Nestlé defende agricultura regenerativa com benefícios para a comunidade e para o agricultor

A Nestlé apresentou, no final do ano passado, o plano para atingir zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa (GEE) até 2050. Para tal, prevê, nos próximos cinco anos, investir 3,2 milhões de francos suíços na promoção da agricultura regenerativa, na obtenção de 100% de eletricidade renovável e no lançamento de mais produtos com melhor pegada ambiental. 

A empresa realizou, esta segunda-feira, uma conferência de imprensa virtual onde deu a conhecer os detalhes das ações específicas a ser implementadas na Europa, Médio Oriente e Norte de África (EMENA) e que são ilustradoras do plano de zero emissões até 2050. 

Marco Settembri, CEO da Zona EMENA da Nestlé, começou por chamar a atenção para o problema das “alterações climáticas”, dizendo que já é “bem conhecido” e que “coloca um grande risco para o futuro da alimentação”, pelo que “a produção alimentar e o seu consumo são a maior fonte de emissão de gases de efeito estufa”. Enquanto, “líder em alimentação e bebidas a nível mundial”, a Nestlé tem de agir: “Queremos e vamos limitar as nossas emissões de gases de efeito estufa a metade até 2030 e atingir as emissões zero em 2050”. Embora, seja uma “meta ambiciosa”, a empresa está confiante: “Temos uma forte ambição de liderar a transformação da cadeia alimentar em direção a sistemas alimentares originais, inclusivos e circulares”, afirma o responsável. Uma vez que, “mais de dois terços das emissões” da Nestlé provém dos “ingredientes agrícolas” que usam, a agricultura é área de “grande foco” da Nestlé. De acordo com Marco Settembri, a empresa abastece direta ou indiretamente, a nível global, 500 mil explorações agrícolas de 4,5 milhões agricultores: “Queremos transformar as práticas de agricultura intensiva numa agricultura realmente visionária com benefício duplo, para a nação mas, também, para o agricultor”. Na prática, a marca vai centrar-se nos “solos saudáveis”, nas “explorações leiteiras zero emissões” e nas “fontes sustentáveis de café e cacau”. De acordo com o responsável, a marca vai investir “1,1 mil milhões de euros a nível global em tudo o que for necessário fazer”, incluindo a “planificação de incentivos aos agricultores e às comunidades para promover a agricultura regenerativa”.

Mas, esta transformação não se faz sozinha: “Precisamos da forte colaboração e parceria ao longo de toda a cadeia alimentar com a concorrência, fornecedores e agricultores, mas também com os decisores políticos”. Para tal, o responsável defende a necessidade de se “apoiar os governos locais ou regionais” e, também, o “Green Deal”, chamando a atenção para a “legislação” nos apoios: “Se continuarmos a dar subsídios para comprar fertilizantes, pesticidas, isso não funciona. Devemos criar um mercado para a Agricultura de carbono porque, na realidade, os agricultores são capazes de armazenar carbono no solo. Isso é um benefício para a sociedade e devemos recompensar os agricultores por isso”. E na Nestlé é esse o princípio que norteia o plano: “Precisamos e queremos uma verdadeira transformação”, sustenta. 

[blockquote style=”2″]20 milhões de árvores por ano a nível mundial até 2030[/blockquote]

O investimento que a Nestlé tem previsto para os cinco anos (3,2 milhões de francos suíços) será canalizado em duas frentes: através da redução das emissões de GEE ao longo de toda a cadeia de produção da Nestlé, e através da implementação de projetos de captação de carbono, nos solos e com a plantação de árvores. Para esta transformação, que será operada também na Nestlé Portugal, o fomento de práticas de agricultura regenerativa é o fator preponderante deste novo paradigma.

Katja Seidenschnur, diretora de Sustentabilidade Nestlé para a Zona EMENA, também quis deixar bem presente a necessidade de se “inverter o rumo” visto que a “perda de biodiversidade ou do solo”, as “condições meteorológicas extremas ou a poluição atmosférica” já são uma realidade. Mas, a verdade é que, atualmente, já existem soluções para combater a problemática, nomeadamente no trabalho de cooperação para com a natureza. E o desafio está precisamente na transição, isto é, “no tempo que demora a mudar de uma agricultura intensiva para um agricultura regenerativa”, refere, destacando ser esse o foco da Nestlé que está a desenvolver um “mecanismo de financiamento para os agricultores”, ajudando-os a fazer uma “melhor transição”. Além da captura de carbono, a metodologia da Nestlé oferece “múltiplos resultados” para os agricultores: “Isto é o que queremos implantar em vários países da Europa. Temos alguns projetos na Suíça e no Reino Unido onde temos vindo a colaborar e a apoiar agricultores em mais de 220 explorações leiteiras. E já obtivemos resultados bastante positivos”. 

Relativamente a outras iniciativas, a Nestlé tem influenciado todos os trabalhadores na implementação de novas práticas como “plantar árvores” ou “melhorar a gestão do estrume e das suas substâncias” através das ações planeadas: “Acreditamos que podemos reduzir as emissões das quintas em mais de 50% já em 2022. Vão ouvir falar mais sobre isto em países como França, Alemanha, Marrocos e Espanhol. E temos a ambição de explorações leiteiras zero emissões”.

