“Na Sociedade Ponto Verde sempre defendemos um ciclo mais transparente em toda a cadeia de valor” dos resíduos urbanos

A abertura do European Packaging Waste Meeting ficou a cargo do chairman da Sociedade Ponto Verde, António Nogueira Leite, que falou sobre o estado atual da reciclagem em Portugal e como este setor é “essencial para cumprir as ambições na economia circular e no que diz respeito a embalagens e à grande cadeia de valor de consumo”.

Atualmente, na União Europeia, 50% do todos os resíduos urbanos são reciclados e compostados, mas ainda cerca de 23% têm como destino os aterros. Por isso, o responsável da SPV arrisca a dizer que Portugal é um dos países que pode não cumprir as metas de reciclagem: “apesar da boa performance das embalagens no nosso país, com exceção do vidro, e do mérito dos portugueses e da SPV e dos parceiros na cadeia de valor, nomeadamente das entidades municipais, não podemos descansar com estes resultados, que não são animadores no contexto global dos resíduos urbanos”.

Por isso há muito a fazer e é “fundamental que os financiadores do sistema de reciclagem das embalagens tenham acesso a toda a informação e opções de gestão destes resíduos, que exista mais transparência nos custos e perceber quanto estamos longe de um sistema otimizado”.

“Na Sociedade Ponto Verde sempre defendemos um ciclo mais transparente em toda a cadeia de valor”

O responsável da entidade defende ainda que é preciso mais transformação, mais inovação e, essencialmente, mais ambição, além de um sistema que crie valor, que estimule negócios, que incentive a academia e que proporcione emprego qualificado.

Nos últimos anos, a SPV investiu mais de 15 milhões de euros nesta missão, com vários projetos-piloto no terreno, com novos processos, com novas tecnologias e com a digitalização das operações de resíduos, através da plataforma Re-source.

“Os números da reciclagem de embalagens mostram que o nosso país está comprometido com a reciclagem, mas são necessárias mais ferramentas e apresentar um melhor serviço para os vários fluxos de resíduos urbanos, investindo na qualidade dos mesmos, conquistando a confiança dos cidadãos e aumentando significativamente o seu índice de satisfação com a reciclagem, nomeadamente das embalagens”, afirmou ainda o chairman.

E para aqui chegar, António Nogueira Leite apontou os fundos europeus para a sustentabilidade e o plano estratégico para os resíduos urbanos como as duas oportunidades fundamentais para mobilizar as instituições públicas, as empresas e os consumidores, no sentido de colocar Portugal na lista dos nove países da UE que estão num bom caminho nas metas de reciclagem.