Mobilidade sustentável em Portugal urge mudança profunda de comportamentos

Teve lugar esta terça-feira, dia 2 de julho, o First European Mobility Workshop in Lisbon, sob o tema “Moving towards a sustainable mobility – Building a smart environment and user-friendly integrated mobility system“. Esta iniciativa, coorganizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e pelo IRG-Rail – Grupo Europeu de Reguladores Independentes, foi a primeira do género a decorrer em Portugal e na Europa, conseguindo reunir, num só espaço, vários stakeholders nacionais e internacionais. Este Workshop permitiu um debate único sobre os desafios e oportunidades relacionados com a promoção da mobilidade sustentável na Europa.

Autoridade da Mobilidade e dos Transportes 

O presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, e também presidente do IRG-Rail, presidiu a cerimónia de abertura do First European Mobility Workshop in Lisbon, uma iniciativa que, segundo o mesmo, “serve com uma excelente plataforma para juntar a comunidade do setor dos transportes para discutir tendências e oportunidades, partilhar ideias e melhores práticas, e ainda para desenvolver parcerias que poderão ajudar a moldar o futuro do setor”.

Durante a sua intervenção, João Carvalho assegurou que o tema deste workshop não poderia ser mais oportuno, numa era em que é urgente que governos e entidades de topo se reúnam e discutam, juntos, novas formas de melhorar a gestão da mobilidade sustentável e construindo aqui a base para transformar o futuro da economia.

De acordo com o atual presidente do IRG-Rail, esta iniciativa é o mote para que em Portugal comecemos a dar os primeiros passos no conceito de ‘sharing’ e adquirindo mais conhecimento, através de novas ideias e experiências que consigam fazer do mundo um melhor sítio para se viver. João Carvalho terminou a sua intervenção concluindo que um sistema de transporte eficiente e fiável é a chave para se criar uma melhor cooperação regional e uma maior riqueza entre as nações.

Ministro do Ambiente e da Transição Energética

Para dar início às sessões programadas para este dia, o First European Mobility Workshop in Lisbon contou com a presença do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes. De acordo com o ministro do Ambiente, os portugueses necessitam de mudar o seu comportamento na forma como encaram a mobilidade.

Apesar de, nos últimos quatro anos, Portugal ter assistido a um vasto conjunto de mudanças ambientais, nos vários sectores, a mobilidade continua a ser um dos temas que o ministro do Ambiente defende ser dos mais resistentes à mudança. As grandes mudanças não acontecem em Portugal porque “as pessoas não mudam a forma como olham para a mobilidade”, referiu o ministro durante a sua intervenção, afirmando que a ausência destas mudanças não são somente um “problema de investimentos, mas, principalmente, de comportamentos”.

Segundo João Matos Fernandes, em 2030, um terço da mobilidade em Portugal será elétrica. De acordo com o ministro do Ambiente, “este é um plano ambicioso e uma questão de regulação, onde terá de haver uma maior abertura às novas formas de transporte nas cidades, como é o caso das scooters”. Esta nova dinâmica trará uma “uma grande disrupção com consequências para os reguladores”.

A finalizar o discurso de abertura do First European Mobility Workshop in Lisbon, o ministro do Ambiente e da Transição Energética assegurou que, para haver mudança, os portugueses precisam de olhar — sob uma nova perspetiva — para si próprios e para os seus comportamentos, concluindo que a digitalização é a chave para o fazer.

Secretário de Estado da Mobilidade

Este workshop foi protagonizado por duas grandes sessões. A primeira, da parte da manhã, teve como objetivo debater a questão da “digitalização e os benefícios do consumidor como o coração da intermodalidade e os desafios para a inovação”, contando com uma sólida intervenção do ex-senior advisor TEN-T, José Laranjeira Anselmo. Ainda durante este período, várias empresas como a Siemens Mobility, a IP ou a UNIFE deram o seu contributo, tendo por base o tema da digitalização.

Na sessão da tarde, o evento que decorreu no Teatro Thalia levou a debate o tema da “sustentabilidade e coesão social e ambiental como agentes para a promoção da descarbonização na proteção dos direitos dos passageiros”, iniciado com um discurso de Miguel Gaspar, vereador da mobilidade na Câmara Municipal de Lisboa. Ainda subordinado a esta temática, houve espaço para apresentações de empresas que atuam no setor da mobilidade e dos Transportes, como a EPF, a UITP ou a CP.

Para moderar os painéis de debate que decorreram no final de cada sessão, este primeiro grande evento sobre a mobilidade sustentável, contou com a presença de representantes de Reguladores de referência, como Anne Yvrande-Billon, vice-presidente da Autorité de Regulation des Activités Ferroviaires (França) e Andrea Camanzi, presidente da Autorità di Regolazione dei Trasporti (Itália).

No encerramento da cerimónia, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, lembrou que não há nada permanente à exceção da mudança. Para José Mendes, o setor da mobilidade está em permanente mudança.  Durante o seu discurso de encerramento, o secretário de Estado da Mobilidade afirmou que a procura não vai diminuir. Pelo contrário, até 2050 estima-se que a procura duplique, sendo cada vez mais complexa.

Sobre a mobilidade, José Mendes assegurou que esta “é crucial para a sociedade e para a economia”, lembrando que “nunca nos devemos esquecer que é uma poderosa ferramenta de coesão de oportunidades, gerando emprego, cultura, saúde e educação”. De acordo com o secretário de Estado, mais mobilidade significa mais oportunidades para as pessoas, com mais acesso (de oportunidades), mais impacto (que é necessário reduzir e mitigar) e com direitos para os consumidores (um tema central no sistema da mobilidade).