Novo paradigma para a energia?

As eleições norte-americanas também podem prometer mudanças a nível da energia. Caso Donald Trump triunfe a economia pode arrefecer, mas o planeta vai aquecer: o candidato não acredita no aquecimento global e garante que vai revitalizar a exploração de carvão nos EUA, alegando que a legislação ambiental levou as empresas do setor energético à bancarrota, segundo noticiou o Sol, este sábado. Enquanto o candidato considera o aquecimento global uma farsa, Hillary Clinton defende uma mudança rápida para as energias renováveis, usando o gás natural como forma de transição para energias mais tradicionais.

Os candidatos estão também divididos em relação ao clima. O Acordo de Paris, tratado internacional que procura regular os efeitos do aquecimento global, ratificado este ano por Obama, deverá ser respeitado por Clinton. Já Trump disse que iria “cancelar” o acordo. O objetivo da sua política é conseguir a independência energética através do aumento da produção de combustíveis fósseis. O candidato republicano defende ainda a generalização da utilização da energia nuclear.

O desenvolvimento do mercado norte-americano de ‘shale gas’ é crucial para fazer corresponder a procura à oferta. A generalização da fraturação hidráulica, ou ‘fraking’, técnica com a qual a água a alta pressão e químicos de mineração são usados para extrair petróleo e gás, permitiu o desenvolvimento da indústria. Só que esta é uma técnica que também divide os candidatos.

Trump propõe acabar com qualquer regulação ou legislação que impeça o desenvolvimento desta tecnologia para mineração. Já Clinton defende a obrigatoriedade de revelar informação sobre os químicos usados no ‘fracking’. O objetivo da candidata é a proteção do meio ambiente.

No entanto, estas políticas só se aplicam à produção energética em terrenos sob alçada do governo federal – 5% a 10% do total dos EUA – pelo que nenhuma das propostas dos candidatos terá um impacto significativo na produção. A maioria dos terrenos a explorar está sob alçada das leis estaduais e estas deverão manter-se.

Já a Lei da Energia Limpa, anunciada em 2015 pela administração Obama, é um assunto diferente. A decisão obrigou os estados a reduzirem as emissões de CO2 das centrais de energia. Perto de 30 estados, incluindo a Virgínia Ocidental, grande produtora de carvão, processaram o governo federal com receio que os regulamentos prejudicassem a industria e a sua economia.

Qualquer um dos candidatos poderá alterar a sua política energética e esta poderá ser definidora para o resto do mundo. Os EUA são um dos principais consumidores de energia mundial e agora também são um dos principais produtores.

A independência energética norte-americana desequilibra o atual ‘status quo’, não só económico, mas também ambiental e de segurança mundial.