Mitigação e adaptação às alterações climáticas são condição necessária, mas não suficiente, alerta ministro

“Não há vacina contra as alterações climáticas”. Esta declaração é de João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, durante o durante o debate, desta quarta-feira, sobre política setorial na Assembleia da República.

O chefe da pasta do Ambiente reforçou a importância de “haver ambiente para lá da área governativa do ambiente”, sublinhando que “não podemos continuar a achar que os objetivos podem ser atingidos sem qualquer esforço do setor privado, do setor público, dos municípios ou dos cidadãos”, lê-se numa nota divulgada no site do Governo.

Ao longo da sua intervenção, Matos Fernandes realçou os “desafios fundamentais relacionados com a poluição e recursos que Portugal terá de atravessar”, pelo que “será necessário tomar opções como a penalização do desperdício material, a proibição da deposição de biorresíduos e recicláveis em aterro e a instituição da sua recolha e valorização dedicada”.

Para Matos Fernandes, “é preciso reconhecer que a mitigação e a adaptação às alterações climáticas são condição necessária, porém não suficiente, para atender aos desafios que hoje enfrentamos: nos resíduos, na produção e consumo sustentável, na escassez de recursos, na cidadania responsável”.

E, apelou o ministro, “é necessário perceber que foram décadas a conceber uma estrutura económica, social, legal, assente num determinado lugar do ambiente: hoje, sabemos que o gráfico da oferta e da procura não flutua no infinito, o círculo do sistema natural limita-o”.

Na nota divulgada no site da Governo, Matos Fernandes diz ainda que “ser Ministro da Ação Climática significa ter a responsabilidade última sobre a mitigação, a adaptação e o sequestro de carbono. A tarefa é pesada, pois reduzir em 85% as emissões até 2050 altera profundamente o nosso modo de vida. Assegurar apenas com métodos de engenharia natural a qualidade das nossas massas de água e o combate ao avanço do mar é uma tarefa ciclópica e sem fim. Transformar a nossa paisagem, combatendo as monoculturas agrícolas ou florestais, vai demorar uma década”.

João Pedro Matos Fernandes disse também que está a ser levado a cabo um “lote de investimentos industriais” para apostar mais em “energias renováveis, em gases renováveis, na descarbonização da indústria, pela fileira do lítio e pela construção e reciclagem de baterias”, diz a nota.