“Logtech” tem um potencial enorme para a evolução sustentável e ecológica dos transportes e logística

Em 2018, os dados publicados pela a AIE – Agência Internacional da Energia apontavam que o setor do transporte de mercadorias era responsável por cerca de 10% das emissões globais de CO2 a nível mundial. Apesar da pandemia, em 2020, ter causado paragens abruptas no setor, os mesmos dados, mas relativos a novembro de 2021, apontam para uma recuperação rápida do setor. Assim, o aumento das emissões de CO2 que advém dos transportes e da logística é uma tendência que terá que ser combatida, especialmente tendo em conta as metas da descarbonização até 2050. Este foi o ponto de partida para Mariana Jota, Diretora de Estratégia da Vonzu, sublinhar a importância de aliar a tecnologia ao setor dos transportes e logística, tornando-o mais verde.

“Não há como escapar a esta transição”, começa por afirmar a responsável, lembrando que os próprios consumidores também já demonstram a sua preferência e maior procura por marcas e produtos ecológicos em toda a sua linha de produção, pelo que a “logística verde” se tem tornado uma das tendências principais em todo o setor. Além disso, tendo em conta o “aumento de atividade no setor da logística e distribuição nos últimos anos”, sobretudo derivada do “boom no e-commerce e q- commerce”, que traz consigo “maiores emissões de gases poluentes”, a evolução num sentido “mais ecológico” é a única que faz sentido para este ramo de negócio, sustenta.

Questionada sobre como é que este setor pode diminuir tal impacto, Mariana Jota considera que “não há uma resposta única”, mas sim várias: “Os caminhos repartem-se e envolvem um esforço conjunto com vários intervenientes para tal”. Em primeiro lugar, “temos de considerar como podemos reduzir as emissões de carbono emitidas pelos veículos de distribuição, sobretudo de última milha: uma solução neste sentido, apesar do impacto económico inicial para as empresas, poderia passar pelo investimento na renovação das suas frotas comerciais para veículos híbridos ou elétricos”.

A “aceleração na transição digital e evolução tecnológica das plataformas utilizadas” é, no entender da responsável, a aposta, de momento, mais segura para começar esse caminho, sobretudo por “impactar várias frentes” de desperdício e de emissões poluentes: “O software da Vonzu integra na mesma plataforma retalhistas, distribuidores e motoristas, facilitando o controlo de todo o processo de ponta-a-ponta, inclusivamente otimizando as rotas de distribuição por forma a usar o menor número de veículos possível e reduzir ao máximo os quilómetros percorridos – temos um caso de estudo já nesse sentido, que aponta para uma diminuição em 15% nas distâncias realizadas na operação, resultando numa produtividade mais acentuada e num melhor aproveitamento dos seus recursos”. A acrescentar a isto, a plataforma da empresa permite ainda o “contacto em tempo real com o cliente final”, contribuindo para uma  “redução significativa na percentagem de entregas falhadas por ausência”, e consequentemente a “necessidade de segundas e terceiras tentativas de entrega”, o que acabaria por se traduzir em “mais quilómetros percorridos e uma maior poluição”, destaca.

Por fim, a “digitalização de processos manuais”, como sejam a “assinatura de notas de entrega”, através deste tipo de plataformas permite, em grande parte, a “poupança de papel”: “Este recurso é especialmente relevante por ainda ser vastamente utilizado em toda a indústria de logística”, precisa.

[blockquote style=”1″]a necessidade de adaptar as cidades ao setor[/blockquote]

Apesar das soluções, há entraves que dificultam o setor a evoluir numa direção mais ecológica: A principal barreira que se coloca ao setor prende-se com a necessidade de acompanhamento das estruturas e planeamento urbano para responder ao aumento de atividade do setor da logística e de distribuição”. Aqui, uma solução que já começa a ganhar tração é a “implementação de pólos, ou mini-hubs, nos centros urbanos”, bem como a “expansão de pontos de levantamento e entrega mais localizados espalhados pelas cidades”, afirma.

Mariana Jota defende a urgência de serem tomadas posições que considerem a “necessidade de adaptar as cidades ao setor”, para que, assim, se cumpra com objetivos de sustentabilidade e neutralidade carbónica, tanto a nível empresarial como do próprio país:

Um outro obstáculo prende-se com tradicionalismo: “Este é um setor que, regra geral, oferece resistência a mudanças estruturais sobretudo no que toca à adesão a novas tecnologias”. A mensagem da Vonzu é simples: “Ser digital não é um destino, mas sim um caminho a percorrer”.

Desta forma, a empresa que foi criada para dar resposta ao défice de digitalização que existe nas indústrias do retalho, logística e distribuição, defende a importância de se formar parcerias público-privadas: “Acreditamos que esta união de esforços é uma das principais chaves para o impulsionar do setor, tão crucial para o nosso quotidiano e para a indústria no seu todo”. Apesar de existir aspetos a ser “trabalhados a nível nacional”, a empresa defende que a tecnologia aplicada ao setor – logtech, como se denomina – tem um “potencial enorme” para contribuir para uma evolução sustentável e ecológica do mesmo.

A tecnologia da Vonzu fornece um ecossistema digital que une todas as partes envolvidas no processo de logística e distribuição, procurando simplificar e proporcionar uma experiência intuitiva a todos os stakeholders: “Somos da opinião que a descomplicação dos processos é, desde logo, o passo primário que tem que ser tomado nestes negócios para que possam evoluir rumo a um modelo que otimize custos e recursos, beneficiando todos os envolvidos”.