Maioria das baterias recarregáveis em equipamentos não são substituíveis ou reparáveis, alerta estudo 

No momento em que a Europa afirma ser líder na área do clima e da sustentabilidade, a maioria das baterias recarregáveis ​​em equipamentos elétricos e eletrónicos de consumo e em bicicletas e scooters elétricas, não são substituíveis ou reparáveis. Daí resulta a clara redução da vida útil do produto, o aumento da produção de resíduos de equipamento elétrico e eletrónico, o desperdício de materiais raros e o aumento de despesas para os consumidores. Estas são algumas das conclusões de um relatório divulgado esta segunda-feira, 6 de dezembro, pela Federação Europeia de Associações de Ambiente – European Environmental Bureau (EEB) de que a ZERO é membro, a campanha Right to Repair e investigadores da Universidade de Lund.

De acordo com a associação ZERO, as baterias recarregáveis ​​de iões de lítio podem ser encontradas na maioria dos dispositivos de hoje, de smartphones, portáteis e tablets a bicicletas elétricas e scooters, e as estimativas mostram que a procura continuará a crescer na próxima década: “Estima-se que até 2030 haverá um aumento da procura até 60% para baterias em equipamentos elétricos e eletrónicos de consumo e 15% para bicicletas elétricas e scooters.”

De acordo com Chloé Mikolajczak, da campanha Right to Repair, “o tempo de vida médio da bateria desses produtos é de cerca de 3 anos e a maioria dos reparadores com quem conversamos disse que o risco de danificar um dispositivo ao remover a bateria tem aumentado. Tal sugere que um número significativo de dispositivos está a ser transformado em resíduos prematuramente, devido a falhas da bateria.”

Para a ZERO é fundamental garantir que todos os novos telefones e tablets vendidos na União Europeia, em 2030, tenham baterias facilmente removíveis e substituíveis: “Tal pode reduzir as emissões anuais desses dispositivos em 30% em comparação com o normal, reduzir a perda de matérias-primas essenciais como cobalto e índio, e poupar aos consumidores europeus 19,8 mil milhões de euros”.

Além do relatório, uma coligação de reparadores de equipamentos e baterias, recicladores e organização não-governamentais de ambiental (que representam pelo menos 500 organizações), publicou uma declaração conjunta, onde apela à Comissão Europeia para que que tome medidas para tornar as baterias removíveis, substituíveis e reparáveis ​​no âmbito do Regulamento sobre baterias que está em discussão, refere a ZERO, num comunicado.

Segundo Jean-Pierre Schweitzer, diretor de Política de Produto no EEB, “embora existam muitas empresas a trabalhar para substituir, reparar e reciclar baterias de equipamentos como smartphones e bicicletas elétricas, o design do produto e más escolhas de software estão a dificultar cada vez mais estas tarefas. Os fabricantes estão a desperdiçar recursos preciosos e a forçar os consumidores a substituírem os dispositivos antes do necessário. O Conselho Europeu e o Parlamento, que estão a negociar o Regulamento Europeu sobre Baterias, têm o poder e a oportunidade para resolver todas essas questões.”

A Comissão Europeia propôs um “regulamento sobre baterias” que visa abarcar todo o ciclo de vida das baterias, desde a cadeia de abastecimento até ao fim da vida, sendo que o documento está atualmente nas mãos do Parlamento Europeu e do Conselho.

Para Susana Fonseca da Direção da ZERO, “a proposta aborda a capacidade de remoção das baterias, mas ignora questões-chave, como veículos elétricos leves, a disponibilidade de peças sobressalentes e a existência de software que impossibilita a reparação da bateria, algo que tem de ser ultrapassado para assegurar os direitos dos consumidores e ser compatível com uma economia mais circular”.