Mato até seria limpo se lhe dessem valor

Melhor gestão e ordenamento florestal, valorização comercial do mato e instalação de florestas mistas são medidas apontadas por um estudo feito por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, para evitar que Portugal arda todos os verões. Nele conclui-se também que um em cada quatro fogos, a norte do rio Douro, ocorre em áreas ardidas nos últimos dez anos, segundo avança o Jornal de Notícias. José Aranha, do Centro de Investigação e de Tecnologias Ambientais e Biológicas (CITAB) daquela universidade, coordenou um doutoramento que georreferenciou as áreas que ardem recorrentemente e o tipo de uso e ocupação do território. Conclusão: "85% das áreas florestais são privadas, pequenas, com custos de gestão elevados e continuidade espacial dos combustíveis. Há conflitos de interesse entre a gestão da floresta e o uso dos espaços comunitários, nomeadamente para o pastoreio, e a prática muito comum de utilizar o fogo como elemento de limpeza".  O investigador do CITAB defende medidas de prevenção com base na cartografia das áreas ardidas pois a tendência é para "o cenário se agravar no futuro". É que o mato, que cresce mais depressa do que as árvores, não é valorizado em termos comerciais, "será sempre propenso a arder".