No que à reciclagem do alumínio diz respeito, Portugal tem um longo caminho para percorrer

Autoria: Lusoforma

Estávamos no início dos anos 80 quando, a Lusoforma, deitou mãos à produção e comércio de embalagens descartáveis. O tema não enchia páginas de jornais ou revistas e, muito menos, era abertura de telejornais nos canais de então. No entanto, fruto de uma fogaz passagem pela indústria, muita vontade, uma capacidade de trabalho inesgotável e grande visão dos seus fundadores, foi com naturalidade que a Lusoforma elegeu o alumínio como matéria-prima. E a Lusoforma foi pioneira em Portugal no fabrico de formas descartáveis em alumínio.

E porquê o alumínio?

Com pequenas espessuras, conseguem-se resultados de rigidez consideráveis.

O alumínio pode ser utilizado para cozinhar, vai ao forno, é ideal para congelação, uma vez que não altera as propriedades dos alimentos, e no micro-ondas.

O alumínio é reciclavel infinitamente!

Extraído da Bauxite e, numa primeira abordagem, é certo que implica um custo de energia elevado, no entanto esse custo fica reduzido a 5% quando reciclado. Em termos de sustentabilidade, 70% do alumínio atualmente utilizado foi produzido em anos anteriores. Quando reciclado, e Portugal tem os índices mais baixos da Europa, 16%, as próximas gerações terão maior disponibilidade deste material de eleição.

E é a pensar nas próximas gerações que a Lusoforma assume a responsabilidade de chamar a atenção para a importância do alumínio.

Mas têm que ser dados os passos necessários. E a ação passa, precisamente, por apelar à Sociedade a participar, a organizar-se, a passar uma mensagem credível das ações que tomar e, isso não tem acontecido.

Enquanto responsáveis pela gestão de resíduos, tanto a Sociedade Ponto Verde quer o Novo Verde, a quem pagamos para dar seguimento á recolha e triagem de embalagens a tratar, e, com o passar dos anos pela falta de cumprimento das metas traçadas, caminham agora para um processo de degradação.

Daí a urgência em juntar o setor e criar uma Associação. Pretende-se maior rigor, mais transparência e, claro, atingir a meta europeia de 50% já em 2025.

O alumínio tem valor!

Das conversas com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no sentido de sensibilizar para esta questão, não temos tido grande sucesso. Sentimos preocupação, é certo, mas o feedback é muito pouco e ainda não vislumbrámos qualquer ação.

Todos os anos, a Lusoforma, coloca no mercado mais de 800 toneladas de alumínio.

Alumínio no lixo, não!

Olhando para o contexto europeu, a Lusoforma, reconhece que Portugal cumpre a taxa de reciclagem de metais imposta pela diretiva de gestão de resíduos até 2024.

No entanto e a partir de 2025, a taxa incide separadamente sobre o ferro, onde Portugal tem cumprido e o alumínio, onde é extremamente baixa conforme já referido. Face a esta realidade, tanto cidadãos como entidades oficiais e processadores de alumínio, terão que tomar ações no sentido de não desperdiçar mais alumínio, material de custo ambiental muito baixo quando reciclado.

Enquanto associada da ALUFOIL, Associação Europeia de Produtores de Folha de Alumínio, que inclui players desde a matéria-prima ao produto, a Lusoforma mantém-se informada acerca da realidade de todo o continente. A existência de um Comité de Sustentabilidade onde se partilham informação, as várias visões e o que é feito por cada país é o garante de “estar” no centro da Europa. A título de exemplo e fruto de grande investimento, destaca-se Itália como caso de sucesso: os vários produtores – papel, plástico, vidro, alumínio, … – organizaram-se e criaram uma associação. Atualmente, contam com centrais de triagem totalmente automatizadas que permitem uma eficiente separação de materiais: o plástico é separado por material e cor, bem como o alumínio e ferro, e conseguem taxas de recuperação muito elevadas.

Como nota final, lembrar que o valor do alumínio tem aumentado e, só por isso, é ainda mais premente uma chamada de atenção para a importância da sua reutilização. Alumínio no lixo, não!

*Este artigo foi incluído na edição 97 da Ambiente Magazine