No âmbito da desflorestação, o cacau e o café são ingredientes-chave da Nestlé: “Cooperamos há anos com um plano de cacau, através da Nescafé, para apoiar os agricultores na sua subsistência mas também para evitar a desflorestação”. Em 2020, fizeram uma parceria com a Costa do Marfim no âmbito da conservação e restauração da Floresta de Kembali: “Este é um dos últimos pontos de biodiversidade no país. E já fizemos os primeiros progressos sobre como ajudar a proteger esta preciosa floresta”, afirma. Neste âmbito, a empresa vai lançar um “ambicioso plano de reflorestação” que começa em dezembro deste ano e, onde está previsto serem plantadas “20 milhões de árvores por ano a nível mundial até 2030”. 

Em notas finais, Katja Seidenschnur deixa um último desejo: “Gostaríamos de transformar a nossa carteira e utilizar o poder das marcas para mudar os padrões de consumo para alimentos baseados em plantas. Mas, também gostaríamos de reformular os nossos produtos para que as receitas fossem mais amigas do clima”. Este é assim um apelo que se destina, também, aos “clientes, fornecedores e players da indústria” para que se juntem à Nestlé de forma a “colaborar na transformação de todo o sistema alimentar”, sublinha. 

Em Portugal… 

  • Fomentar uma agricultura regenerativa / sustentável

Mais de dois terços das emissões da Nestlé provêm da produção de matérias-primas agrícolas que utiliza e que são obtidas junto dos agricultores portugueses com os quais trabalha. Para combater as emissões provenientes da agricultura, a Nestlé Portugal, em conjunto com os seus fornecedores, vai melhorar a forma como as matérias-primas são produzidas. O objetivo é substituir as práticas agrícolas intensivas por agricultura regenerativa, também ela promotora de solos mais saudáveis.

  • Solos saudáveis

Em Portugal, a Nestlé trabalha com agricultores no Alentejo, para produzir cereais com características específicas (baixos teores de pesticidas) para o fabrico, entre outros, de papas de cereais infantis CERELAC. Esta ligação aos agricultores permite assegurar a qualidade do produto final e promove práticas agrícolas, desde a sementeira até à colheita, mais amigas do ambiente. As especificações técnicas de matérias-primas são trabalhadas de perto com o agricultor desde o momento da compra da semente, passando pela sementeira e até à colheita. A este nível, o grande objetivo é obter 50% das suas principais matérias-primas através de práticas agrícolas mais sustentáveis até 2030.

  • Compra sustentável de cacau e café

O cacau e o café são duas matérias-primas chave que a Nestlé utiliza em muitos dos seus produtos. A empresa não quer que a produção destas matérias-primas esteja ligada à desflorestação, o que contribui fortemente para as emissões de carbono. Até 2025, 100% do cacau e do café que a Nestlé utiliza na sua fábrica do Porto será proveniente de fontes sustentáveis. Para isso está a colaborar com os agricultores para evitar a desflorestação e a lançar um ambicioso plano de reflorestação. A empresa está comprometida a plantar 20 milhões de árvores todos os anos até 2030. Em Portugal, foram já plantadas 1000 árvores e estão previstas mais 1000.

  • Incentivar os consumidores a escolherem produtos mais sustentáveis

A Nestlé em Portugal quer incentivar os consumidores a escolherem produtos mais saudáveis e mais sustentáveis. A empresa acelerou a oferta de alimentos e bebidas à base de plantas, como por exemplo, o SENSATIONAL BURGER de Garden Gourmet que tem uma pegada de carbono 80% inferior à de um hambúrguer de carne de vaca e está classificado com “A” no esquema de informação nutricional Nutri-Score. Para além dos produtos de alimentação flexitariana, a Nestlé Portugal tem já, em algumas das suas categorias de consumo, outros produtos plant-based para toda a família de que são exemplo os alimentos 100% vegetais para bebés, as bebidas vegetais achocolatas e os Lattes vegetais. Todos estes produtos podem ser encontrados pelos consumidores portugueses nos estabelecimentos de retalho.

Algumas das principais marcas da Nestlé à venda em Portugal atingirão em breve a neutralidade carbónica: Garden Gourmet, Nespresso, S.Pellegrino, Perrier, Acqua Panna e Vittel até final de 2022. A avaliação da neutralidade carbónica para as marcas da Nestlé segue as normas internacionais estabelecidas para avaliar o impacto ambiental durante todo o ciclo de vida do produto.

  • Utilizar as embalagens de uma forma circular

Para a Nestlé Portugal reduzir as suas emissões em 50% até 2030 terá também de tornar as suas embalagens mais sustentáveis, o que significa utilizar materiais reciclados e desenvolver embalagens recicláveis e reutilizáveis. Estas soluções ajudarão a alcançar o objetivo estabelecido pela Nestlé de utilizar menos um terço de plástico virgem até 2025, o que será conseguido através de um investimento até 2 mil milhões de euros para acelerar a disponibilidade de plástico reciclado para uso alimentar. Em Portugal, mais de 90% de todas as embalagens são já recicláveis ou reutilizáveis.

  • Repensar a forma como fabricamos

Em Portugal, 100% da eletricidade comprada pela Nestlé é de origem renovável certificada. Esta é a energia usada nas suas fábricas do Porto e de Avanca, no seu Centro de Distribuição em Avanca e na sua sede em Linda-a-Velha. Até 2025, em termos globais, a Nestlé assumiu o compromisso de utilizar eletricidade 100% renovável em todas as suas instalações.