Nova linha de Metrobus no Porto não terá emissões poluentes

A partir de dezembro de 2023, vai ser possível ir da Boavista à Foz em apenas 15 minutos, numa viagem com zero emissões de poluentes. Este é o objetivo da nova linha de Metrobus, que vai ligar a Avenida da Boavista à Praça do Império, no Porto, cujo concurso Público Internacional de conceção e construção foi lançado esta terça-feira, representando um investimento de 45 milhões de euros, saídos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Ao todo, serão oito quilómetros de linha, que envolverá também a construção de oito novas estações projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, e que vão contribuir para a expansão do Metro do Porto.

Tiago Braga, presidente do Conselho da Administração da Metro Porto, começou por defender que a transformação dos sistemas de mobilidade urbana é um “elemento nuclear” para a persecução das metas de descarbonização, algo que, no setor dos transportes, se fixa na redução de 40% das emissões de CO2 até 2030. Tendo esta meta em mente, é possível imprimir um “novo impulso” para a competitividade de uma cidade e região: “Não é possível uma região ser competitiva quando os seus cidadãos consomem, em média, cerca de 30 minutos por dia nas deslocações diárias”.

A Linha BRT (Bus Rapid Transit) Boavista-Império faz parte do terceiro concurso público que a Metro do Porto lança no âmbito do PRR: “Temos bem noção da importância deste instrumento como parte de uma estratégia integrada para mitigar os efeitos do impacto económico e social da crise provocada pela Covid-19”, afirma o responsável, sublinhando a “relevância” e a necessidade de “responsabilidade da utilização atempada de recursos públicos no contexto da crise e do efeito positivo de alavancagem da economia que estes investimentos terão”. Ainda assim, Tiago Braga deixou clara a ideia de que “estes projetos não resultam de qualquer tentação imediatista de utilização de fundos que estavam disponíveis e que é preciso consumir rapidamente e a todo o custo”: os projetos resultam da “implementação da estratégia de desenvolvimento da terceira fase de expansão” da Rede, designada de “Metro 3.0”. “Este plano e as ações desenvolvidas desde a sua aprovação em fevereiro de 2020, em Gondomar, garantem o grau de maturidade que é necessário para que um projeto desta complexidade prossiga para a fase seguinte da sua concretização”.

Ainda a propósito do objetivo do concurso, Tiago Braga não tem dúvidas de que a solução de BRT – modo de transporte público em canal segregado – vai beneficiar o sistema da mobilidade da cidade do Porto com “um padrão de serviço ao nível da fiabilidade, frequência e cumprimento de horário”, alinhado com os “padrões de serviço dos modos em canal próprio”, como os sistemas de metro. Correspondendo a uma oferta em ponta de “12 veículos por hora em cada sentido”, garantindo uma “frequência de 5 minutos para um tempo de percurso estimado de 15 (minutos)”, o responsável destaca que este modelo de mobilidade eficiente vai garantir uma “solução capaz de escalar a oferta de transporte público já existente” entre a Boavista e a Zona Ocidental do Porto, servindo “polos geradores de procura”, como a Casa da Música, a Fundação Serralves e a Universidade Católica ou zonas com a Bessa ou a Pasteleira. Para o presidente do Conselho da Administração da Metro Porto, a opção por uma solução de BRT, “menos intrusiva, mais adaptável ao contexto e que respeite os espaços”, vai ainda permitir o desenvolvimento de uma “solução base”, que irá garantir a preservação de elementos nucleares do eixo Boavista – Império, criando “Uma oportunidade para afirmar a cidade e a Área Metropolitana do Porto como um pólo de desenvolvimento a partir das mais disruptivas, tecnológicas e solução de transporte em busca de um região mais hipocarbónica, inclusiva, diversificada e eficiente”.

Tiago Braga quis deixar ainda presente que esta não será a “última oportunidade” para potenciar a transformação da região, dando conta que, no âmbito do quadro financeiro plurianual, a Metro do Porto está a “desenvolver estudos que irão suportar a continuidade do plano Metro 3.0”, perspetivando a “expansão da operação a concelhos como Gondomar, Matosinho ou Trofa”.

[blockquote style=”2″]A cidade na sua intermodalidade tem que ter as soluções mais adequadas[/blockquote]

Também Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, mostrou grande satisfação neste projeto, considerando que a médio-prazo representará para a cidade do Porto e para a Metro do Porto “ganhos muito significativos” de atratividade metropolitana. Como parte integrante da rede de transportes públicos, o município do Porte apostará na “criação” e no “desenvolvimento” de um “conjunto de corredores de autocarros de alta qualidade”, que se substanciam em “corredores de frequência elevada” em eixos com “especial apetência para o transporte coletivo”, como é o caso do eixo do Campo Alegre: “Esta opção, é olhar para cidade e perceber que, mais uma vez, a cidade na sua intermodalidade tem que ter as soluções mais adequadas”. E apesar da “pressão das alterações climáticas”, o autarca reforça que tão importante como o “tempo de agir”, é também a “eficiência” e a “intermodalidade”, sendo que a Câmara Municipal do Porto tem feito grandes investimentos nos “modos suaves”, com vista à redução do transporte individual que percorre a cidade: “Não podemos ter uma cidade com esta pressão”.

Por seu turno, Eduardo Pinheiro, secretário de Estado e da Mobilidade, assegura que o investimento da Linha BRT foi “priorizado” em função da existência do PRR: “As dificuldades só nos levaram a tomar as decisões de forma mais rápida”. O dirigente reforçou a importância  dos transportes para a “coesão social” e para “competitividade da economia e das cidades”. E no desafio que o setor da mobilidade tem pela frente, o dirigente atenta que além da importância de haver “mais e melhor transporte” é fundamental que o mesmo seja “acessível”, quer seja no “custo”, quer seja no “acesso”, destacando o sucesso do PART (Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes): “Hoje, ninguém põe em causa este programa”. E apesar da pandemia ter provocado muitas condicionantes, não “ atrasou” a ambição dos projetos: “É preciso continuar a lançar projetos pensados e que sirvam a nossa população”, reitera.

Cronograma BRT Boavista – Império:

  • Lançamento do Concurso – 6 de julho 2021
  • Abertura Propostas – 11 de outubro 2021
  • Consignação – 1 de março 2022
  • Desenvolvimento da Empreitada – 1 de maio 2022
  • Conclusão da Empreitada – 31 de outubro 2023
  • Pré-Operação – outubro e dezembro 2023