Navigator: Transição para a bioeconomia circular exige florestas plantadas

“Obter materiais, energia e produtos a partir de recursos biológicos renováveis será o novo normal: o clima reclama e a natureza exige”. Foi com esta declaração que António Redondo, CEO da The Navigator Company, afirmou que a empresa já integra este “novo normal” há 70 anos: “Aqui, em Aveiro, obtemos materiais, energia e produtos a partir dos recursos biológicos renováveis. Estamos a falar de recursos biológicos que, para nós, têm origem nas florestas, mas que também se podem originar noutras plantas, nos animais e nos microrganismos, com potencial para produzir, de forma sustentável, energia, materiais e alimentos”.

O CEO da Navigator, que falava esta segunda-feira, 7 de novembro, na sessão de encerramento da 14ª Edição do Fórum de Sustentabilidade, lembrou que a “nova bioeconomia circular” tem como base “materiais e produtos renováveis, recicláveis e biodegradáveis, favorável para a natureza e neutra para o clima”, por oposição à “economia linear e fóssil, baseada em recursos finitos, hostil para o clima, e por isso sem futuro”. E neste âmbito, António Redondo considera que as atividades económicas são o “motor da transição” para uma economia favorável para o ambiente e benéfica para as pessoas: “Ao assumir no nosso Propósito Corporativo que são as pessoas, a sua qualidade de vida e o futuro do planeta que nos inspiram e nos movem, estamos a assumir esse compromisso de transição”.

É na criação de “Valor com Responsabilidade”, conceito central da Agenda 2030 da Gestão Responsável da Navigator, que se prioriza a prática de soluções que criam valor sustentável competitividade no longo prazo: “Levamos este desafio muito a sério. Em 2021, no âmbito de um programa de inovação, “investigação e desenvolvimento” e de investimento na diversificação do nosso negócio, que batizámos de “From Fossil to Forest”, lançámos uma nova gama de soluções para embalagem centradas na marca ‘gKraft'”, lembra o gestor, considerando que, “ao oferecer uma alternativa que permite a redução do uso de materiais de origem fóssil, como o plástico, substituindo-os por materiais de base renovável e sustentável a partir da floresta, estamos a viver o nosso Propósito e a executar a nossa estratégia de criação de valor com responsabilidade”.

Subordinado ao tema “Bioeconomia: o Caminho para um Futuro Sustentável”, o Fórum da Navigator, enquanto momento de partilha, serviu para demonstrar que a empresa se encontra a analisar e a aprofundar vários projetos inovadores na área dos biocombustíveis, do hidrogénio verde e dos biocompósitos: “A abrangência do nosso programa ‘From Fossil to Forest’, que vai muito além dos produtos de embalagens que já estamos a comercializar, está bem patente na gama alargada de novos bioprodutos que temos em desenvolvimento, como os papéis de embalagem com propriedade de barreira a águas, oleiros e frituras, produtos celulose moldada para área alimentar ou sensores em papel para aplicação em embalagens inteligentes”. Estes produtos, de origem “renovável, reciclável, biodegradável ou de compostagem”, permitem “substituir gradualmente os plásticos de uso único que tem origem fóssil”, contribuindo assim para uma “sociedade mais descarbonizada assente em padrões de consumo mais sustentáveis”, afirma o empresário, acrescentando que “os trabalhos têm uma âncora sólida na vertente de investigação, desenvolvimento e inovação desenvolvida no Instituto RAIZ”.

Reiterando a ideia expressa por Mark Wishnie, keynote speaker no Fórum de Sustentabilidade, em que defendeu que as florestas plantadas são fundamentais para a transição de uma economia linear e fóssil para bioeconomia circular sustentável, baseada em produtos florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis, favorável para a Natureza e neutra para o Clima, António Redondo considera que, em Portugal, a transição não se fará sem a floresta plantada de eucalipto. E, por isso, “protegemos e valorizamos os espaços florestais, contribuindo para que se afirmem como uma fonte de geração de valor social, ambiental e económico para o País”, constatando que “a indústria de base florestal, e em particular, a fileira do eucalipto, ou o setor de pasta e papel, onde Portugal é muito competitivo a nível internacional, tem uma importância central na construção desta nova economia”.

Como notas finais, o CEO da Navigator defende que “o conhecimento científico, as pessoas com talento e qualificações de excelência, aliados à inovação e tecnologia, são condições promissoras para o desenvolvimento futuro de negócios”, bem como para “uma nova constelação de indústrias nacionais que têm como ambição fazer a diferença, ao criar valor económico em harmonia com o Clima e a Natureza”.

A 14ª Edição do Fórum de Sustentabilidade, dedicada à importância da bioeconomia e dos bioprodutos como forma de criar valor sustentável a partir de soluções renováveis presentes na natureza, em alternativa à utilização de recursos de origem fóssil e como resposta no combate às alterações climáticas, decorreu na passada segunda-feira, 7 de novembro, no Centro de Congressos de Aveiro.