continental;
  • A persistência de valores muito altos da temperatura média do ar superiores a 25 °C, de valores de temperatura máxima superiores a 35°C (dias 8 a 14) e de valores da temperatura mínima superiores a 20 ° C (dias 12 a 14);
  • Dia 13 de julho foi o dia mais quente de 2022 (em Portugal Continental) e o 5º dia mais quente do século XXI;
  • Valores médios da temperatura média (média do território continental) superiores a 25 °C e valores médios da temperatura máxima superiores a 34 °C em 11 dias consecutivos (7 a 17) e superiores a 38°C em três dias consecutivos (40.0°C, 38.7 °C e 38.4 °C, respetivamente 13, 12 e 14 de julho), o que confirma o carácter excecional deste episódio;
  • Foram excedidos os extremos absolutos da temperatura máxima em 28 estações e da temperatura mínima em 21 estações;
  • Entre os dias 7 e 14 de julho foram registados 98 novos recordes de temperatura máxima, com o maior número de recordes absolutos no dia 14 e mensais no dia 13;
  • Ocorrência de uma onda de calor que abrangeu quase todo o território continental, com exceção das regiões do litoral com duração entre 6 e 16 dias.

De referir que este mês de julho extremamente quente contribuiu para que o período de janeiro a julho de 2022 fosse o terceiro mais quente dos últimos 92 anos.

Os 3 períodos janeiro- julho mais quentes:

  • janeiro – julho 2020: temperatura média, 15.96 °C, + 1.51 °C/normal
  • janeiro – julho 2017: temperatura média, 15.90 °C, + 1.44 °C/normal
  • janeiro – julho 2022: temperatura média, 15.85 °C, + 1.40 °C/normal

Em relação à precipitação, o mês de julho foi o quarto mais seco desde 2000. O total de precipitação neste mês, 3.0 mm, corresponde apenas a cerca de 22 % do valor normal, referem os mesmos dados, divulgados pelo IPMA.

A conjugação da persistência de valores de precipitação muito inferiores ao normal e de valores de temperatura muito acima do normal, em particular da temperatura máxima, teve como consequência a ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo.

No final do mês de julho verificou-se, em relação ao final de junho, uma “diminuição significativa dos valores de percentagem de água no solo em todo o território”, que foram mais significativas nas regiões Centro e Sul. Destaca-se o aumento da área com valores inferiores a 10% e iguais ao ponto de emurchecimento permanente.

De acordo com o índice PDSI, a 31 de julho todo o país está em situação de seca meteorológica, verificando uma aumento da área na classe de seca extrema. No final de julho 55% do território está na classe de seca severa e 45% na classe de seca extrema.