Nestlé atua em “várias frentes” no combate às alterações climáticas

Em ano de pandemia provocada pela Covid-19, a Nestlé Portugal encerrou 2020 com um aumento de mais de 4% nas vendas, atingindo os 565 milhões de euros, mais 80 milhões de euros que nos últimos três anos.

Para Paolo Fagnoni, diretor-geral da Nestlé Portugal, os resultados que a subsidiária da empresa suíça conseguiu alcançar, mesmo em tempo de pandemia, são o reflexo do caminho iniciado há quatro anos: “Todos estes resultados não são somente económicos, mas sim, resultado de uma forma diferente de trabalhar e de pensar a organização. São consequência direta da confiança que temos vindo a ganhar e a confirmar junto da sociedade portuguesa”. O diretor-geral da Nestlé Portugal falou na conferência de imprensa, realizada esta quinta-feira.  

Num ano considerado como “trágico” e desafiante, a Nestlé Portugal procurou trabalhar para cumprir três prioridades: “proteger os colaboradores e respetivas famílias, apoiar a sociedade, as comunidades e os parceiros de negócio; assegurar a continuidade dos negócios, garantindo a cadeia alimentar durante os duros meses de confinamento a que todos estivemos sujeitos em 2020; promover a sustentabilidade ambiental das operações e liderar a transformação End-to-End do sistema alimentar (Regenerative Food System). Nesta última, Paolo Fagnoni sublinhou o “papel preciso” da Nestlé, enquanto empresa mundial, que tem a “oportunidade” e o “alcance” para fazer a diferença: “É uma obrigação moral e um imperativo do negócio que, no final do dia, pode ser entendido como uma vantagem competitiva”. Além de que, os “consumidores” estão hoje mais “atentos” e preocupados” com o meio-ambiente: “Na Nestlé  queremos jogar um papel de primeiro nível nesta discussão”, sustenta.

Paolo Fagnoni

Por isso, no combate às alterações climáticas são várias “as frentes” em que a Nestlé Portugal atua: “abastecimento sustentável das matérias-primas; transformação das nossas embalagens, com foco na sua circularidade; logística mais amiga do ambiente; captura de carbono da atmosfera; eficiência ambiental das operações e energias renováveis; transformação de portfólio e inovação”. 

No que diz respeito à área do abastecimento sustentável das matérias-primas e, tendo em conta que, as práticas agrícolas para obtenção de matérias-primas representam mais de 60% das emissões ao longo da cadeia de valor, Paolo Fagnoni destaca a vantagem da empresa conseguir “influenciar, promover e apoiar” práticas de agricultura regenerativa: “Isto é, não utilizar fertilizantes, evitar pesticidas e promover a biodiversidade”. A isto, acresce o combate à desflorestação, seguida da plantação de árvores: “A Nestlé assumiu compromisso de plantar 20 milhões de árvores por ano”, vinca. Ainda nesta área, o diretor-geral destaca o investimento da empresa nas compras locais: “Em 2020, a empresa comprou em Portugal “60% das suas necessidades com um investimento total de 124 milhões de euros, conseguindo no espaço de uma década, reduzir em 53% as nossas emissões de CO2 no transporte por tonelada de produto”.

Em matérias de transformação das embalagens, com foco na sua circularidade, a Nestlé Portugal está “muito focada” nos temas dos plásticos, tendo, por isso, já anunciado um investimento de dois mil milhões de francos suíços para acelerar a disponibilidade de no mercado de plástico reciclado de qualidade alimentar: “Em Portugal, mais de 90% das embalagens estão já prontas a ser recicladas ou reutilizadas”, sublinha. Mas, a reciclabilidade de embalagens está também presente nas “cápsulas de café Nespresso”, que são já recicláveis, podendo ser entregues em mais de 200 pontos de recolha em todo o país: “Temos vindo a trabalhar, no âmbito da Associação Industrial e Comercial do Café (AICC), conjuntamente com toda a indústria de café em cápsula e com as entidade gestoras de resíduos, no sentido de desenvolver soluções tecnológicas que permitam a colocação das cápsulas de café nos ecopontos amarelos, para posterior encaminhamento para reciclagem”, adianta. 

No que se refere à logística mais amiga do ambiente, Paolo Fagnoni afirma que, nos últimos três anos, a distribuição tem merecido a atenção da empresa, no sentido de “melhorar a eficiência ambiental das operações” no que diz respeito aos nossos transportes internacionais e nacionais. No âmbito aos transportes internacional e recorrendo à vantagem de Portugal estar a “liderar a utilização de transportes multimodais”, a empresa identificou a oportunidade de “importar 20% de produtos Nestlé” provenientes de Espanha e Itália, por meio de ferrovia e de transporte marítimo de curta distâncias: “Entregamos já 204 cargas em camiões GPL em 2020 e planeamos aumentar em 30% a utilização destes veículos em 2021”. Em relação às entregas nacionais para o retalho moderno, o diretor-geral da Nestlé Portugal destaca o trabalho que está a ser feito na “redução de viagens com camiões vazios, no aumento da expedição direta de produtos das fábricas aos maiores clientes, e no aumento das percentagens de recolha de produtos diretamente pelo cliente no nosso principal centro de distribuição, localizado em Avanca”. Em 2020, “estas entregas totalizaram já 10% da nossa distribuição nacional”, sublinha, acrescentando que “conseguimos reduzir as nossas emissões em 20% nos últimos três”.

