Neutralidade carbónica em Famalicão não implica “radicalizações”, assegura Autarca

A cidade de Famalicão junta-se ao compromisso de Portugal para assumir a neutralidade carbónica até 2050. O anúncio foi feito na passada sexta-feira, 17 de março, por Mário Passos, presidente da Câmara Municipal de Famalicão, e Hélder Pereira, Vereador do Ambiente do Município.

O Roteiro para a Neutralidade Carbónica de Famalicão, apresentado na Praça do Município, em Famalicão, dá a conhecer, numa primeira fase, o estado da arte em matéria ambiental, para que, nos próximos tempos, através do compromisso assumido, seja possível definir qual a estratégia e metas a atingir ao longo dos anos até 2050. Quem o diz é Hélder Pereira que, em declarações à Ambiente Magazine, destaca a vontade e o compromisso que Famalicão tem enquanto Autarquia: “Queremos estar na linha da frente nesta matéria (…) e, enquanto município e responsáveis políticos, temos essa obrigação de dar esse passo de contribuir para melhorar a situação em que estamos”.

Hélder Pereira

Além disso, é de relembrar que a Lei de Bases do Clima prevê, em 2024, a obrigação dos municípios elaborarem um plano de ação climática local: “É do conhecimento público o estado em que o planeta se encontra e, se todos nós não contribuímos para esta mudança de paradigma, significa que não vamos ter futuro”, acrescenta.

No âmbito deste Roteiro para a Neutralidade Carbónica, o Município já criou um equipa multidisciplinar para as alterações climáticas, bem como um Conselho Consultivo para as alterações climáticas com várias instituições, como universidades, associações ambientais, empresas e cidadãos: “Este é um tema que está na ordem do dia e, em Famalicão, já conseguimos criar um fenómeno de agregação em que sempre que definimos um desígnio comum todos ajudam e colaboram para alcançar”, afirma o Vereador do Ambiente.

“Encontrar meios, instrumentos e políticas, por forma a que não hajam grande impactos nas nossas rotinas”

Já nas palavras de Mário Passos, a adesão e o compromisso de todos é o que vai permitir ao Plano estratégico ser “completo, robusto e musculoso” por forma a que “possamos atingir as metas que queremos”. E quanto território industrializado, como é Famalicão, o autarca não tem dúvidas do papel preponderante que as empresas vão ter no sucesso deste Roteiro: “Estiveram aqui empresas muito representativas e estou certo de que vai haver um grande comprometimento para que tais objetivos sejam alcançados”.

Apesar da mudança necessária de paradigma, Mário Passos não pretende radicalizações, defendendo um equilíbrio: “Temos que minimizar os impactos na nossas rotinas de vida e a dificuldade deste plano de ação para as alterações climáticas é encontrar meios, instrumentos e políticas, por forma a que não hajam grande impactos nas nossas rotinas. Caso contrário, haverá resistência e imposições”. Por isso, “temos uma empresa consultora, uma equipa multidisciplinar e o conselho executivo a trabalhar para que a trajetória seja integrada”, assegura.

O facto de Famalicão ser composto por muita indústria faz com que o presidente da Câmara esteja confiante de que não será um problema na prossecução deste Roteiro: “Muitas empresas já estão a preparar-se no sentido da neutralidade, como por exemplo, através da instalação de sistemas fotovoltaicos, sendo este um contributo que vai ser medido para que seja possível saber qual já é o contributo e de tudo aquilo já estão a fazer mais aquele que ainda temos que fazer”. Por isso, “estou certo de que vamos ter boas notícias em breve, quando as empresas se associarem de forma global a este compromisso”, declara.

O facto de Famalicão se associar a este compromisso de Portugal é motivo para Mário Passos se orgulhar, visto que o Município pode servir de exemplo para outros: “ Tivemos aqui outras autarquias a verificar a nossa metodologia e que pode servir para que seja replicada”.