Marca alentejana “Mainova” coloca sustentabilidade no centro da atividade 

Nasceu em Fátima e com 17 anos foi estudar para Lisboa. O gosto pela comunicação e marketing nunca se perdeu, chegando mesmo a trabalhar na capital durante uns bons tempos. Contudo, o “bichinho” pelas origens levou a melhor e, aos 29 anos, tomou a decisão de regressar. Foi no Alentejo que Bárbara Monteiro decidiu “agarrar” um projeto dos pais, uma propriedade com 200 hectares, para dar uma “nova vida” a uma marca de vinhos e azeite: assim nasceu o “Mainova”. O nome não engana: Bárbara Monteiro é a mais nova de três irmãs e, enquanto rosto da marca, quis aproveitar isso mesmo. A atual produtora da marca “Mainova” abriu as portas da Herdade da Fonte Santa para receber a Ambiente Magazine e a Ambitur. 

Bárbara Monteiro

Para Bárbara, largar a vida em Lisboa foi “uma decisão ponderada que contou com o apoio de toda a família”. A produtora decidiu assim dar uma nova vida a uma marca em que o olival e a vinha são a produção predominante. No entanto, no início, houve algum “receio” por abraçar o projeto: “Era nova e não era da área. O facto de não ter conhecimento e de ter medo de cometer erros foi um desafio”, lembra. No entanto, o desafio converteu-se rapidamente em algo interessante: “O facto de não ser da área permitiu trazer uma visão outsider, algo que se tornou interessante para a marca”, acredita, acrescentando que, ao mudar de vida, queria trazer algo agregado, trazendo “mais e mostrar o que se faz de bom no Alentejo”. A visão vinda de fora ajudaou a tornar a marca uma realidade, com o “Mainova” a entrar oficialmente no mercado em 2020: “Em 2019, demos início à construção da Adega e começamos a produzir os primeiros vinhos”, lembra. 

O “trabalho muito minucioso” vai desde “o campo até ao produto final”: a “Mainova” só trabalha com uvas e azeitonas próprias, mantendo uma equipa que emprega um “esforço diário”, onde cada colaborador desempenha um “papel vital” em cada momento para o resultado final seja um vinho jovem e com um grande potencial para crescer, acrescentando valor à região alentejana. 

A Sustentabilidade está no ADN da “Mainova”

As plantações da vinha e do olival foram feitas há mais de 13 anos na propriedade de 200 hectares, mas já foram realizadas a pensar na sustentabilidade: “Plantamos 90 hectares de olival e 20 de vinha e os restantes mantiveram-se para equilíbrio da fauna e flora”, começa por explicar Bárbara Monteiro, acrescentando ainda a “mini central fotovoltaica”, que serve para assegurar a autossuficiência energética e ainda uma ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais, para tratar as águas residuais de origem doméstica e industrial para utilizar na rega do olival e na vinha. A produtora do “Mainova” quis integrar todos os valores da sustentabilidade e da eficiência na construção da Adega: “Apostamos em janelas que nos permitam ter luz natural, só temos ar condicionado na sala de provas e nos escritórios e a cobertura da Adega está preparada para painéis fotovoltaicos”, exemplifica, acrescentando que a construção da estrutura fez com que a herdade deixasse de ser autossustentável. Assim, está previsto um investimento em painéis solares para a cobertura: “Queremos voltar a ser 100% autosuficientes”, diz. 

O facto da produção do vinho ser feita na Adega é ainda uma mais valia, pois “permite-nos estar envolvidos em todo o processo de produção, como garantir o menor desperdício possível de recursos”, afirma a responsável, destacando que “o nosso processo de produção tem a mínima intervenção humana, respeitando o desenvolvimento natural através do enchimento da cuba e prensa por gravidade, fermentações espontâneas e baixos sulfurosos”.  

Por sua vez, o azeite é produzido num lagar especializado, algo que também “permite estarmos próximos de técnicos”, garantindo uma produção mais responsável e de qualidade: “Por produzirmos Azeite Virgem Extra a frio, para além da obtenção de azeite de melhor qualidade, é possível reduzir o consumo de energia”, refere.

Também nas “práticas” de produção, a “Mainova” aplica o maior cuidado para “haver o mínimo de gastos possíveis”, por forma a “sermos uma marca com valor e amiga do planeta”. As embalagens também não ficam de fora desta equação: “Trabalhamos com os materiais mais sustentáveis sempre que possível e nunca usamos mais que o necessário”, garante Bárbara Monteiro, que explica que uma grande parte das garrafas são de vidro reciclado e recicláveis e os rótulos são de papel reciclado ou têm uma maior percentagem de algodão. Além disso, as caixas são de papel reciclado e recicláveis, sem qualquer utilização de plástico nas tintas. Aliás, as embalagens da “Mainova” são uma demonstração da luta contra o plástico, optando pela fita-cola de papel reciclado, em vez da fita plástica comum, pelo lacre nas garrafas, em vez de cápsulas, e por um “Bag-in-Box” que usa menos 60% de plástico que o típico garrafão de azeite.

O compromisso do setor com a sustentabilidade  

A verdade é que o setor agrícola está a apostar cada vez mais na sustentabilidade. “Há mais oferta e uma maior preocupação por parte dos fornecedores”, reconhece Bárbara Monteiro, sublinhando que os custos que são altos, já estiveram bem mais elevados: “Uma vez que produzimos pouca quantidade, implica, por vezes, custos mais elevados”. No entanto, o que podia ser uma condicionante permitiu à marca tomar certas decisões que em termos de custos também foram benéficas a nível ambiental: “As nossas garrafas são todas iguais e tentamos padronizar o máximo possível para diminuir custos”. 

Um dos objetivos da “Mainova” é manter esta preocupação ambiental, substituindo os materiais por outros mais eficientes sempre que possível: “Faremos sempre essas alterações”, assegura.  

Bárbara Monteiro refere ainda que, em todas as visitas, há sempre uma preocupação de consciencializar os visitantes para questões como a água, um recurso cada vez mais finito: “Tentamos impactar no sentido de dar a conhecer o que é viver aqui (Alentejo) e que só conseguimos dar a provar estes produtos porque há esta racionalidade no uso da água”.

Da Herdade da Fonte Santa, em Évora, no meio do Alentejo, a “Mainova” quer partir para conquistar o mundo.  

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