Na eficiência ambiental das operações e energias renováveis, as operações da Nestlé assentam no princípio dos 3 R´s: Reduce (Melhorar a eficiência das nossas linhas), Rethink (Neutralidade carbónica by design) e Replace (Combustíveis provenientes de fontes renováveis.). No “Reduce”, a Nestlé Portugal conseguiu, na última década, reduzir a captação de água necessária às suas operações em 70%, bem como o consumo de energia em 22%, tendo baixado as emissões de CO2 em 39%. Além disso, também neste período, atingiu o objetivo de zero resíduos enviados para aterro. Todas as conquistas foram feitas em contexto de volumes crescentes de produção: “+12% nos últimos três anos. As nossas fábricas em Portugal têm vindo a atrair mais produção e o desenvolvimento de mais marcas”, refere. No “Rethink”, Paolo Fagnoni dá nota que o principal projeto para as fábricas será a instalação de centrais de biomassa; “Este é um exemplo claro de economia circular, onde são utilizados resíduos da produção para reduzir as nossas emissões”. Com este projeto a empresa prevê “reduzir as emissões das operações em mais de 70%”, afirma.  Por fim, no Replace, “a Nestlé tem vindo a aumentar os níveis de utilização de energias de fontes renováveis em todas as estruturas que tem em Portugal, sendo que atualmente 100% da eletricidade comprada é de origem renovável certificada”.

Todas estas ações enquadram-se no chamado “sistema regenerativo”, explica o responsável, destacando que a empresa não se centra “somente” em “minimizar emissões” mas, sim, em “responder a todo o sistema”, transmitindo de forma transparente, “como compramos, como é que as matérias -primas vão participar na cadeia de valor, como transportamos e o que vamos produzir e investir no futuro”.

[blockquote style=”2″]A sustentabilidade tem que estar dentro e na forma como trabalhamos e como fazemos negócio,[/blockquote]

Maria do Rosário Vilhena

 Na área captura de carbono, Maria do Rosário Vilhena, diretora de Recursos Humanos e Serviços da Nestlé Portugal, disse que no âmbito da sustentabilidade grupo, a empresa já anunciou as várias medidas que está a levar cabo para reduzir para metade as suas emissões até 2030 e para atingir as zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2050. Para tal, introduziu um plano de mobilidade que se traduz num investimentoEsta aposta, segundo a responsável, traduz-se num investimento superior a 200 mil euros: “Encorajamos os nossos colaboradores a usar meios alternativos de deslocação e a beneficiar da flexibilidade de trabalho, bem como a promover a substituição da frota de veículos ligeiros por veículos com tecnologia híbrida ou elétrica”. Em 2023 “contamos ter 465 viaturas na nossa frota, todas elas com tecnologia elétrica”, afirma, destacando que, para tal, “temos em todas as unidades da empresa carregadores disponíveis para veículos elétricos que podem ser utilizados pelos nossos colaboradores”.

Esta é uma aposta integrada na “green vision” da Nestlé: “A sustentabilidade tem que estar dentro e na forma como trabalhamos e como fazemos negócio, algo que se refletiu na forma como foi desenhado o novo escritório da empresa”. A obra que foi iniciada em janeiro de 2020 estará agora concluída em junho de 2021: “Privilegiamos a utilização de materiais sustentáveis e vamos ser pioneiros na obtenção de certificações Leed e Well”. Todo o novo espaço será assim desenhado em “função da atividade”, visando promover a “inovação” mas também “antecipar as formas de trabalhar do futuro”, precisa.  

[blockquote style=”2″]Nestlé Portugal tem um papel fundamental enquanto “big player”[/blockquote]

Por fim, na área da transformação de portfólio e inovação, Andreia Vaz, CMI & Inovação da Nestlé Portugal, afirma que são quatro as áreas que mais crescem: saudável, bio, natural e sustentabilidade. Nesta última, a Nestlé Portugal está a testar projetos de “alta complexidade e inovação em Sustentabilidade”, ao nível das matérias-primas: “O objetivo é encontrar, localmente, novas fontes de matérias-primas sustentáveis ​​com empresas portuguesas pioneiras em investigação científica que irão alavancar a nossa missão de atingir a neutralidade carbónica até 2050”. A este nível, afirma Andrei Vaz, a equipa está também a trabalhar, “com mais de 40 entidades portuguesas, em novos modelos de negócio para repensar a utilização do plástico em todo o seu ecossistema”, no âmbito da economia circular.

Para a responsável, Portugal está a tornar-se cada vez mais relevante por ser um mercado com “soluções nascidas da inovação” e por conseguir escalá-las para a Europa e outros mercados: “Acreditamos que a Nestlé Portugal tem um papel fundamental enquanto “big player”, na partilha do seu conhecimento especializado e de primeira classe, impulsionando o crescimento dos pequenos negócios que podem agregar valor ao nosso mercado e dando o seu contributo para o desenvolvimento da economia nacional e das nossas comunidades, reforçando a confiança dos consumidores num ciclo que continuamente se repete, virtuosamente”, sustenta.