“Não nos iludamos com a grande transformação daquilo que pode ser a substituição do recurso água”, alerta ministro

“A água e a sua gestão ganharam relevância muito para além daquilo que é o nosso dia-a-dia. E quanto mais não tivermos que dizer ‘o meu setor é mais importante que os outros’, mais isso quer dizer que o nosso setor é reconhecido pelo conjunto da sociedade´”. A declaração pertence a João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, que encerrou a sessão “A importância da gestão da água em contexto de emergência climática”, organizada pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para assinalar o Dia Nacional da Água.

O ministro do Ambiente não deixou de alertar para a tensão que existe naquele que é um “recurso mais escasso”, um “recurso que tem de ser gerido para toda a espécie” e numa “cada vez maior procura” desse mesmo recurso. E se é um recurso que vai ter cada vez mais “pressão”, a “questão da eficiência” é essencial: “Não nos iludamos com a grande transformação daquilo que pode ser a substituição do recurso água: não é substituível por nada”. E tendo em conta essa impossibilidade, há que “escolher muito bem as utilizações às quais lhe damos prioridades”, ao mesmo tempo que é necessário “fazer uma gestão extraordinária e perniciosa deste recurso”. Tão importante é também perceber que a água é “vida” para o cidadão, mas também para todas as espécies. E num tempo de alterações climáticas, tudo se torna mais complexo: “Vamos ter mesmo um momento de grande tensão na questão do excesso”, alerta.

Relativamente ao facto de, em Portugal, ao contrário do resto da Europa, ter sido um “ano bom” no que aos incêndios e inexistência de cheias diz respeito, o ministro do Ambiente levanta uma dúvida: “Foi só sorte? Não sei. Mas, aquilo que devemos extrair dessa sorte é mostrar aos concidadãos que estamos a trabalhar e que é possível gerir”. Ou seja: “Estes fenómenos têm uma capacidade de gestão que é importante”, alerta.

Já sobre o próximo ano, Matos Fernandes espera que seja o “Ano da Natureza”, reconhecendo que “a questão da conservação foi a menos evidente naquilo que foi a projeção” das preocupações: “Mas dizer que é o ‘Ano da Natureza’ é um erro. Não há ‘Ano da Natureza’ sem a água.” Por isso, este é um desafio que o ministro do Ambiente deixou, igualmente, à APA: “Trabalhem connosco para um ano que pode ser o da conservação da natureza”.

Tratando-se de uma área de “forte tensão”, o governante reiterou pela importância de se trabalhar com “todos os agentes dos territórios” e com as “autarquias”, partilhando uma garantia: “Temos de acreditar que nunca a água vai perder relevância naquilo que a ação política do Ministério do Ambiente”.