“Legislação e enquadramento regulamentar” são o maior entrave no desenvolvimento da circularidade das empresas

Há um conjunto de barreiras que têm impacto no desenvolvimento da circularidade nas organizações. A legislação e o enquadramento regulamentar são, para as empresas, o maior entrave, com destaque para a complexidade, processos difíceis e demorados na desclassificação de resíduos. Esta é uma das conclusões de um inquérito, encomendado pela CIP (Confederação Empresarial de Portugal), à EY-Parthenon.

Incluído no Projeto E+C (Economia Mais Circular), os resultados do inquérito foram revelados esta quarta-feira, 23 de fevereiro, na Conferência Economia Mais Circular, promovida pela CIP .

De acordo com Miguel Cardoso Pinto, Partner da EY-Parthenon, as “barreiras económicas e financeiras” são também uma limitação para as empresas, nomeadamente, a “forte necessidade de investimentos a longo-prazo” e a “adoção de processos de gestão e planeamento mais dispendiosos”. A esta barreira acresce aspetos técnicos, como a “necessidade de adoção de tecnologias específicas” e “um maior know-how tecnológico associado a estas tecnologias”, exemplifica. Na maior parte destes entraves, o setor do imobiliário e da construção são os mais sensíveis aos temas.

As entidades inquiridas apontam a “falta de respostas da rede de fornecedores”, de “apoio ou recursos”, a “conjuntura económica”, os “impactos da pandemia” e o “custo das soluções que existem” como outros potenciais problemas ao desenvolvimento da circularidade.

O inquérito que obteve um total de 202 respostas de empresas de diversos setores – 25% relativas às grandes empresas e 76% às pequenas e médias empresas – revela ainda que a “cultura” é também um entrave: “Existe pouco conhecimento sobre o conceito de economia circular e resistência dos principais executivos à mudança e ao fazer-se de forma diferente”, destaca o responsável.

O Projeto E+C, lançado há um ano, assenta em três objetivos principais: entender até que ponto é que o tema da circularidade está presente na agenda estratégica das organizações; que iniciativas estão a ser implementadas nas diferentes organizações; discutir e identificar as barreiras que existem à implementação da circularidades nas empresas.

Foi precisamente neste último objetivo que o inquérito se centrou, baseando-se em apurar a “maturidade das empresas” em diferentes dimensões: “estratégia; pessoas e competências; sistemas, processos e infraestruturas; inovação; relação com exterior e envolvente; inputs e outputs circulares de uma empresa”.

Após divulgados os resultados, Miguel Cardoso Pinto não quis deixar de partilhar uma comentário: “Num mundo mais circular, temos de pensar e atuar de forma diferente”.

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