Movimento Salvar a Ilha reitera que incinerador previsto para São Miguel é desnecessário

O Movimento Salvar a Ilha apelou, esta quinta-feira, ao Governo Regional dos Açores que não prossiga com a construção do novo incinerador previsto para a Ilha de São Miguel. Baseado nos dados mais recentes do Plano Estratégico de Prevenção e Gestão de Resíduos dos Açores (PEPGRA 20+), o movimento cívico considera que não é necessário construir uma nova infraestrutura de incineração de resíduos.

De acordo com o PEPGRA 20+, em 2035, a quantidade de resíduos urbanos produzidos anualmente nos Açores será de 155 mil toneladas, dos quais 100 mil serão reciclados e 18 mil irão para aterros.

Desse total, apenas sobram 37 mil toneladas para incineração, uma quantidade inferior à capacidade atual do incinerador já instalado na ilha Terceira, com capacidade para cerca de 40 mil toneladas por ano.

“O PEPGRA 20+ vem confirmar a tese do Movimento Salvar a Ilha, de que a construção de um novo incinerador na região na ilha de S. Miguel não é necessária”, afirma a Associação ZERO, num comunicado conjunto com as associações ambientalistas Amigos dos Açores, Artac e o núcleo de São Miguel da Quercus.

As associações fazem notar, ainda assim, que estes valores só serão possível “caso sejam cumpridas as metas obrigatórias de preparação para reutilização e reciclagem dos resíduos urbanos, as quais apontam para um valor de 65% em 2035”.

O projeto do novo incinerador prevê uma capacidade máxima de incineração de 89 mil toneladas por ano, pelo que, a concretizar-se, “vai forçosamente ter de ser alimentado com muitos dos resíduos que poderiam ser reciclados”, acredita o Movimento Salvar a Ilha.

É isso que já acontece nos Açores, “onde a taxa de reciclagem tem vindo a diminuir desde que o incinerador entrou em funcionamento”. Mas não só, salienta o Movimento, destacando outras regiões onde situações idênticas ocorrem, como na Madeira, em Lisboa ou no Porto.

O Movimento considera ainda que “a construção deste mega incinerador vai impedir o cumprimento das futuras metas de reciclagem nessa ilha e mesmo em todo o arquipélago”. Essa situação pode ser contornada, contudo, com a ampliação do incinerador já existente na ilha Terceira, que poderá vir a receber “mais 20 mil toneladas de resíduos por ano” caso seja necessário.

O Movimento pondera que essa seja a solução para dar “uma enorme folga até se cumprirem as metas em causa”.

Estes foram os argumentos que as associações pertencentes ao Movimento Salvar a Ilha apresentaram ao Governo Regional dos Açores, apelando a que não avance com o projeto. Sugerem, inclusive, que as verbas sejam transferiram para “outras utilizações muito mais relevantes em termos ambientais”.

Destaca “o investimento em todas as ilhas em medidas de prevenção e reutilização dos resíduos”, “a melhoria da recolha seletiva multimaterial (embalagens e papel) e de biorresíduos (resíduos orgânicos)” e “a instalação de uma unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) na ilha Terceira para aumentar a taxa de reciclagem dessa ilha”.