MSC: “Queremos que mais empresas se juntem à semana #MarParaSempre”

Entre os dias 15 e 21 de novembro, vai decorrer a semana #MarParaSempre. A iniciativa, promovida pela primeira vez em Portugal pelo Marine Stewardship Council (MSC), visa unir empresas e organizações para cuidar do Oceano e da pesca sustentável. À Ambiente Magazine, Laura Rodríguez, diretora do MSC em Portugal e Espanha, destaca o grande objetivo desta iniciativa: “Queremos apoiar e dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pelos principais parceiros do MSC em Portugal a favor de um consumo de pescado sustentável”.

Sob o mote #JuntosNoMesmoBarco, o MSC quer transmitir o compromisso de todos com a preservação dos recursos marinhos: “Em conjunto, pretendemos reforçar a mensagem de que, para transformar a forma como se pesca nos nossos oceanos, é necessário mobilizar toda a cadeia de valor do pescado, incluindo os consumidores, assim como acelerar a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, refere.

O interesse cada vez maior no programa MSC e um número crescente de distribuidores que apostam no programa comprando peixe de origem sustentável devidamente certificado estão na origem desta iniciativa. Aliás, atualmente, há mais de 270 produtos com o selo azul MSC em Portugal: “Acreditamos que este é o momento para mais ativamente sensibilizarmos as pessoas para a importância da pesca sustentável e como podem contribuir para a sua expansão”. Por outro lado, no contexto internacional, vive-se a “década da ação: temos dez anos-chave para cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”. Acresce que a sobrepesca continua a aumentar, “com mais de um terço (34%) das populações de peixes mundiais atualmente sobre-exploradas”, atenta, reforçando a importância de se apelar à união uma alteração de atitudes para combater estes desafios globais: “A urgência não é exclusiva de Portugal, mas no mundo”.

No que às ações diz respeito, Laura Rodríguez revela que, no Dia Nacional do Mar, que se comemora a 16 de novembro, terça-feira, o MSC vai trazer para a mesa o papel de Portugal no mar e a necessidade de consciencialização da sociedade civil. Tendo em conta que o foco é, sobretudo, envolver o consumidor, será desenvolvida uma iniciativa com presença digital: “Os seguidores do MSC vão poder acompanhar vídeos com a intervenção do artista Ôje num barco de pesca enquanto símbolo da importância do mar e um momento gastronómico com o chef Ricardo Luz, considerado o “Cozinheiro do Ano” em 2019, que vai falar da importância de escolhas e atitudes de um consumo sustentável através da confeção de uma receita”. Ao longo da semana, serão ainda realizadas várias ações de sensibilização para a importância de um consumo sustentável de pescado com selo azul MSC.

[blockquote style=”2″]Pescado sustentável implica envolvimento de vários atores[/blockquote]

Fazendo um ponto de situação sobre o estado de Portugal em matérias de pescado sustentável, a diretora do MSC em Portugal e Espanha revela que, entre 2020 e 2021, foram consumidas 17 262 toneladas de peixe e marisco com o Selo Azul do MSC, o que corresponde a um aumento de 27% face a igual período do exercício anterior. “Este crescimento parece refletir o estudo realizado pela GlobeScan, em 2020, no qual 54% dos consumidores portugueses referem já ter tomado alguma medida no último ano para proteger os oceanos e 90% assume estar disponível para tomar medidas no futuro com o mesmo objetivo”. Para Laura Rodríguez, estes números são a prova de que o consumidor está disposto a “privilegiar produtos de origem sustentável” e que “a margem de crescimento é muito grande”, tendo em conta que, “atualmente, só 2 a 3% do pescado consumido per capita conta com a certificação do MSC”.  Já sobre como promover um pescado sustentável no país, a responsável considera que tal implica o envolvimento de vários atores “Os governos são responsáveis por assegurar uma boa gestão das populações de espécies de peixes, assim como por estabelecer mecanismos de controlo eficazes para cumprir esse cumprimento”. Por outro lado, “a cadeia comercial tem de priorizar o aprovisionamento de produtos provenientes de fontes sustentáveis” e, desta forma, “incentivar e apoiar as pescarias que operam seguindo as melhores práticas”, acrescenta. Já os consumidores contribuem estando “atentos aos rótulos das embalagens, exigindo informação sobre o pescado que consomem” e “selecionado pescado proveniente de pesca sustentável”, precisa. A missão do MSC é, primeiramente, “oferecer as ferramentas ao setor da pesca”, por forma a que este possa “monitorizar e demonstrar a sustentabilidade das suas operações”, e à “cadeia comercial”, reconhecendo “os produtos que cumprem com os nossos padrões e que são auditados anualmente”. A missão estende-se aos consumidores que, através do “selo azul, podem reconhecer que o pescado tem origem em pesca sustentável certificado, convidando-o assim a fazer ativamente parte deste movimento sustentável”, afirma. Pela experiência e trabalho de 10 anos em Portugal, Laura Rodríguez constata que os consumidores portugueses parecem estar cada vez mais sensibilizados para o consumo de pescado proveniente da pesca sustentável: “Entendemos que os consumidores desempenham um papel ativo no movimento a favor da pesca sustentável e cada vez mais procuram estar mais informados”. Apesar de não existirem dados concretos sobre o estado das pescarias nacionais face ao padrão de pesca do MSC, a responsável acredita que, cada vez mais, existem oportunidades para, no futuro, se conseguir obter tal informação: “Seria necessário realizar auditorias independentes que fornecessem um panorama quanto ao estado de sustentabilidade dessas pescarias”. Tal pode ser feito através de “avaliações completas para tentar alcançar a certificação”, mas também “usando o padrão de pesca do MSC como ferramenta de diagnóstico”, refere. O MSC está, assim, a trabalhar na implementação de um projeto que possa reunir este tipo de informação em Portugal: “A título de exemplo, contamos já com um projeto semelhante no Mar Mediterrâneo, que tem vindo a recolher informações e dados valiosos sobre o estado da sustentabilidade pesqueira nas regiões espanholas e francesas”.

Quais os desejos para a próxima edição do #MarParaSempre?

“Pretendemos repetir a semana #MARPARASEMPRE no próximo ano. Esperamos que, nessa altura, mais empresas se juntem a nós e que possamos divulgar que existem mais produtos MSC consumidos pelos portugueses, cada vez mais preocupados com a sustentabilidade ambiental, económica e social e mais comprometidos com o Oceano”.

O MSC é uma organização internacional sem fins lucrativos que estabelece padrões globalmente reconhecidos com base científica para a pesca sustentável e identificação dos produtos do mar. O selo azul e o programa de certificação do MSC reconhecem e recompensam as práticas de pesca sustentável, contribuindo para a criação de um mercado de produtos do mar mais sustentável. O programa é voluntário e, até à data, conta com 516 pescarias (446 certificadas, 70 em processo de avaliação completa e 25 suspensas) no mundo, representando cerca de 19% de todas as capturas mundiais da pesca extrativa, demonstrando que a pesca sustentável é possível.