Nova Central Solar Fotovoltaica põe em causa conservação da natureza no Baixo Alentejo, alerta a ZERO

Termina esta segunda-feira, 10 de abril, a consulta pública relativa ao Estudo de Impacte Ambiental (EIA) duma nova central solar fotovoltaica em Ferreira do Alentejo, projeto que incide numa zona de afloramentos rochosos dos Gabros de Beja.

Segundo a ZERO, as características geológicas desta área determinaram heterogeneidade das suas comunidades biológicas, com ênfase particular na flora, mas também enquanto habitat de mamíferos e aves com interesse para a conservação. Nos últimos 20 anos, apesar desta área estar parcialmente fora do perímetro de rega de Alqueva, tem vindo pouco a pouco a ser ocupada por olivais e pomares e por uma primeira central solar fotovoltaica aí instalada recentemente.

Assim, a associação contesta o projeto que incide sobre uma área de 750 hectares, devido ao “elevado desconhecimento que ainda existe sobre a área e a dinâmica das suas espécies” e a espécies ameaçadas que podem ser encontradas nessa zona, como é o caso da Micropus supinus, da Onosma tricerosperma subsp. tricerosperma e da Scorzonera hispanica var crispatula.

A substituição das áreas naturais e seminaturais, agora existentes, constituirá mais um contributo à crescente artificialização da paisagem, havendo possivelmente uma má opção de ordenamento. Além disso, a ZERO alerta para o facto de não terem sido apresentadas alternativas e que “esta área crítica para a conservação deveria ser protegida, contribuindo para o cumprimento da meta de proteção de 30% das áreas terrestres da União Europeia até 2030, definida na Estratégia para a Biodiversidade”. Portugal está atualmente nos 22,4%.

Foi nesse sentido que a associação reuniu a 5 de março de 2021 com o município e com a equipa técnica da empresa responsável pela produção da versão revista do Plano Diretor Municipal (PDM) de Ferreira do Alentejo, alertando para a importância da preservação da área remanescente da serra do Paço.